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DISCO LANÇAMENTOS
Sinatra inédito é presente que caiu do céu
FERNANDO MORGADO
especial para a Folha
"Franknáticos", atenção: mal
acaba de morrer e o homem já está de volta. Melhor do que nunca,
em nada menos que 36 canções, a
maioria obras-primas, algumas
surpresas e em três CDs inéditos
até hoje no Brasil. É mais do que
um presente, é milagre de Natal.
"Quando aquele cara com a foice grande aparecer e ficar puxando minha manga, vou embora
cantando", Frank Sinatra brincava assim sobre a morte. E ele está
de volta cantando. São três CDs
de 57, 62 e 68, recém-lançados pelo selo americano Artanis (Sinatra
de trás pra frente), tendo como
produtora a filha mais nova, Tina.
Está tudo lá nesses três lançamentos da Trama no Brasil: Sinatra no topo da voz e da inspiração,
alguns dos seus maiores e melhores sucessos, Nelson Riddle nos
arranjos e na orquestra e mais
Sammy Davis, Jr., Dean Martin,
Nancy , Frank Jr. e Tina Sinatra
(pai é pai), o enciclopédico Will
Friedwald nos textos, Kelsey
Grammer (do seriado "Frasier"),
"franknático" desde criancinha,
apresentando um dos CDs, e até
Wally Heider. Wally Heider?!
Isso mesmo, o engenheiro de
som de confiança do cantor que,
em "Sinatra '57 in Concert", um
show memorável, em Seattle, só
faltou gravar pensamento. No começo da faixa "At Long Last Love", de Cole Porter por exemplo,
dá para ouvir, em meio à multidão, Sinatra sapateando. Heider
era o Nelson Riddle do som. Ou o
Sinatra.
Talvez o melhor do lote (uma
temeridade dizer isso diante de
três CDs do cantor), o concerto de
Seattle tem clássicos como "Just
One of those Things", "A Foggy
Day", "The Lady Is a Tramp",
"My Funny Valentine", "One for
My Baby" e uma curiosidade: não
fosse pelo pesquisador brasileiro
Robert Quartin (agradeça a Deus
por mais esse "franknático"), não
existiria o exemplar. A gravação
master do show era dada como
desaparecida, ou perdida, por
mais de 40 anos.
Mas estava no arquivo do brasileiro, que o encontrou num depósito em Los Angeles e o reproduziu, com autorização de Sinatra.
Tina, agradecida e fina mulher de
negócios, pôs, ao lado do seu, o
nome de Quartin nos três CDs como produtor.
Os dois outros exemplares do
lote são também inéditos e igualmente memoráveis. "The Summitt" reúne Frank, Sammy Davis,
Jr. e Dean Martin, cantando, brincando e, nos bastidores, pagando
à Máfia dívida de jogo político,
deixada como herança pela campanha presidencial de John Kennedy. Os três cantam grandes
canções, se divertem, contam piadas e estão mais soltos do que
nunca, uma façanha e tanto, levando-se em conta que estavam
sob os olhares de mafiosos.
O terceiro é "The Sinatra Family
Wish You a Very Merry Christmas", com o pai, o filho e as duas
filhas cantando, juntos ou separados, e desejando a todos um Natal
muito feliz. Como se vê, caiu do
céu para todos, "franknáticos" ou
não, que ainda não escolheram o
presente de fim de ano.
Quando Sinatra morreu, em 98,
o jornalista inglês Mark Steyn escreveu talvez o melhor de todos os
necrológios, entre milhares de
outros. E lembrou: "Ele era o único cantor popular do mundo que
aos 82 anos estava sob contrato
com uma grande gravadora. Sinatra estava no hit parade dos anos
30 e dos anos 90".
Agora, com esses três CDs, o homem ameaça entrar também para
o hit parade 2000.
Avaliação:
Discos: The Sinatra Family Wish You a
Very Merry Christmas, Sinatra '57 in
Concert e The Summit
Artista: Frank Sinatra
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 20, em média, cada CD
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