São Paulo, Sábado, 11 de Dezembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DISCO LANÇAMENTOS
Sinatra inédito é presente que caiu do céu

FERNANDO MORGADO
especial para a Folha

"Franknáticos", atenção: mal acaba de morrer e o homem já está de volta. Melhor do que nunca, em nada menos que 36 canções, a maioria obras-primas, algumas surpresas e em três CDs inéditos até hoje no Brasil. É mais do que um presente, é milagre de Natal.
"Quando aquele cara com a foice grande aparecer e ficar puxando minha manga, vou embora cantando", Frank Sinatra brincava assim sobre a morte. E ele está de volta cantando. São três CDs de 57, 62 e 68, recém-lançados pelo selo americano Artanis (Sinatra de trás pra frente), tendo como produtora a filha mais nova, Tina.
Está tudo lá nesses três lançamentos da Trama no Brasil: Sinatra no topo da voz e da inspiração, alguns dos seus maiores e melhores sucessos, Nelson Riddle nos arranjos e na orquestra e mais Sammy Davis, Jr., Dean Martin, Nancy , Frank Jr. e Tina Sinatra (pai é pai), o enciclopédico Will Friedwald nos textos, Kelsey Grammer (do seriado "Frasier"), "franknático" desde criancinha, apresentando um dos CDs, e até Wally Heider. Wally Heider?!
Isso mesmo, o engenheiro de som de confiança do cantor que, em "Sinatra '57 in Concert", um show memorável, em Seattle, só faltou gravar pensamento. No começo da faixa "At Long Last Love", de Cole Porter por exemplo, dá para ouvir, em meio à multidão, Sinatra sapateando. Heider era o Nelson Riddle do som. Ou o Sinatra.
Talvez o melhor do lote (uma temeridade dizer isso diante de três CDs do cantor), o concerto de Seattle tem clássicos como "Just One of those Things", "A Foggy Day", "The Lady Is a Tramp", "My Funny Valentine", "One for My Baby" e uma curiosidade: não fosse pelo pesquisador brasileiro Robert Quartin (agradeça a Deus por mais esse "franknático"), não existiria o exemplar. A gravação master do show era dada como desaparecida, ou perdida, por mais de 40 anos.
Mas estava no arquivo do brasileiro, que o encontrou num depósito em Los Angeles e o reproduziu, com autorização de Sinatra. Tina, agradecida e fina mulher de negócios, pôs, ao lado do seu, o nome de Quartin nos três CDs como produtor.
Os dois outros exemplares do lote são também inéditos e igualmente memoráveis. "The Summitt" reúne Frank, Sammy Davis, Jr. e Dean Martin, cantando, brincando e, nos bastidores, pagando à Máfia dívida de jogo político, deixada como herança pela campanha presidencial de John Kennedy. Os três cantam grandes canções, se divertem, contam piadas e estão mais soltos do que nunca, uma façanha e tanto, levando-se em conta que estavam sob os olhares de mafiosos.
O terceiro é "The Sinatra Family Wish You a Very Merry Christmas", com o pai, o filho e as duas filhas cantando, juntos ou separados, e desejando a todos um Natal muito feliz. Como se vê, caiu do céu para todos, "franknáticos" ou não, que ainda não escolheram o presente de fim de ano.
Quando Sinatra morreu, em 98, o jornalista inglês Mark Steyn escreveu talvez o melhor de todos os necrológios, entre milhares de outros. E lembrou: "Ele era o único cantor popular do mundo que aos 82 anos estava sob contrato com uma grande gravadora. Sinatra estava no hit parade dos anos 30 e dos anos 90".
Agora, com esses três CDs, o homem ameaça entrar também para o hit parade 2000.


Avaliação:     


Discos: The Sinatra Family Wish You a Very Merry Christmas, Sinatra '57 in Concert e The Summit
Artista: Frank Sinatra
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 20, em média, cada CD


Texto Anterior: Resenha da Semana - Bernardo Carvalho: Nem o sexo salva
Próximo Texto: Festival: Rio tem festa para cena underground
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.