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Comida
Crítica
Com novo chef, cardápio do Terraço Itália ganha tons mais modernos
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
Fundado há 41 anos, o
Terraço Itália tornou-se uma instituição de
São Paulo no mínimo por ser
um mirante da cidade, do alto
do qual se avista o disforme
emaranhado que, não obstante,
agrada a muita gente. Seu fundador foi o italiano Evaristo
Comolatti (já morto) que, na
década de 1960, ao ver as obras
do edifício Itália, decidiu instalar ali um restaurante. A casa
está hoje sob o comando de seu
filho, Sérgio Comolatti, 50, que
dirige o Grupo Comolatti, de
peças automotivas.
Ao longo de sua existência, a
cozinha servida nos amplos salões envidraçados, distribuídos
em dois andares e acrescidos de
um bar, teve altos e baixos, sendo na maior parte do tempo antiquada e modorrenta. Nos últimos 11 anos, nas mãos do chef
Giancarlo Marcheggiani, ganhou qualidade, ainda que se
mantendo em padrões conservadores típicos de um ponto turístico (e com preços para turista endinheirado).
Agora a cozinha sofre nova
mudança. Desde outubro, seu
comando está nas mãos do chef
italiano Samuele Oliva, 34.
Nascido em Padova, trabalhou
no restaurante de sua família
até os 27 anos. Chegou ao Brasil
há quatro, e passou pelas cozinhas do Piselli e do Lucca. Com
sua chegada, o menu ganha alguns tons mais modernos, adota pratos de várias regiões italianas, abre-se um pouco mais
para o Mediterrâneo e se propõe a trabalhar com ingredientes orgânicos.
Oliva tem talento, que já demonstrou em outras casas e
que precisa ser afinado nessa
nova empreitada. Um exemplo
de equívoco está num prato de
massa, fagottini de vieira com
coulis de manjericão -a massa,
que pode ser mais fina e macia,
tem como recheio apenas vieiras pequenas e secas, soltas no
vazio, parcialmente salvas pelo
bom molho de manjericão.
No contraponto, a merluza
negra ao forno sobre escarola e
risoto de limão-siciliano, apesar do preço nos três dígitos, é
um peixe suculento e bem assado, com saborosa verdura cozida (ao risoto, faltou sal). O cardápio tem uma curiosidade
(magret de pato com vinagrete
de chocolate) e um belo prato
que o chef já apresentava no
Lucca -o coelho empanado
servido com tagliatelle no ragu
do próprio coelho. E, entre as
sobremesas, uma leve torta de
figo com creme batido.
josimar@basilico.com.br
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