São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

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Comida

Crítica

Com novo chef, cardápio do Terraço Itália ganha tons mais modernos

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Fundado há 41 anos, o Terraço Itália tornou-se uma instituição de São Paulo no mínimo por ser um mirante da cidade, do alto do qual se avista o disforme emaranhado que, não obstante, agrada a muita gente. Seu fundador foi o italiano Evaristo Comolatti (já morto) que, na década de 1960, ao ver as obras do edifício Itália, decidiu instalar ali um restaurante. A casa está hoje sob o comando de seu filho, Sérgio Comolatti, 50, que dirige o Grupo Comolatti, de peças automotivas.
Ao longo de sua existência, a cozinha servida nos amplos salões envidraçados, distribuídos em dois andares e acrescidos de um bar, teve altos e baixos, sendo na maior parte do tempo antiquada e modorrenta. Nos últimos 11 anos, nas mãos do chef Giancarlo Marcheggiani, ganhou qualidade, ainda que se mantendo em padrões conservadores típicos de um ponto turístico (e com preços para turista endinheirado).
Agora a cozinha sofre nova mudança. Desde outubro, seu comando está nas mãos do chef italiano Samuele Oliva, 34.
Nascido em Padova, trabalhou no restaurante de sua família até os 27 anos. Chegou ao Brasil há quatro, e passou pelas cozinhas do Piselli e do Lucca. Com sua chegada, o menu ganha alguns tons mais modernos, adota pratos de várias regiões italianas, abre-se um pouco mais para o Mediterrâneo e se propõe a trabalhar com ingredientes orgânicos.
Oliva tem talento, que já demonstrou em outras casas e que precisa ser afinado nessa nova empreitada. Um exemplo de equívoco está num prato de massa, fagottini de vieira com coulis de manjericão -a massa, que pode ser mais fina e macia, tem como recheio apenas vieiras pequenas e secas, soltas no vazio, parcialmente salvas pelo bom molho de manjericão.
No contraponto, a merluza negra ao forno sobre escarola e risoto de limão-siciliano, apesar do preço nos três dígitos, é um peixe suculento e bem assado, com saborosa verdura cozida (ao risoto, faltou sal). O cardápio tem uma curiosidade (magret de pato com vinagrete de chocolate) e um belo prato que o chef já apresentava no Lucca -o coelho empanado servido com tagliatelle no ragu do próprio coelho. E, entre as sobremesas, uma leve torta de figo com creme batido.

josimar@basilico.com.br


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