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Comida
Escolha seu chef
Conheça o perfil de chefs que atendem em domicílio e preparam cardápios personalizados e alternativos, com ingredientes sazonais, para este Natal
LUIZA FECAROTTA
DO GUIA DA FOLHA
Munidos de uma maleta de facas, uniforme e ingredientes frescos, os personal chefs se acomodam
em uma cozinha desconhecida para preparar pratos elaborados ao gosto dos fregueses.
No corre-corre do fim de ano, esse serviço personalizado, em domicílio, pode ser uma alternativa
para poupar tempo e esforço (mas não dinheiro),
sem abrir mão do toque intimista que envolve as comemorações natalinas. Com ingredientes sazonais,
o menu pode ser criativo, sem cair na mesmice.
Da Kombi para a cozinha
Em uma Kombi branca, os
chefs Demian Figueiredo, 31,
e Pila Zucca, 30, seguem até o
local de trabalho: a casa de algum cliente. Equipados com
utensílios especiais, como a
mala de facas e o maçarico,
preparam-se na cozinha para
iniciar a produção do "banquete".
Além do bufê Les Amis e do
projeto Les Amis de Portas
Fechadas (quando abrem a
própria casa para servir jantares especiais), a dupla também "invade" casas alheias
em busca da mesma coisa: o
ritual criativo de cozinhar.
Pela primeira vez, estão
com a agenda ocupada para a
ceia de Natal -mas ainda disponíveis para o almoço do dia
25. Para o menu, a idéia é fugir
do convencional: "Devemos
usar ingredientes sazonais,
que são natalinos, como frutas secas, peru, tender ou pernil, mas de uma forma contemporânea, apresentados
em um menu-degustação".
Levados à mesa, para um grupo de no máximo 25 pessoas,
eles explicam detalhes de cada prato, como são feitos e
qual é a forma de comer cada
um deles. "Por exemplo, pode
comer carré com osso com a
mão ou não pode?"
Para que tudo saia nos trinques, no entanto, a dupla visita a casa onde será oferecido o
jantar antes da data planejada, para verificar se é preciso
algum utensílio extra. "Fazemos uma visita técnica, pois a
cozinha não é necessariamente gourmet", conta Demian.
Responsáveis pelas compras e seleção de ingredientes,
os chefs ainda harmonizam o
jantar com vinhos, com o auxílio de um sommelier, que
também fornece as garrafas
-normalmente, são três opções: para entrada, prato principal e sobremesa.
Cardápio de professor
Com uma estrutura reforçada, que, aparentemente, se
assemelha mais à de um bufê,
com equipe de três assistentes, garçons, ajudante de cozinha e lavador de prato, David
Fonte, 37, faz menus especiais para grupos de até 50
pessoas. "Ofereço um cardápio grande e o cliente pode escolher entre os vários tipos de
prato; também posso criar algo personalizado", diz ele.
Fonte faz o serviço completo: compra os ingredientes,
leva utensílios, como facas e
espátulas, e se prepara, assim,
para assumir o fogão. Da casa,
normalmente também utiliza itens como as panelas,
os copos e as louças. "Como o Natal é uma data especial, tem pessoas que
preferem locar louças e eu
também posso indicar lojas especializadas."
Professor há oito anos,
ministra aulas de cozinha
clássica, carnes, aves e peixes no curso de gastronomia da Universidade
Anhembi Morumbi, onde é
docente há dois anos -e
aproveita para colocar sua
técnica em prática quando
encarna o personal chef.
As andanças gastronômicas
Formado em gastronomia
pelo Senac de Águas de São
Pedro, o jovem Gustavo Rigueiral, 23, já passou por cozinhas como a do D.O.M., do La
Vecchia Cucina e do Santo
Grão. Hoje é subchef do Adelaide, um misto de café e restaurante na Vila Madalena.
Em suas poucas horas livres, divide a agenda entre
jantares personalizados, que
prepara para pequenos grupos de até dez pessoas, e seu
blog Chef-à-Porter
(www.chefaporter.wordpress.com), onde relata suas
andanças gastronômicas por
São Paulo, fala sobre ingredientes, receitas e eventos.
Quando assume o papel de
personal chef, Rigueiral atende aos desejos do cliente para
criar o menu. As compras podem ser feitas por ele ou, com
um acréscimo de R$ 100, o
chef acompanha o cliente ao
mercado: "Explico como comprar ingredientes, como escolher um peixe ou uma fruta
corretamente".
Com alguns utensílios específicos, chega à casa do cliente,
acomoda-se na cozinha e prepara tudo fresco. Quem quiser, pode observar o processo
de perto, enquanto o chef comenta as etapas das receitas.
Para entender o prato
Quando morava em Londres, em uma casa de estudantes, Vanessa Tréfois se recusou a comer hambúrguer
por seis meses e começou a
cozinhar informalmente para
os amigos, aos 20 anos. Ao
voltar para o Brasil, trabalhou
por um ano na cozinha mais
temida da cidade: a do chef
Erick Jacquin, em sua Brasserie. "Um dia, ele chamou meu
pai e disse "eu tinha um acordo com você para fazer a sua
filha achar a vida na cozinha
um inferno, mas, além de gostar, ela tem muito talento'",
relembra.
Depois disso, morou na
França, no Japão e na Espanha, onde trabalhou ao lado
de chefs da vanguarda gastronômica mundialmente reconhecidos, como Ferran Adrià,
Juan Arzak, Martín Berasategui e Joan Rocca.
De volta a São Paulo, hoje
Vanessa Tréfois, 31, atende
em domicílio e pode preparar,
pessoalmente, quitutes natalinos sob medida. "Eu tenho
uma condição: todos têm que
ficar sentados à mesa", diz a
chef. Ela só não aceita grupos
maiores do que a capacidade
da mesa de cada casa.
Munida das compras, do
menu personalizado e de panelas e pegadores especiais,
assume o comando.
"A maioria das pessoas me
contrata porque quer entender o prato. Eu falo sobre ingredientes, vinhos, formas de
preparo." Para acompanhar
suas invenções, aproveita a
afinidade com os vinhos, que
herdou de seu pai, o gourmet
Jacques Tréfois, para propor
harmonizações.
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