|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Exposição evidencia influência de Weissmann
Mostra no Tomie Ohtake destaca
esculturas realizadas na década de 50
Nome decisivo da escultura
brasileira, artista morreu em
2005; individual tem 14
peças, incluindo três
trabalhos mais recentes
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele foi professor de Amilcar
de Castro, assinou o "Manifesto Neoconcreto", fez parte do
grupo Frente e sua escultura é
uma grande influência para artistas como Waltercio Caldas e
José Resende. Mesmo assim,
suas exposições não são tão freqüentes e, só agora, três anos
depois de sua morte, é que ele
ganha uma mostra representativa de sua obra.
Franz Weissmann (1911-2005), um dos nomes decisivos da
escultura brasileira, tem 14 peças
em exibição no
Instituto Tomie
Ohtake, em São
Paulo, na mostra
"Franz Weissmann - Experimentação e Lirismo", que é aberta
hoje a convidados,
às 20h.
Com curadoria
do crítico carioca
Marcus Lontra,
ex-diretor do
MAM-RJ (Museu
de Arte Moderna
do Rio de Janeiro), a seleção não é uma retrospectiva, mas um recorte de trabalhos importantes do artista,
em especial os da década de 50,
quando Weissmann estava na
linha de frente da arte construtiva no Brasil.
"Foi naquele período que
Weissmann efetivamente começou a elaborar alguns conceitos centrais de sua obra, como o uso do vazio. Escolhi três
outras esculturas, de 2003, para mostrar o quanto aqueles
trabalhos dos anos 50 dialogam
com força com peças que foram
feitas mais de 50 anos depois",
afirma o curador.
Essas três esculturas selecionadas por Lontra
estão no centro
de uma das salas
expositivas do
instituto, são de
aço inox e estão
lado a lado de trabalhos famosos
de Weissmann,
como as Colunas
Neoconcretas, os
Cubos e os Fios.
"É engraçado
ver como algumas
de suas esculturas
mais recentes parecem pedir um
tamanho maior.
Weissmann quer
mais é que o público passe debaixo delas, participe
espacialmente da
escultura. Por isso, gostava tanto
de sua obra pública em seus últimos anos", conta
o curador.
Alguns dos trabalhos mais célebres de Weissmann podem ser
vistos em espaços
públicos, como na
praça da Sé, no
Memorial da
América Latina e
no jardim do Museu de Arte Brasileira, na Faap, em
São Paulo, e também no Parque da Catacumba,
no Rio de Janeiro.
Com um recorte significativo
da produção do artista nos anos
50, Lontra desenhou uma exposição menos colorida e mais
geométrica. "Mas isso não quer
dizer que ele era partidário de
um racionalismo estanque. Vejo sua obra como filiada a um
modernismo contaminado, ele
usa a precisão das formas e trabalha o vazio com planejamento, mas se deixa influenciar por
outros elementos não-previstos", avalia o curador.
Assim, uma das Torres feitas
pelo artista em 1957 e presente
em "Experimentação e Lirismo" parece derivar de uma Coluna, de 1952, e perder um pouco da sua rigidez. "Um construtivista não deixaria
essa Torre tão
aberta, com esse ar
livre. Suas obras
anteriores se fechavam nelas mesmas, mas a Torre
aponta que Weissmann era sensível
a algo menos planejado e controlado", diz Lontra.
Professor
Austríaco radicado desde 1921 no
Brasil, Weissmann
morou no norte do
Paraná, em São
Paulo, em Belo Horizonte e no Rio, cidade onde passou a
maior parte da sua
vida. Em 1948, começa a dar aulas de desenho e escultura na
Escola do Parque, em BH, para
alunos que se tornariam grandes nomes da arte brasileira,
como Amilcar de Castro (1920-2002), Mary Vieira (1927-2001) e Farnese de Andrade
(1926-1996). Na escola, onde fica até 1956, convive com Guignard (1896-1962), que o chamara para o cargo.
Nos anos 50, começa a ter ligações com a arte construtiva,
influenciado pela "Unidade
Tripartida", escultura do suíço
Max Bill exibida na primeira
edição da Bienal de São Paulo,
em 1951. Na segunda edição do
evento, em 1953, já
apresenta "Cubo
Vazado" -presente
na exposição do Tomie- e, dois anos
depois, faz parte do
grupo Frente, ao lado de nomes como
Ivan Serpa (1923-1973) e Lygia Clark
(1920-1988), que organizará importantes mostras de arte
concreta no Brasil,
como as ocorridas
no MAM paulistano
e no do Rio em 1956
e 1957.
"O interessante é
que ele vai buscar
novos caminhos.
Faz estruturas
"amassadas" nos
anos 60, vai testando mais cores nos
anos 70. E nunca
deixa de experimentar", afirma o
curador.
FRANZ WEISSMANN -
EXPERIMENTAÇÃO
E LIRISMO
Quando: abertura hoje,
às 20h (convidados); de
ter. a dom., das 11h às
20h; até 1º/2/2009
Onde: Instituto Tomie
Ohtake (r. Coropés, 88,
tel. 0/ xx/11/ 2245-1900); livre
Quanto: grátis
Texto Anterior: Comida: Escolha seu chef Próximo Texto: Peças estão em galpões em ramos Índice
|