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"A Governanta" é inglês, frio e úmido
MARCELO RUBENS PAIVA
especial para a Folha
"A Governanta" é um filme bom.
Não é muuuuito bom. É razoável.
Cansa às vezes. Às vezes é engraçado. Às vezes dá sono. A fotografia é
boa. É muuuuito boa. O elenco é
excelente. Muito bom mesmo. A
historinha é que é mais ou menos.
É bacaninha.
Não é o filme do ano, não vai mudar sua vida, não concorre a grandes prêmios, não levará multidões
ao cinema, não
será muito comentado entre
amigos e não
faz mal à saúde.
É aquele filme a que se assiste com as
pontas dos pés
enrijecidos, no
estágio da decisão radical: ir
embora ou ficar para ver a
próxima cena.
Na sessão em
que eu estava,
todos ficaram,
apesar de uma
circulação animada e atípica
de gente que ia
ao banheiro ou
ia fumar, ou ia
respirar, mas
voltava.
É filme inglês. É frio. É
úmido. É estético. É de elenco. É dramático. É arrastado. É certinho. É de
época. É mais ou menos.
Rosina (Minnie Driver, a Fernanda Torres do Reino Unido) é a
filha mais velha de uma família judia de Londres. Os da Silvas são
alegres, religiosos, bonitos. Mas,
"Deus ex machina", o pai, pimba,
morre num assalto.
A miséria passa a rondar o ambiente da família da Silvas. Rosina
muda de nome, Mary Blackchurch, esconde o fato de ser judia
e arruma emprego como governanta em um castelo, ou casarão,
da família Cavendish, da Escócia.
Fora cuidar da sapeca menina Clementina, que mais parece a nova
cria da família Monstro.
Até aí é tudo redondinho no filme. Rosina se sente culpada por
esconder sua verdadeira identidade e religião, esconde o crucifixo
que estava em seu quarto e vive a
tensão de quem fez algo proibido.
E aí começa outra história. O dono da casa é um cientista que procura um fixador para as imagens
reveladas num papel fotográfico.
Ele já conseguiu quase tudo. Mas as
imagens não se
fixam. É claro
que a governanta, ao derrubar sal no
papel casualmente, eureca!,
descobre o que
faltava para a
solução.
O filme tem
muito sofá, cobertor e móveis pesados. E
poses. Muitas
flores. Um dos
temas é a fotografia e sua
descoberta. O
pai fotografa a
governanta,
que fotografa o
pai. A fotografia poderia ser,
como em
"Blow Up", a linha narrativa
do filme. Mas
não é.
Mas, aí, a governanta se envolve
com o pai, rola um sexo, e, aí, chega o filho, que se apaixona por ela,
e tem ainda Clementina, que agora
é amiguinha dela. Então começa
um segundo filme. E é aí que começa a dar sono. Ou dormi mal na
noite anterior?
Filme: A Governanta
Produção: Inglaterra, 1998
Direção: Sandra Goldbacher
Com: Minnie Driver, Tom Wilkinson
Quando: a partir de hoje, nos cines Belas
Artes-Carmen Miranda e SP Market 6
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