São Paulo, sexta, 11 de dezembro de 1998

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Mostra reúne 47 obras de Corbusier

da Sucursal do Rio

A inauguração, hoje, da exposição "Le Corbusier - Rio de Janeiro 1929, 1936", no Centro de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro, é uma oportunidade de o público conhecer uma versão pouco usual da história da arquitetura moderna, na qual a cidade influencia o trabalho do arquiteto tanto quanto é influenciada por ele.
A mostra reúne 47 desenhos originais do arquiteto franco-suíço, considerado um dos mais importantes do século 20, com seguidores como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.
A maioria dos desenhos -38- pertencem à Fundação Le Corbusier de Paris. Os nove restantes fazem parte do acervo do Museu Nacional de Belas-Artes e se referem às conferências realizadas pelo arquiteto durante sua passagem pelo Rio em 1936.
Os desenhos abrangem o período de 1922 até meados da década de 30, fazendo uma incursão pelo trabalho de Le Corbusier antes de conhecer o Rio de Janeiro, durante suas duas visitas à cidade em 1929 e 1936 e após esse período.

Influências
"É uma relação claramente de mão dupla. Le Corbusier influenciou a arquitetura moderna brasileira e ao mesmo tempo repensou seu trabalho após conhecer o Rio de Janeiro", afirma o diretor do Centro de Arquitetura e Urbanismo, Jorge Czajkowski.
Um dos projetos mais conhecidos de Le Corbusier é um ousado desenho urbanístico para o Rio, no qual um único prédio em forma de fita ligaria o centro da cidade até o morro Dois Irmãos (na zona sul).
Na concepção original, que nunca saiu do papel, o edifício-viaduto seria construído sobre pilotis, com uma autopista na cobertura.
O edifício, de 100 metros de altura, com cerca de 20 andares, poderia abrigar uma população de 90 mil pessoas, além de atividades comerciais e de lazer.
O prédio, estreito (aproximadamente da largura do Minhocão, em São Paulo), abrigaria apartamentos dúplex com terraços. Na descrição de Jorge Czajkowski, Le Corbusier quis inserir casas espaçosas na estrutura do edifício, oferecendo qualidade de vida aos moradores.
O diretor do centro afirma que a intenção do arquiteto era de realmente construir esse edifício-viaduto. Um dos seus argumentos a favor do projeto era de que a construção preservaria a paisagem carioca, além de ser economicamente mais barato que as construções tradicionais.
Le Corbusier concebeu o prédio durante sua primeira passagem pelo Brasil, em 1929, e apresentou o projeto em palestra a estudantes.
Na segunda visita ao país, em 1936, a convite do presidente Getúlio Vargas, o arquiteto supervisionou a construção do ministério da Educação e Saúde (no centro do Rio) e da cidade universitária da então Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A exposição ficará aberta ao público a partir de amanhã até o dia 7 de fevereiro, de terça a domingo, das 12h às 19h, na rua São Clemente, 117, em Botafogo.
Na mostra, será vendido o CD-ROM do Projeto do Rio, que contém o edifício-viaduto. Haverá computadores para o público consultar o projeto e passear por ele, como se estivesse sobrevoando-o de helicóptero.
O vice-ministro da Cultura da França, François Parret, estará presente à inauguração da exposição.

Exposição: Le Corbusier - Rio de Janeiro 1929, 1936
Onde: Centro de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (r. São Clemente, 117, Botafogo, tel. 021/503-3137)
Quando: de terça a domingo, das 12h às 19h. Até 7 de fevereiro
Quanto: entrada franca




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