São Paulo, sexta, 11 de dezembro de 1998

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"A Razão Gulosa - Filosofia do Gosto", Michel Onfray (ed. Rocco)

da Redação

O autor introduz o livro com Nietzche. "Conheceríamos os efeitos morais dos alimentos? Existiria uma filosofia da nutrição?" A linguagem é de filósofo francês erudito. Se você não implica com frases assim: "(Os álcoois são)... Mortes domesticadas, trabalho do negativo em proliferação, cristalizações pragmáticas da dialética e principalmente do momento sintético que permite a auto-superação/ conservação -a célebre Aufhebung hegeliana- o análogo da vaidade nas belas artes".
Então, se dá para enfrentar, ultrapassar esses espigões da língua e da filosofia, temos um bom livro, inspirador e questionador.
O autor quer uma filosofia que englobe o corpo e o espírito, e a gastronomia é o lugar privilegiado para que o homem junte os dois.
Para os cozinheiros não filósofos, a tradução seria: quem teve comida de mãe, sentiu cheiro de fogão de lenha, chupou jabuticaba no pé, experimentou um porre de cachaça, esmigalhou pimenta da horta em feijão-grosso pode chegar a se entender como homem, saber onde está a vida, juntar a criança com o adulto e compor um estilo, um modo de ser, de conhecer o essencial.
As teorias são expostas dentro de ensaios muito criativos sobre Dom Pérignon, Grimod de la Reynière, (fundador da crítica gastronômica moderna) Brillat Savarin, Carême. Bem interessante.
(NH)


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