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"A Razão Gulosa - Filosofia do Gosto", Michel Onfray (ed. Rocco)
da Redação
O autor introduz o livro com
Nietzche. "Conheceríamos os efeitos morais dos alimentos? Existiria
uma filosofia da nutrição?" A linguagem é de filósofo francês erudito. Se você não implica com frases
assim: "(Os álcoois são)... Mortes
domesticadas, trabalho do negativo em proliferação, cristalizações
pragmáticas da dialética e principalmente do momento sintético
que permite a auto-superação/
conservação -a célebre Aufhebung hegeliana- o análogo da
vaidade nas belas artes".
Então, se dá para enfrentar, ultrapassar esses espigões da língua e
da filosofia, temos um bom livro,
inspirador e questionador.
O autor quer uma filosofia que
englobe o corpo e o espírito, e a
gastronomia é o lugar privilegiado
para que o homem junte os dois.
Para os cozinheiros não filósofos, a tradução seria: quem teve comida de mãe, sentiu cheiro de fogão de lenha, chupou jabuticaba
no pé, experimentou um porre de
cachaça, esmigalhou pimenta da
horta em feijão-grosso pode chegar a se entender como homem,
saber onde está a vida, juntar a
criança com o adulto e compor um
estilo, um modo de ser, de conhecer o essencial.
As teorias são expostas dentro de
ensaios muito criativos sobre Dom
Pérignon, Grimod de la Reynière,
(fundador da crítica gastronômica
moderna) Brillat Savarin, Carême.
Bem interessante.
(NH)
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