São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 2001

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CINEMA/ESTRÉIA

"Duelo" entre atores garante o charme do filme; roteirista já prepara continuação

De Niro procura homem perfeito para a sua filha



Divulgação
Ben Stiller e Teri Polo, em "Entrando numa Fria", comédia em que ele tenta pedir a mão da namorada; acima, De Niro faz o sogro durão




SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Ele é um diretor de sequências. Jay Roach apareceu no cenário comandando o histérico "Austin Powers". Dois anos depois, saiu com "Austin Powers 2". (No intervalo, dirigiu o inexpressivo "Esquentando o Alasca".) Agora, lança "Entrando numa Fria" e já prepara a continuação.
Roach, 43, não tem exatamente um estilo próprio. Sua marca é respeitar o que quer a estrela principal e principal investidor (Mike Myers em "Austin" e Robert De Niro neste). Teve sorte de pegar sujeitos que sabem das coisas.
De Niro colocou de pé uma comédia excelente, que agradou a crítica americana e juntou US$ 200 milhões até agora. "Entrando numa Fria" conta a história do candidato a genro Greg Focker (Ben Stiller) que vai conhecer os futuros sogros (De Niro e Blythe Danner) num feriado.
O encontro inusitado dos dois atores é o grande charme do filme. Tanto que o roteirista, Jim Herzfeld, já colocou no bolso seu US$ 1,35 milhão para escrever a sequência. No original, o título será "Meet the Parents 2 - Meeting the Fockers". Leia abaixo a entrevista que Roach deu à Folha.

Folha - Além de De Niro ser De Niro, ele também é o produtor de "Entrando numa Fria". Você não ficou intimidado ao dirigi-lo?
Jay Roach -
Não, já estou acostumado. Mike Myers também era o produtor de "Austin Powers". Além disso, Bob é uma pessoa muito educada. Toda vez que ele tinha uma idéia ou pensava numa mudança, vinha me falar em tom de sugestão, não de ordem. E geralmente eram idéias geniais.

Folha - E quando não eram?
Roach -
Sempre eram.

Folha - Ele e Stiller atingem uma química rara, principalmente em comédia. Como você conseguiu?
Roach -
Não tive quase nada a ver. Os dois não se conheciam, mas se tornaram melhores amigos, até onde é possível ser melhor amigo de um cara como Bob.

Folha - Improvisaram muito?
Roach -
O tempo todo. A cena de Ben Stiller mostrando como ordenhava seu gato é toda da cabeça dele. Aliás, toda a sequência do jantar é mais ou menos improviso. A gente só tinha escritas as falas principais, o resto os dois iam duelando. Por várias vezes, tivemos de interromper para que Blythe e Teri (Polo, atriz que faz a namorada) parassem de rir.

Folha - O que mais foi "caco"?
Roach -
O discurso de Ben quase no final, em que ele fica vários minutos falando mal das companhias aéreas, é da cabeça dele. Mas lavou a alma de todos. Quem nunca foi maltratado quando viaja de avião? Quem nunca viajou apertado ou teve a mala perdida?

Folha - Outro boato que circulou durante as filmagens é que De Niro ficou obcecado com o gato que, na história, é dele mesmo.
Roach -
Foi estranho... Muito estranho! (risos) Bob ficava o tempo todo em que as câmeras não estavam ligadas falando com o gato. Os dois brincavam. Muitos dos truques que o animal faz no filme ele próprio ensinou. Tanto que, no final, Bob levou o gato para casa. Minks (o nome do gato) deve aparecer na continuação.

Folha - Alguma das cenas é baseada em experiência própria?
Roach -
Claro que não cheguei a dizer que eu ordenhava um gato para meu sogro, mas a situação de contar uma pequena mentira só para agradar ao velho e a história ir ficando fora de controle aconteceu comigo. Foi horrível. Mas não quebrei o vaso com os restos mortais de ninguém...


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