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CINEMA/ESTRÉIA
"Duelo" entre atores garante o charme do filme; roteirista já prepara continuação
De Niro procura homem perfeito para a sua filha
Divulgação
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Ben Stiller e Teri Polo, em "Entrando numa Fria", comédia em que ele tenta pedir a mão da namorada; acima, De Niro faz o sogro durão |
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Ele é um diretor de sequências.
Jay Roach apareceu no cenário
comandando o histérico "Austin
Powers". Dois anos depois, saiu
com "Austin Powers 2". (No intervalo, dirigiu o inexpressivo
"Esquentando o Alasca".) Agora,
lança "Entrando numa Fria" e já
prepara a continuação.
Roach, 43, não tem exatamente
um estilo próprio. Sua marca é
respeitar o que quer a estrela principal e principal investidor (Mike
Myers em "Austin" e Robert De
Niro neste). Teve sorte de pegar
sujeitos que sabem das coisas.
De Niro colocou de pé uma comédia excelente, que agradou a
crítica americana e juntou US$
200 milhões até agora. "Entrando
numa Fria" conta a história do
candidato a genro Greg Focker
(Ben Stiller) que vai conhecer os
futuros sogros (De Niro e Blythe
Danner) num feriado.
O encontro inusitado dos dois
atores é o grande charme do filme. Tanto que o roteirista, Jim
Herzfeld, já colocou no bolso seu
US$ 1,35 milhão para escrever a
sequência. No original, o título será "Meet the Parents 2 - Meeting
the Fockers". Leia abaixo a entrevista que Roach deu à Folha.
Folha - Além de De Niro ser De Niro, ele também é o produtor de
"Entrando numa Fria". Você não ficou intimidado ao dirigi-lo?
Jay Roach - Não, já estou acostumado. Mike Myers também era o
produtor de "Austin Powers".
Além disso, Bob é uma pessoa
muito educada. Toda vez que ele
tinha uma idéia ou pensava numa
mudança, vinha me falar em tom
de sugestão, não de ordem. E geralmente eram idéias geniais.
Folha - E quando não eram?
Roach - Sempre eram.
Folha - Ele e Stiller atingem uma
química rara, principalmente em
comédia. Como você conseguiu?
Roach - Não tive quase nada a
ver. Os dois não se conheciam,
mas se tornaram melhores amigos, até onde é possível ser melhor
amigo de um cara como Bob.
Folha - Improvisaram muito?
Roach - O tempo todo. A cena de
Ben Stiller mostrando como ordenhava seu gato é toda da cabeça
dele. Aliás, toda a sequência do
jantar é mais ou menos improviso. A gente só tinha escritas as falas principais, o resto os dois iam
duelando. Por várias vezes, tivemos de interromper para que
Blythe e Teri (Polo, atriz que faz a
namorada) parassem de rir.
Folha - O que mais foi "caco"?
Roach - O discurso de Ben quase
no final, em que ele fica vários minutos falando mal das companhias aéreas, é da cabeça dele.
Mas lavou a alma de todos. Quem
nunca foi maltratado quando viaja de avião? Quem nunca viajou
apertado ou teve a mala perdida?
Folha - Outro boato que circulou
durante as filmagens é que De Niro
ficou obcecado com o gato que, na
história, é dele mesmo.
Roach - Foi estranho... Muito estranho! (risos) Bob ficava o tempo
todo em que as câmeras não estavam ligadas falando com o gato.
Os dois brincavam. Muitos dos
truques que o animal faz no filme
ele próprio ensinou. Tanto que,
no final, Bob levou o gato para casa. Minks (o nome do gato) deve
aparecer na continuação.
Folha - Alguma das cenas é baseada em experiência própria?
Roach - Claro que não cheguei a
dizer que eu ordenhava um gato
para meu sogro, mas a situação de
contar uma pequena mentira só
para agradar ao velho e a história
ir ficando fora de controle aconteceu comigo. Foi horrível. Mas não
quebrei o vaso com os restos mortais de ninguém...
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