São Paulo, sábado, 12 de janeiro de 2002

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MÚSICA

Evento que acontece hoje destaca produção cultural feminina

Garotas invadem o palco do Sesc Ipiranga

DIEGO ASSIS
DA REDAÇÃO

Machistas de plantão, preparem-se: durante todo o dia de hoje o Sesc Ipiranga será das mulheres. Batizado de "All Grrls" -na verdade fruto da versão do ano passado no Hangar 110-, o evento terá debates, vídeos e bandas focando a produção cultural feminina, ainda hoje relegada ao obscuro universo "underground".
A barulheira deve começar às 15h30, com uma palestra/discussão encabeçada por Sonia Francine e Nina Lemos, colunistas da Folha. Na sequência serão exibidos dois curtas-metragens de Carolina Pfister, além de um documentário brasuca sobre skate feminino.
Às 19h, têm início os shows. A primeira banda a tocar, Cosmogonia, promete apresentar músicas próprias compostas durante os oito anos de estrada da banda. Punk, suas letras falam sobre a situação da mulher no Brasil, passando por temas como aborto e discriminação social.
Em seguida, sobem ao palco as garotas do Hats, que, especialmente nesse evento, adotam o nome de Ratas e pretendem fazer covers de bandas femininas como L7, Sleater-Kinney e The Donnas.
E, por fim, o Wedding Swingers -que, ao contrário das outras, abriu uma concessãozinha para homens na banda- apresenta sua mistura de rock anos 50 e punk cantada, em inglês, por Debbie Cassano.
Mas afinal, o que é exatamente a "produção cultural feminina"? "No fundo não há diferença, só que as mulheres ganham menos e costumam ter menos visibilidade nos ambientes dominados por homens", desabafa Cassano, que, além de organizar e tocar no evento, escreve fanzines e tem seu próprio selo, Ordinary Records.
"É uma questão numérica: existem poucas bandas de mulheres no total. Talvez porque elas não se imaginem tocando em uma banda, por exemplo. O modelo feminino massificado ainda é ser atriz ou coisa parecida", pondera Soninha, que também já teve banda.
Guerra dos sexos? "A igualdade econômica é muito mais urgente do que ser homem ou mulher. A questão não é queimar sutiã mas se você quer enfrentar a força da gravidade, ou não", diz Cassano.


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