São Paulo, sábado, 12 de janeiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TEATRO

Flávia Pucci estréia na direção com "Histórias pra Ninar Gente Grande"

Expressão dos gestos conduz peça

LUCIANA PAREJA
DA REDAÇÃO

Nem só sobre o palco vive o ator. Flávia Pucci, uma das maiores atrizes teatrais do país, que, entre diversos trabalhos, atuou sob a batuta de Antunes Filho e imortalizou o tio Raul de "Perdoa-me por me Traíres" (95), agora migra para o "backstage".
Ela faz hoje, às 21h, sua estréia na direção com "Histórias pra Ninar Gente Grande", no TBC (SP). Como na construção de seus personagens, para a qual nunca procurou o caminho fácil, arquitetando partituras delicadas para expor o subtexto, Pucci não escolheu um texto pronto, mas o resultado de um processo de pesquisa que vem fazendo há um ano e meio -"embora só conseguíssemos nos encontrar aos fins de semana", explica a diretora- para passar seu recado.
A busca por conseguir expressar o máximo nos menores gestos e com poucas palavras foi o motor de união do grupo. "Partindo do expressionismo, do butô [técnica de teatro corporal japonês" e dos quadros naïfs, fomos compondo diversas imagens. Mas aí eu senti que faltava a palavra, e fizemos uma pesquisa paralela, a última coisa que aconteceu, de onde extraímos o texto", diz Pucci.
Assim surgiu a história do escritor que, em crise criativa, encontra no quarto onde tenta escrever um menino de 16 anos que vai lhe contando uma história e evocando cenas, que se revelam finalmente como a própria história do escritor. O menino é ele mesmo.
Os dois aspectos -a conversa do escritor com o menino e as cenas do passado- se fundem, sem a obrigação de um fazer a apresentação do outro, evoluindo como na memória.
"A peça fala de fluxo de memória e é estruturada nesse sentido", explica a diretora.
Com um cenário que sugere lugares e situações por meio de quatro objetos -uma poltrona, um armário, uma estante e um varal, onde são pendurados diferentes objetos- e figurinos que remetem à simplicidade das composições naïfs, a diretora pretende criar no espectador um reconhecimento da própria história, com a busca do personagem em entender onde foi que se perdeu de seus sonhos. "É uma peça que fala do perdão, do caminho de volta para casa, de forma doce. É um carinho que a pessoa se dá", diz.


HISTÓRIAS PRA NINAR GENTE GRANDE - Concepção e direção: Flávia Pucci. Com: Ademir Antunes, Alexandra Rebecchi e outros. Onde: TBC - sala Arte (r. Major Diogo, 315, Bela Vista, tel. 0/xx/11/3115-4622). Quando: estréia hoje, às 21h; de qui. a sáb., às 21h; e dom., às 20h. Até 3/3. 14 anos. Quanto: R$ 15.


Texto Anterior: Música: Garotas invadem o palco do Sesc Ipiranga
Próximo Texto: "Nau dos Loucos" pensa mundo atual
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.