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TEATRO
Flávia Pucci estréia na direção com "Histórias pra Ninar Gente Grande"
Expressão dos gestos conduz peça
LUCIANA PAREJA
DA REDAÇÃO
Nem só sobre o palco vive o
ator. Flávia Pucci, uma das maiores atrizes teatrais do país, que,
entre diversos trabalhos, atuou
sob a batuta de Antunes Filho e
imortalizou o tio Raul de "Perdoa-me por me Traíres" (95),
agora migra para o "backstage".
Ela faz hoje, às 21h, sua estréia
na direção com "Histórias pra Ninar Gente Grande", no TBC (SP).
Como na construção de seus personagens, para a qual nunca procurou o caminho fácil, arquitetando partituras delicadas para
expor o subtexto, Pucci não escolheu um texto pronto, mas o resultado de um processo de pesquisa que vem fazendo há um ano
e meio -"embora só conseguíssemos nos encontrar aos fins de
semana", explica a diretora- para passar seu recado.
A busca por conseguir expressar o máximo nos menores gestos
e com poucas palavras foi o motor
de união do grupo. "Partindo do
expressionismo, do butô [técnica
de teatro corporal japonês" e dos
quadros naïfs, fomos compondo
diversas imagens. Mas aí eu senti
que faltava a palavra, e fizemos
uma pesquisa paralela, a última
coisa que aconteceu, de onde extraímos o texto", diz Pucci.
Assim surgiu a história do escritor que, em crise criativa, encontra no quarto onde tenta escrever
um menino de 16 anos que vai lhe
contando uma história e evocando cenas, que se revelam finalmente como a própria história do
escritor. O menino é ele mesmo.
Os dois aspectos -a conversa
do escritor com o menino e as cenas do passado- se fundem, sem
a obrigação de um fazer a apresentação do outro, evoluindo como na memória.
"A peça fala de fluxo de memória e é estruturada nesse sentido",
explica a diretora.
Com um cenário que sugere lugares e situações por meio de quatro objetos -uma poltrona, um
armário, uma estante e um varal,
onde são pendurados diferentes
objetos- e figurinos que remetem à simplicidade das composições naïfs, a diretora pretende
criar no espectador um reconhecimento da própria história, com
a busca do personagem em entender onde foi que se perdeu de seus
sonhos. "É uma peça que fala do
perdão, do caminho de volta para
casa, de forma doce. É um carinho
que a pessoa se dá", diz.
HISTÓRIAS PRA NINAR GENTE
GRANDE - Concepção e direção: Flávia
Pucci. Com: Ademir Antunes, Alexandra
Rebecchi e outros. Onde: TBC - sala Arte
(r. Major Diogo, 315, Bela Vista, tel. 0/xx/11/3115-4622). Quando: estréia hoje, às
21h; de qui. a sáb., às 21h; e dom., às 20h.
Até 3/3. 14 anos. Quanto: R$ 15.
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