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"Nau dos Loucos" pensa mundo atual
VALMIR SANTOS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A mitologia em torno da "stultífera navis", expressão latina para
o barco que, no Renascimento
(século 15), recolhia os loucos das
aldeias, mantinha-os trancafiados
e à deriva, como a "purificá-los",
inspira o novo espetáculo da Fraternal Cia. de Artes e Malas-Artes.
Com "A Nau dos Loucos - Stultífera Navis", em cartaz no teatro
Paulo Eiró, em São Paulo, o dramaturgo Luis Alberto de Abreu e
o encenador Ednaldo Freire fecham a trilogia dos heróis universais que têm em comum a perspectiva da comédia popular.
Em suas aventuras, o navegador
Peter Askalander, que viveu no
século 16, encontra o índio Pedro
Lacrau. É a partir da sobrevivência desses representantes de culturas tão distintas que Abreu sugere as entrelinhas. Askalander
(Ali Saleh) e Lacrau (Edgar Campos) empreendem uma saga por
terras desconhecidas, até serem
seduzidos pela nau dos loucos.
"Aproveitamos a mitologia da
"stultífera navis" para refletir sobre
os fundamentos do mundo
atual", diz Abreu, 49. "O europeu
que vai para a América fundar o
seu império não faz mais sentido
quando as conglomerações econômicas se encarregam disso."
A montagem marca a primeira
estréia do projeto distrital da secretaria municipal de Cultura, no
qual seis teatros de bairro são
ocupados por companhias.
A NAU DOS LOUCOS - STULTÍFERA NAVIS. De: Luis Alberto de Abreu.
Direção: Ednaldo Freire. Com: Fraternal
Cia. de Artes e Malas-Artes. Onde: teatro
Paulo Eiró (av. Adolfo Pinheiro, 765,
Santo Amaro, tel. 0/xx/11/5546-0449).
Quando: sex. e sáb., às 20h30; dom., às
19h. Quanto: R$ 10. Até 17/3.
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