São Paulo, sábado, 12 de janeiro de 2002

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"Nau dos Loucos" pensa mundo atual

VALMIR SANTOS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A mitologia em torno da "stultífera navis", expressão latina para o barco que, no Renascimento (século 15), recolhia os loucos das aldeias, mantinha-os trancafiados e à deriva, como a "purificá-los", inspira o novo espetáculo da Fraternal Cia. de Artes e Malas-Artes.
Com "A Nau dos Loucos - Stultífera Navis", em cartaz no teatro Paulo Eiró, em São Paulo, o dramaturgo Luis Alberto de Abreu e o encenador Ednaldo Freire fecham a trilogia dos heróis universais que têm em comum a perspectiva da comédia popular.
Em suas aventuras, o navegador Peter Askalander, que viveu no século 16, encontra o índio Pedro Lacrau. É a partir da sobrevivência desses representantes de culturas tão distintas que Abreu sugere as entrelinhas. Askalander (Ali Saleh) e Lacrau (Edgar Campos) empreendem uma saga por terras desconhecidas, até serem seduzidos pela nau dos loucos.
"Aproveitamos a mitologia da "stultífera navis" para refletir sobre os fundamentos do mundo atual", diz Abreu, 49. "O europeu que vai para a América fundar o seu império não faz mais sentido quando as conglomerações econômicas se encarregam disso."
A montagem marca a primeira estréia do projeto distrital da secretaria municipal de Cultura, no qual seis teatros de bairro são ocupados por companhias.


A NAU DOS LOUCOS - STULTÍFERA NAVIS. De: Luis Alberto de Abreu. Direção: Ednaldo Freire. Com: Fraternal Cia. de Artes e Malas-Artes. Onde: teatro Paulo Eiró (av. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro, tel. 0/xx/11/5546-0449). Quando: sex. e sáb., às 20h30; dom., às 19h. Quanto: R$ 10. Até 17/3.


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