LUCRECIA ZAPPI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Sig Bergamin lançou mais uma receita do Brasil filtrada por fotografias coloridas e pequenas descrições de lugares "típicos" por onde esteve, alguns mais pitorescos que típicos, como Trancoso ou mesmo sua casa em São Paulo.
Em menos de um mês, a edição bilíngue português-inglês de "Adoro o Brasil" vendeu 2.500 exemplares de uma tiragem de 6.000. O livro, com 282 páginas, é o segundo do decorador, uma espécie de continuação do anterior, chamado "Adoro!", ambos lançados pela editora A Girafa.
Nas duas publicações, Bergamin desenvolve uma linguagem autobiográfica, mais nítida no primeiro livro, onde o decorador, natural de Mirassol, no Estado de São Paulo, apresenta sua trajetória de vida entre dicas de decoração e fotos de amigos inseparáveis, incluindo suas duas cachorras, Ásia, uma bull dog francesa, e África, uma labradora, presentes nos dois livros.
Apesar do título "Adoro o Brasil", as pulsantes Ásia e África estão no livro, seja na presença canina, seja nas influências que Bergamin diz ter assimilado, através de viagens ou antiquários elegantes pelo mundo, que o fazem "revalorizar" o Brasil.
"Muitos acham o artesanato brasileiro meio cafona, mas essa é uma visão simplista daqueles que vão à pracinha em Recife comprar tapete. O livro é um roteiro feito para pessoas que seguem dicas de decoração, desde estudantes até profissionais da área", explica o decorador.
Com fundo azul, há um apêndice com endereços que Bergamin sugere, desde uma marcenaria localizada em São Paulo, no bairro da Vila Madalena, até um centro de artesanato instalado em São Luís do Maranhão.
"Continuo achando lindas as lojas da Europa, de Nova York, da Índia, os mercados do Vietnã, o artesanato africano e oriental, mas abri meus olhos e coração para o Brasil", afirma o decorador no primeiro capítulo, intitulado "A Descoberta do Brasil".
A fotografia é a grande ferramenta que Bergamin utiliza para tecer sua visão do universo artesanal brasileiro. As imagens feitas por ele e pelos fotógrafos Rômulo Fialdini e Marcelo Di Francesco são quase todas montadas, mas mantêm um tom de álbum de fotografia "de família".
Segundo o decorador, os 50 álbuns que ele já fez, recheados de colagens de fotos de viagem e de amigos, são um modelo para o livro. "Eu trato meus livros como álbuns de fotografia", afirma.
Mas o principal modelo no livro é Bergamin, entre artesanias e fibras do cerrado. "Eu sou meu próprio garoto-propaganda: não é para me expor, mas as pessoas gostam de ver que eu estava lá", diz o decorador, que completa em março 25 anos de carreira.
Seu próximo projeto editorial, segundo ele, deve ser mais um livro da série "Adoro!", sobre a cidade de São Paulo. "Quero mostrar onde podemos encontrar coisinhas "chip chic". Eu ganhei uma câmera digital que faz 10 milhões de coisas. Adoro idéias."