|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TEATRO
Fondazione Pontedera pretende desenvolver núcleo estável brasileiro com coordenação de Cacá Carvalho e Roberto Bacci
Italianos criam escola de atores em SP
PEDRO IVO DUBRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A influência exercida pelos diretores italianos nos palcos paulistanos nos anos 40 e 50, via Teatro
Brasileiro de Comédia (TBC), terá
ecos no presente a partir de 2004.
A Fondazione Pontedera Teatro, em conjunto com a Secretaria
Municipal da Cultura, o Sesc, a
Funarte e o Istituto Italiano di
Cultura, criará no Brasil a Casa
Laboratório para as Artes do Teatro, espaço destinado à formação
de atores e produtores.
Com um investimento do instituto e da Região de Toscana de
60 mil (cerca de R$ 220 mil) para a
primeira etapa da empreitada, o
projeto ocupará uma das salas do
prédio da Funarte, no bairro de
Campos Elíseos, região central de
São Paulo. Será ali oferecido um
curso gratuito, que terá como objetivo constituir um núcleo brasileiro estável da fundação.
Trata-se do primeiro centro estabelecido pela Pontedera fora de
seu país de origem. O porquê da
escolha do Brasil? Quando questionado, o diretor italiano Roberto Bacci aponta com o dedo o ator
paraense Cacá Carvalho. Ambos
trabalham juntos há 15 anos e dividem a responsabilidade artística pela nova instituição, que conta
ainda com a coordenação de Carla Pollastrelli, Silvia Pasello, Luca
Dini e dois atores da Fondazione
Pontedera Teatro.
O intercâmbio entre artistas dos
dois países já rendeu encontros e
conferências, além de montagens,
entre as quais estão as pirandellianas "O Homem com a Flor na Boca" e "A Poltrona Escura". Com a
colaboração do Sesc, a fundação
também trouxe à cidade, em 1996,
o encenador e teórico polonês
Jerzy Grotowski (1933-99). O que
não havia ainda era uma estrutura
escolar estabelecida, capaz de oferecer condições para uma pesquisa continuada.
"Tínhamos o sonho de construir uma ponte entre Itália e Brasil. Tínhamos as duas pilastras,
mas faltava construir a ponte. Esperamos que o núcleo esteja ligado à Pontedera da Itália, mas que
também seja independente em relação a ela. E precisamos que possam dedicar seu tempo à idéia",
afirma Bacci. Para ele, existe aqui
"uma espécie de confiança específica" que estimulou o aporte da
fundação.
Por ora, haverá a gratuidade do
projeto. Numa fase posterior, poderá acontecer a distribuição de
bolsas para a manutenção de uma
companhia perene.
"Isso serve para estender a outros companheiros a experiência
que tive. Com Roberto Bacci, encontrei um mestre, eu, que era órfão de outro mestre, Antunes Filho", diz Carvalho, que participou
do aclamado "Macunaíma" (78),
do diretor paulistano.
Teoria e prática
No laboratório, serão oferecidas
aulas práticas e teóricas. Serão
também apresentados, em março, os espetáculos "Il Raglio dell'Asino" e "A Poltrona Escura",
produções da fundação. Desta última, antes da temporada paulistana, Cacá Carvalho exibirá 39
sessões na Itália, incluindo, na
turnê, a casa do dramaturgo Luigi
Pirandello (1867-1936). Bacci, ao
longo do programa, deve vir ao
Brasil em três ocasiões.
A seleção dos atores será realizada por meio de currículos e testes práticos. A escolha de produtores será feita pela análise curricular e por meio de entrevistas.
Há 12 vagas para intérpretes e
dez para os profissionais de produção. O curso para os atores terá
início em junho; o destinado a
produtores, em março. Destes,
três serão enviados à Itália para a
conclusão do workshop. A intenção da Pontedera é fazer existir
um núcleo organizado e atuante a
partir de outubro.
As inscrições já se iniciaram e se
estendem até o dia 5/3. Mais informações a respeito das regras e
das exigências para ingresso no
curso podem ser obtidas pelo telefone do Istituto Italiano di Cultura, 3285-6933.
Texto Anterior: Música: Michael Jackson não pode falar sobre seu processo Próximo Texto: Show/crítica: Um repertório de novos choros que existem desde sempre Índice
|