São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2011

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"Tropa de Elite 2" passa por teste europeu em Berlim

Filme dirigido por José Padilha foi selecionado para a prestigiada mostra Panorama do Festival alemão

Exibição, porém, foi ofuscada pelo primeiro filme da competição da Berlinale, "Magie Call", com Jeremy Irons

ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A BERLIM

Foi sob uma manhã chuvosa e uma temperatura de 4ºC que "Tropa de Elite 2" desembarcou em Berlim.
A primeira sessão do filme, reservada à imprensa, aconteceu numa sala de nome longo, Friedrichstadt Palast, e estrutura moderna.
Mas, como o horário coincidiu com a exibição, também para jornalistas, do primeiro filme da competição da Berlinale, "Magie Call" (EUA), com Kevin Spacey e Jeremy Irons, foram poucos os que se dispuseram a assistir à produção brasileira.
O filme dirigido por José Padilha foi selecionado para a mostra Panorama, a mais nobre entre as paralelas, e terá quatro projeções destinadas ao público geral.
"Ah, essa da imprensa não conta. Sessão mesmo vai ser à noite, né?", retrucou o sempre entusiasmado diretor José Padilha. "E o cara da "Screen", por exemplo, já tinha visto o filme em Sundance e escreveu agora."
A "Screen", que divide com a "Variety" o título de bíblia do mercado cinematográfico, cita os 11 milhões de ingressos vendidos no Brasil e define o Coronel Nascimento como um James Bond ou Jack Bauer da favela.

AFAGOS
Depois da sessão matutina, José Padilha e os atores Wagner Moura e Maria Ribeiro participaram de uma entrevista para um grupo de jornalistas no hotel Hyatt.
Dos cerca de 40 presentes, quase todos eram brasileiros -muitos deles residentes na Europa. Ainda assim, a língua falada foi a inglesa.
Padilha, que ganhou o Urso de Ouro em 2008 com o primeiro "Tropa de Elite" e exibiu "Garapa" (2009) no Panorama, falou sobre a origem do projeto, comparou os dois filmes e desfiou elogios à cidade e ao festival.
"Se você tem seu filme em Berlim, você tem que ficar feliz. Toda vez que venho aqui é o mesmo sentimento. Fico ansioso para mostrar meu filme", afirmou. "O público é um público real, formado por pessoas que gostam de filmes, não são diretores ou gente do mercado."
A primeira exibição oficial aconteceria às 18h (às 15h do Brasil) no mesmo Friedrichstadt Palast.
"As pessoas, aqui, já viram o primeiro "Tropa". E um completa o outro", disse. "E este filme é mais fácil de ser entendido que o primeiro."
Moura e Ribeiro, que foram só elogios a Padilha, também falaram sobre seus personagens e tentaram contextualizá-los para quem não vive no Brasil.
"O filme faz muito sentido para os brasileiros", afirmou Moura. "Tenho muito orgulho de "Tropa". É incrível que um filme político tenha feito um sucesso assim tão grande", arrematou.

DÚVIDAS GRINGAS
Mas, para um jornalista alemão que estava na entrevista, o filme, mais do que um sentimento de indignação, despertou certa desconfiança: as coisas são assim mesmo no Brasil? José Padilha não estaria exagerando um pouquinho?
"Eu costumo dizer que não tenho imaginação porque tudo que acontece nos meus filmes acontece, de algum modo, na realidade", respondeu o diretor, para, em seguida, detalhar semelhanças entre o filme e a vida de verdade.
"Hoje, metade das favelas do Rio está controlada pelas milícias que o filme mostra."


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