São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2011

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Diretor do Municipal sai e reclama de ingerência

Alex Klein entrega cargo após cancelamento de evento do centenário do teatro

Secretaria de Cultura diz que ele sabia que a programação já estava sendo desenhada antes de ele assumir posto

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
LUCAS NEVES
DE SÃO PAULO

O regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal (OSM) de São Paulo, Alex Klein, que acumulava o posto de diretor artístico do Teatro Municipal, diz que pediu demissão do segundo cargo porque decisões sobre a programação da sala estavam sendo tomadas à sua revelia.
Ele entregou sua carta de renúncia à Secretaria Municipal de Cultura na última quinta-feira. O acerto era para que ele ficasse até 2013.
"Recebo a planilha e vejo um recital de piano de que nunca soube. Quem colocou? Aparece um concerto da OSM numa quarta. Ora, a OSM ensaia durante a semana para tocar às sextas. Quem colocou esse concerto lá?", pergunta ele.
Klein nega que sua decisão esteja relacionada aos adiamentos e cancelamentos na programação comemorativa do centenário do Municipal, provocados pelo atraso na reforma -o fim dos trabalhos era previsto para o segundo semestre de 2010, e agora fala-se numa reabertura gradual a partir de junho. O orçamento das duas etapas de restauro, estimado há três anos em R$ 13,8 milhões, deve bater os R$ 20 milhões.
"Entendo que as obras vão ter de anular metade da temporada. Mas o que impossibilita a minha direção artística é eu fazer um plano que vou apresentar para a mídia e dizer: "Todos os eventos ocorrem no dia x, com exceção daquele que eu não sei quem colocou". Chego à conclusão de que não precisa ter diretor artístico. Porque alguém está fazendo essa temporada."
Em nota divulgada ontem, a Secretaria Municipal de Cultura informa que o calendário especial começou a ser feito no início de 2010 por uma comissão de profissionais da música e da dança.

CONCERTO DE GALA
"Na ocasião da contratação do maestro [fim de 2010], as linhas de programação e as principais óperas já haviam sido estabelecidas. O maestro sabia, desde o início, que sua liberdade era limitada pelos compromissos assumidos, mas isso não o impediu de propor uma reformulação [...]", diz o texto.
A gota d'água, aponta Klein, foi o cancelamento do Concerto de Gala previsto para o dia do aniversário do Municipal, 12/9. "Isso chegou a mim como "fait accompli': "Está cancelado"."
A ópera "Rigoletto" estreia ali em 13/9. O diretor cênico, Felipe Hirsch, avaliou que seria impossível desmontar a estrutura do espetáculo para a realização do evento de gala, na véspera. Sugeriu que adiassem as récitas ou repensassem a festa. "Não mandei cancelarem. Não tenho esse poder. Só fui profissional. Montar no dia da estreia é pedir para dar errado."
"O culpado não é o Felipe Hirsch. Todos os artistas que vêm trabalhar conosco têm o direito de exigir o espaço suficiente para apresentar seu trabalho", isenta Klein.


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