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Contra crise, Bienal do Mercosul cresce
Apesar de corte no orçamento, evento amplia participação de artistas, que também estão na curadoria
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em vez de sujeitar-se ao colapso econômico mundial, a 7ª
Bienal do Mercosul irá ampliar
seu formato. Programada para
ser inaugurada em 26 de setembro, em Porto Alegre, a
mostra denominada "Grito e
Escuta", com curadoria da argentina Victoria Noorthoorn e
do chileno Camilo Yáñez, mesmo com um corte em seu orçamento, terá ampliada a participação de artistas.
"A crise foi uma grande sacudida, mas a Fundação Bienal
decidiu manter o projeto, e
nossa decisão foi aumentar o
número de artistas para mostrar a pertinência da arte em
abordar o que se passa hoje",
disse Noorthoorn à Folha, no
ateliê de Lenora de Barros,
uma das cocuradoras da mostra, na semana passada. A lista
dos selecionados será divulgada em maio, mas a curadora estima que, no total, haja cerca de
150 participações, contando
autores de trabalhos sonoros.
Segundo a assessoria de imprensa da mostra, o orçamento
da Bienal previa a captação de
R$ 14 milhões, e agora se trabalha com a previsão de R$ 10 mi.
Para chegar a tal economia, entre outras ações, o período da
mostra foi reduzido, caindo de
três para dois meses, e a abertura às segundas foi extinta.
"Essa crise até ajudou na definição do título, pois se trata
de abordar a criação, o grito, e a
reflexão, a escuta, tensionando
assim os limites da arte contemporânea", diz a curadora.
Nessa edição, o projeto foi
selecionado por concurso internacional e artistas ocupam
toda a estrutura da mostra. Da
equipe curatorial, de dez pessoas, apenas Noorthoorn é curadora de fato. Os demais são
artistas: do Brasil, além de Barros, responsável pela programação de uma rádio, denominada Rádio Visual, participam
Artur Lescher e Laura Lima,
como curadores-adjuntos; da
Argentina, Marina de Caro é
curadora pedagógica e Roberto
Jacoby, adjunto; do Chile, Mario Navarro é adjunto.
Os curadores editoriais são o
mexicano Erick Beltrán e o colombiano Bernardo Ortiz. Uma
das inovações é que os curadores editoriais serão responsáveis também pelo projeto gráfico e pela identidade visual da
Bienal. Em geral, essas são
áreas a cargo de publicitários,
que muitas vezes elaboram
projetos até contraditórios
com os conceitos das mostras.
Para Noorthoorn, "os artistas estão ocupando um território que geralmente não é deles,
mas isso tem a ver com o desafio de se repensar o sistema das
bienais por meio de uma forma
distinta, que é colocar o artista
no centro do processo".
Além do Santander e dos armazéns do cais, já tradicionais,
o recém-inaugurado Museu
Iberê Camargo também funcionará como sede do evento.
Estão programadas seis mostras distintas para essa edição,
todas com foco na produção
contemporânea.
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