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ERUDITO
Versão, no Municipal, tem direção musical de Jamil Maluf
Stravinski traduz tragédia de Sófocles na ópera "Édipo Rei"
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Édipo é informado pelo oráculo
que a peste que se abate sobre Tebas é uma maldição que apenas se
extirpará com a punição exemplar do assassino do rei Laio. Sucessor dele no trono, Édipo descobre ter sido o autor involuntário do crime. Não apenas matou o
próprio pai, mas casou-se com Jocasta, a própria mãe.
A tragédia de Sófocles teve sua
principal versão operística escrita
por Igor Stravinski (1882-1971).
Ela estreou em Paris, em 1927.
"Édipo Rei" é encenada a partir
de amanhã, no Teatro Municipal,
em curtíssima temporada de três
récitas. A direção cênica é de Mara Borba, e a musical, de Jamil
Maluf, com a Orquestra Experimental de Repertório.
A ópera, com pouco mais de
uma hora de duração, foi pela última vez produzida com cenários
e figurinos em São Paulo em 1963.
Tem sido apresentada em versão
de concerto, como ocorreu exemplarmente há dois meses, com a
Osesp, na Sala São Paulo.
O elenco de agora, no Municipal, traz vozes brasileiras adequadas e experientes. Édipo será cantado por Fernando Portari (tenor), Jocasta, por Céline Imbert
(meio-soprano), Creonte e o
Mensageiro, por Pepes do Valle
(baixo-barítono). O narrador
-papel falado- será o ator Celso Frateschi, aliás também secretário municipal de Cultura.
"Édipo'", diz o maestro Jamil
Maluf, "é uma música que pede
para ser encenada, que exige a cena para completar todo o seu grau
de dramaticidade e dar toda a sua
grandiosidade operística". Também menciona o fato de Stravinski ter mobilizado referências múltiplas, como citações de Monteverdi e Händel, Donizetti e Verdi.
Em termos de construção da
própria obra, diz o maestro, há o
fato de Stravinski ter encomendado a Jean Cocteau o libreto e em
seguida ter pedido que ele fosse
traduzido para o latim por Jean
Danielou. O latim impõe um distanciamento que o personagem
de Édipo necessitava, após o início de sua vulgarização com a popularização da psicanálise.
Por fim, diz Jamil Maluf, Igor
Stravinski determinou que cantores e integrantes do coro permanecessem praticamente imóveis.
A determinação será cumprida.
Mesmo assim, integrantes do Balé
da Cidade de São Paulo estarão
duas vezes em cena, com uma representação bastante abstrata dos
sentimentos fortes que estarão
correndo dentro dos personagens
e entre eles no curso da tragédia.
ÉDIPO REI. Ópera de Igor Stravinski, com direção musical de Jamil Maluf. Quando:
amanhã e sábado, às 21h, e domingo, às
17h. Onde: Teatro Municipal, pça. Ramos
de Azevedo, s/nš, SP, tel. 0/xx/11/222-8698. Ingressos: de R$ 15 a R$ 50.
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