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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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ERUDITO

Versão, no Municipal, tem direção musical de Jamil Maluf

Stravinski traduz tragédia de Sófocles na ópera "Édipo Rei"

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Édipo é informado pelo oráculo que a peste que se abate sobre Tebas é uma maldição que apenas se extirpará com a punição exemplar do assassino do rei Laio. Sucessor dele no trono, Édipo descobre ter sido o autor involuntário do crime. Não apenas matou o próprio pai, mas casou-se com Jocasta, a própria mãe.
A tragédia de Sófocles teve sua principal versão operística escrita por Igor Stravinski (1882-1971). Ela estreou em Paris, em 1927. "Édipo Rei" é encenada a partir de amanhã, no Teatro Municipal, em curtíssima temporada de três récitas. A direção cênica é de Mara Borba, e a musical, de Jamil Maluf, com a Orquestra Experimental de Repertório.
A ópera, com pouco mais de uma hora de duração, foi pela última vez produzida com cenários e figurinos em São Paulo em 1963. Tem sido apresentada em versão de concerto, como ocorreu exemplarmente há dois meses, com a Osesp, na Sala São Paulo.
O elenco de agora, no Municipal, traz vozes brasileiras adequadas e experientes. Édipo será cantado por Fernando Portari (tenor), Jocasta, por Céline Imbert (meio-soprano), Creonte e o Mensageiro, por Pepes do Valle (baixo-barítono). O narrador -papel falado- será o ator Celso Frateschi, aliás também secretário municipal de Cultura.
"Édipo'", diz o maestro Jamil Maluf, "é uma música que pede para ser encenada, que exige a cena para completar todo o seu grau de dramaticidade e dar toda a sua grandiosidade operística". Também menciona o fato de Stravinski ter mobilizado referências múltiplas, como citações de Monteverdi e Händel, Donizetti e Verdi.
Em termos de construção da própria obra, diz o maestro, há o fato de Stravinski ter encomendado a Jean Cocteau o libreto e em seguida ter pedido que ele fosse traduzido para o latim por Jean Danielou. O latim impõe um distanciamento que o personagem de Édipo necessitava, após o início de sua vulgarização com a popularização da psicanálise.
Por fim, diz Jamil Maluf, Igor Stravinski determinou que cantores e integrantes do coro permanecessem praticamente imóveis. A determinação será cumprida. Mesmo assim, integrantes do Balé da Cidade de São Paulo estarão duas vezes em cena, com uma representação bastante abstrata dos sentimentos fortes que estarão correndo dentro dos personagens e entre eles no curso da tragédia.


ÉDIPO REI. Ópera de Igor Stravinski, com direção musical de Jamil Maluf. Quando: amanhã e sábado, às 21h, e domingo, às 17h. Onde: Teatro Municipal, pça. Ramos de Azevedo, s/nš, SP, tel. 0/xx/11/222-8698. Ingressos: de R$ 15 a R$ 50.


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