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Los Hermanos dão adeus aos fãs em show emotivo
Público de 15 mil pessoas, vindo de diversos Estados, lota a Fundição Progresso, no Rio, para a despedida do quarteto
Últimas apresentações antes do "recesso por tempo indeterminado" tiveram choro na platéia e velhos sucessos como "Anna Júlia"
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Chora, pierrô: na madrugada
de anteontem, o Carnaval do
Los Hermanos chegou ao fim
-ou, como a banda prefere, a
um "recesso por tempo indeterminado".
Foi ao som das apropriadas
"Todo Carnaval Tem Seu Fim"
e "Pierrot" (esta, a pedido dos
fãs) que o quarteto carioca encerrou a seqüência de três
shows lotados que fez na Fundição Progresso, na Lapa (centro do Rio), para se despedir de
seus ardorosos seguidores.
Foram 5.000 pessoas a cada
dia (quinta, sexta e sábado), boa
parte ainda atônita com a inesperada pausa, anunciada há
duas semanas, nas atividades
de uma banda jovem (dez anos
de carreira) e muito popular
Brasil afora.
"A gente espera que não seja
o último [show], mas, se for, pelo menos estamos aqui", explicou o mineiro Luiz Alberto Ribeiro, 23, que preparou camisetas personalizadas com desenhos da banda e a data do último show para vestir seu grupo,
que veio de Belo Horizonte.
Encontrar viajantes, aliás,
era tarefa fácil: foram inúmeras
caravanas que saíram de lugares tão distantes quanto Belém
(PA) para se despedir de sua
banda favorita.
"Se eu não viesse, iria morrer", afirmou a recifense Renata Brito, 20, que, como é praxe
entre os fãs dos Hermanos,
cantava todas as músicas.
Tão entretida estava com a
apresentação que ainda nem tinha tido tempo de sofrer com o
iminente recesso. "Minha ficha
ainda não caiu. Hoje [sábado]
eu vim para curtir o show, amanhã eu choro."
Festa dos fãs
Houve, no entanto, quem
não conseguisse segurar as lágrimas para depois do show.
"O público ama eles e só aumenta, não sei por que eles vão
parar", pranteava, mal completando a frase, a estudante carioca Thanny Vidigal, 18.
Esse tipo de reação era esperado por quem conhece a impressionante comunhão que
existe entre banda e público.
Mais do que cantar, a platéia
parece sentir todas as músicas,
interpretar todas as letras. Casais cantam os versos um para o
outro, garotos e garotas fecham
os olhos e berram a plenos pulmões, dublando inclusive os
sons instrumentais.
De cima do palco, os quatro
hermanos -Marcelo Camelo,
Rodrigo Amarante (que se alternam nos vocais e na guitarra), Rodrigo Barba (bateria) e
Bruno Medina (teclados)- entregam-se da mesma forma.
Nas poucas vezes que abriram a boca durante os três dias
de show, foi para elogiar o público. "Cariocas, mineiros, pernambucanos, vocês do Brasil
inteiro, vocês são demais, nenhuma banda tem esse público", disse Camelo no sábado.
Grandes sucessos
O repertório da despedida foi
marcado por uma volta às músicas que não eram tocadas há
algum tempo, o que só colaborou para o clima de Carnaval
que se instalou na Fundição.
O primeiro disco, mais hardcore, apareceu com destaque
("Descoberta", "Tenha Dó",
"Azedume", "Quem Sabe",
"Anna Júlia"), trazendo de volta as rodas de "pogo" da platéia,
marca do início da banda.
As canções do "Bloco do Eu
Sozinho" e do "Ventura" também voltaram com força, além
de uma meia dúzia do último
álbum, "Quatro".
As apresentações de sexta e
sábado foram gravadas em áudio e vídeo, mas oficialmente a
banda não se manifestou sobre
um provável CD e DVD ao vivo.
Para os fãs que perderam,
resta o YouTube (www.youtube.com), onde já estão vários
vídeos gravados pela platéia.
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