São Paulo, terça-feira, 12 de junho de 2007

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Los Hermanos dão adeus aos fãs em show emotivo

Público de 15 mil pessoas, vindo de diversos Estados, lota a Fundição Progresso, no Rio, para a despedida do quarteto

Últimas apresentações antes do "recesso por tempo indeterminado" tiveram choro na platéia e velhos sucessos como "Anna Júlia"

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Chora, pierrô: na madrugada de anteontem, o Carnaval do Los Hermanos chegou ao fim -ou, como a banda prefere, a um "recesso por tempo indeterminado".
Foi ao som das apropriadas "Todo Carnaval Tem Seu Fim" e "Pierrot" (esta, a pedido dos fãs) que o quarteto carioca encerrou a seqüência de três shows lotados que fez na Fundição Progresso, na Lapa (centro do Rio), para se despedir de seus ardorosos seguidores.
Foram 5.000 pessoas a cada dia (quinta, sexta e sábado), boa parte ainda atônita com a inesperada pausa, anunciada há duas semanas, nas atividades de uma banda jovem (dez anos de carreira) e muito popular Brasil afora.
"A gente espera que não seja o último [show], mas, se for, pelo menos estamos aqui", explicou o mineiro Luiz Alberto Ribeiro, 23, que preparou camisetas personalizadas com desenhos da banda e a data do último show para vestir seu grupo, que veio de Belo Horizonte.
Encontrar viajantes, aliás, era tarefa fácil: foram inúmeras caravanas que saíram de lugares tão distantes quanto Belém (PA) para se despedir de sua banda favorita.
"Se eu não viesse, iria morrer", afirmou a recifense Renata Brito, 20, que, como é praxe entre os fãs dos Hermanos, cantava todas as músicas.
Tão entretida estava com a apresentação que ainda nem tinha tido tempo de sofrer com o iminente recesso. "Minha ficha ainda não caiu. Hoje [sábado] eu vim para curtir o show, amanhã eu choro."

Festa dos fãs
Houve, no entanto, quem não conseguisse segurar as lágrimas para depois do show.
"O público ama eles e só aumenta, não sei por que eles vão parar", pranteava, mal completando a frase, a estudante carioca Thanny Vidigal, 18.
Esse tipo de reação era esperado por quem conhece a impressionante comunhão que existe entre banda e público.
Mais do que cantar, a platéia parece sentir todas as músicas, interpretar todas as letras. Casais cantam os versos um para o outro, garotos e garotas fecham os olhos e berram a plenos pulmões, dublando inclusive os sons instrumentais.
De cima do palco, os quatro hermanos -Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante (que se alternam nos vocais e na guitarra), Rodrigo Barba (bateria) e Bruno Medina (teclados)- entregam-se da mesma forma.
Nas poucas vezes que abriram a boca durante os três dias de show, foi para elogiar o público. "Cariocas, mineiros, pernambucanos, vocês do Brasil inteiro, vocês são demais, nenhuma banda tem esse público", disse Camelo no sábado.

Grandes sucessos
O repertório da despedida foi marcado por uma volta às músicas que não eram tocadas há algum tempo, o que só colaborou para o clima de Carnaval que se instalou na Fundição.
O primeiro disco, mais hardcore, apareceu com destaque ("Descoberta", "Tenha Dó", "Azedume", "Quem Sabe", "Anna Júlia"), trazendo de volta as rodas de "pogo" da platéia, marca do início da banda.
As canções do "Bloco do Eu Sozinho" e do "Ventura" também voltaram com força, além de uma meia dúzia do último álbum, "Quatro".
As apresentações de sexta e sábado foram gravadas em áudio e vídeo, mas oficialmente a banda não se manifestou sobre um provável CD e DVD ao vivo.
Para os fãs que perderam, resta o YouTube (www.youtube.com), onde já estão vários vídeos gravados pela platéia.


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