São Paulo, sexta-feira, 12 de junho de 2009

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Art Basel dá sinal de trégua na crise

Aberta nesta semana na Basileia, maior feira de arte do mundo teve recorde de inscrições e vendas acima do esperado

Brasil tem quatro galerias na feira suíça: Millan, Luisa Strina, Fortes Vilaça e Marília Razuk; Leme e Nara Roesler estão em evento paralelo

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL À BASILEIA

Crise no mercado da arte? Já passou, de acordo com Art 40 Basel, 40ª edição da feira de arte da Basileia, na Suíça, que estava sendo considerada o teste pós-colapso do sistema financeiro do fim do ano passado.
Aberta na última terça para convidados VIPs, como Brad Pitt, que comprou por cerca de US$ 1 milhão (quase R$ 2 milhões) uma pintura do alemão Neo Rauch, a feira superou as expectativas dos galeristas desde o início. "Em dez minutos eu vendi um trabalho da Anna Maria Maiolino", disse à Folha o galerista André Millan.
Cerca de duas horas depois, Márcia Fortes, da Fortes Vilaça, já lamentava ter levado poucas obras com medo da crise: "Nós trouxemos 75% a menos do que o usual, mas já vendemos tantos trabalhos que não temos mais como repor".
Art Basel é considerada a feira de arte moderna e contemporânea mais importante do mundo. Próxima dela está Art Basel Miami Beach, dos mesmos organizadores, e a Frieze, em Londres. "Nós obtivemos um recorde de inscrições, foram 1.100 aplicações, para uma seleção final de 300. Mas tudo isso foi antes da crise, portanto nós não sabíamos como seria a performance aqui neste ano", disse Marc Spiegler, codiretor de Art 40 Basel.
Em edições passadas, o volume de vendas chegou a US$ 300 milhões, mas é possível que, até domingo, esse volume seja superado.
Um dos motivos é que só uma tela à venda nesta edição custa US$ 74 milhões. Trata-se de um trabalho de Andy Warhol, de 1979: "Big Retrospective Painting", à venda na Bischofberger e que já tinha como interessado o bilionário russo Roman Abramovich, para expor no museu que criou para sua mulher, em Moscou.
Quatro galerias brasileiras participam da feira, além da Fortes Vilaça e da Millan, as demais são Luisa Strina e Marília Razuk, esta na sessão Art Statments, com o goiano Kboco. Em outro espaço, mais duas galerias paulistas participam da feira alternativa Volta: Eduardo Leme e Nara Roesler.
Mesmo com a euforia, frente à baixa expectativa, há evidências de que o mercado mudou. "Nós voltamos ao normal, não estão mais aqui aqueles compradores do mercado financeiro, que vinham com seus assistentes, pedindo duas obras de cada artista sem sequer olhar direito para o trabalho", diz Solana Molina Viamonte, da galeria argentina Ruth Benzacar.
Frente a um cenário de crise, ficou evidente que galeristas apostaram também em obras mais consagradas, caso da megatela de Warhol, em detrimento de trabalhos que poderiam ser considerados experimentais. Próxima ainda da Bienal de Veneza, Basel apresentou grande quantidade de artistas ratificados pelo evento italiano, especialmente o norte-americano Bruce Nauman.
"Não é como nos últimos anos, que havia uma aglomeração na porta e tudo era vendido no primeiro dia. Mas as vendas estão acontecendo e realmente só estão aqui colecionadores e instituições que interessam", disse Luisa Strina.


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