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Art Basel dá sinal de trégua na crise
Aberta nesta semana na Basileia, maior feira de arte do mundo teve recorde de inscrições e vendas acima do esperado
Brasil tem quatro galerias na
feira suíça: Millan, Luisa
Strina, Fortes Vilaça e Marília
Razuk; Leme e Nara Roesler
estão em evento paralelo
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL À BASILEIA
Crise no mercado da arte? Já
passou, de acordo com Art 40
Basel, 40ª edição da feira de arte da Basileia, na Suíça, que estava sendo considerada o teste
pós-colapso do sistema financeiro do fim do ano passado.
Aberta na última terça para
convidados VIPs, como Brad
Pitt, que comprou por cerca de
US$ 1 milhão (quase R$ 2 milhões) uma pintura do alemão
Neo Rauch, a feira superou as
expectativas dos galeristas desde o início. "Em dez minutos eu
vendi um trabalho da Anna Maria Maiolino", disse à Folha o
galerista André Millan.
Cerca de duas horas depois,
Márcia Fortes, da Fortes Vilaça, já lamentava ter levado poucas obras com medo da crise:
"Nós trouxemos 75% a menos
do que o usual, mas já vendemos tantos trabalhos que não
temos mais como repor".
Art Basel é considerada a feira de arte moderna e contemporânea mais importante do
mundo. Próxima dela está Art
Basel Miami Beach, dos mesmos organizadores, e a Frieze,
em Londres. "Nós obtivemos
um recorde de inscrições, foram 1.100 aplicações, para uma
seleção final de 300. Mas tudo
isso foi antes da crise, portanto
nós não sabíamos como seria a
performance aqui neste ano",
disse Marc Spiegler, codiretor
de Art 40 Basel.
Em edições passadas, o volume de vendas chegou a US$
300 milhões, mas é possível
que, até domingo, esse volume
seja superado.
Um dos motivos é que só
uma tela à venda nesta edição
custa US$ 74 milhões. Trata-se
de um trabalho de Andy Warhol, de 1979: "Big Retrospective Painting", à venda na Bischofberger e que já tinha como
interessado o bilionário russo
Roman Abramovich, para expor no museu que criou para
sua mulher, em Moscou.
Quatro galerias brasileiras
participam da feira, além da
Fortes Vilaça e da Millan, as
demais são Luisa Strina e Marília Razuk, esta na sessão Art
Statments, com o goiano Kboco. Em outro espaço, mais duas
galerias paulistas participam
da feira alternativa Volta:
Eduardo Leme e Nara Roesler.
Mesmo com a euforia, frente
à baixa expectativa, há evidências de que o mercado mudou.
"Nós voltamos ao normal, não
estão mais aqui aqueles compradores do mercado financeiro, que vinham com seus assistentes, pedindo duas obras de
cada artista sem sequer olhar
direito para o trabalho", diz Solana Molina Viamonte, da galeria argentina Ruth Benzacar.
Frente a um cenário de crise,
ficou evidente que galeristas
apostaram também em obras
mais consagradas, caso da megatela de Warhol, em detrimento de trabalhos que poderiam ser considerados experimentais. Próxima ainda da Bienal de Veneza, Basel apresentou grande quantidade de artistas ratificados pelo evento italiano, especialmente o norte-americano Bruce Nauman.
"Não é como nos últimos
anos, que havia uma aglomeração na porta e tudo era vendido
no primeiro dia. Mas as vendas
estão acontecendo e realmente
só estão aqui colecionadores e
instituições que interessam",
disse Luisa Strina.
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