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"Línguas são muito diferentes"; Nobel Pamuk é vertido do inglês
DE SÃO PAULO
Traduzir "As Preces São
Imutáveis" e "A Palavra Perdida", primeiros romances
turcos modernos vertidos no
Brasil diretamente da língua
original, foi "uma dificuldade", diz Marco Sirayama de
Pinto, professor na USP.
"As estruturas das duas
línguas são completamente
diferentes." Cita como exemplo a ausência, em turco, de
marcação de gênero para os
substantivos -o pronome
"o" pode ser usado tanto para "ele" quanto para "ela".
Particularmente difícil foi
verter a obra de Baydar, que
sai no Brasil no fim do ano.
Há pontos em comum entre as duas literaturas? Poucos, diz De Pinto, pois na Turquia ela é um poderoso veículo de crítica social.
O EFEITO PAMUK
Mas lembra que o leitor
brasileiro familiarizado com
o escritor Milton Hatoum, de
origem libanesa, encontrará
"vários paralelos", como o
das "crises familiares".
De Pinto diz que a premiação de Orhan Pamuk com o
Nobel de 2006 despertou o
interesse pela literatura do
país, sobretudo nos EUA e no
Reino Unido. Explica que
uma das causas do pouco interesse que ela desperta no
Brasil é "a inexistência de
uma tradição de estudos sobre essa língua e, em consequência, sua literatura".
Esse efeito também é sentido pela editora Maria Emilia
Bender, da Companhia das
Letras, que detém os direitos
de tradução das obras de Pamuk no Brasil. Elas foram
vertidas indiretamente, do
inglês ou do francês.
"Tivemos experiências
ruins com tradutores de línguas menos conhecidas", diz
Bender. Além disso, conclui,
"nos sentimos autorizados a
traduzir do inglês porque é o
próprio Pamuk quem faz a revisão nessa língua".
O novo livro do Nobel, "O
Museu da Inocência", sai no
Brasil em 2011 -também em
tradução indireta, do inglês.
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