São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
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Whitney entra em nova fase

da Sucursal de Brasília

"O Século Americano" é a exposição de maior fôlego que o Whitney Museu of American Art (945 Madison Avenue, Nova York) já promoveu. Nenhuma outra instituição de arte do país poderia tê-lo realizado tão bem por causa da própria história do Whitney.
Gertrude Vanderbilt Whitney foi uma das principais patronesses das artes plásticas dos EUA do fim do século 19 e do início deste.
Ao contrário dos outros mecenas, no entanto, ela resolveu arriscar a reputação e a fortuna exclusivamente em produtos de arte norte-americana contemporânea.
Ela própria tinha suas ambições (nunca bem realizadas) como pintora. Mas foi bastante generosa ao reconhecer o talento alheio.
Em 1908, por exemplo, ela comprou quatro dos sete únicos quadros vendidos na célebre exposição do grupo conhecido como Os Oito, que faziam uma arte de vanguarda que estarrecia os colecionadores e críticos de então.
Seis anos depois, montou uma galeria, o Whitney Studio, no bairro do Greenwich Village, só para expor contemporâneos dos EUA.
Em 1929, criou-se o MoMA (Museum of Modern Art), mas com enfoque exclusivamente europeu.
No mesmo ano, o grande museu da cidade de Nova York, o Metropolitan, recusou a doação que Gertrude Whitney quis fazer de sua coleção de quadros norte-americanos do século 20.
Então, ela resolveu inventar seu próprio espaço. Foi assim que, em 1931, o Whitney Museum abriu suas portas para o público.
Nos seus 68 anos, o Whitney competiu poucas vezes com MoMA e Metropolitan em termos de quantidade de espectadores.
O maior sucesso de bilheteria do museu até agora foi a retrospectiva de Edward Hopper, em 1995.
"O Século Americano" vai suplantá-la e pode marcar o início de uma nova era para a casa.
O século 20 começa a virar passado, o público está se acostumando com as ousadias artísticas que se criaram no seu transcorrer, aceitando com mais naturalidade o que até agora estranhara.
A exposição é muito bem montada, o trabalho de curadoria foi impecável e o catálogo da mostra tem a melhor qualidade editorial.
Quem não tiver a chance de ver a mostra e se interessar pelo tema deve comprar o catálogo (408 páginas) e se instruir com seus textos despretensiosos, mas informativos, suas reproduções perfeitas e sua diagramação bastante ágil. (CELS)


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