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Festival "está de bom tamanho"
DOS ENVIADOS A PARATI
Com duas grandes tendas para
o público e uma profunda melhora na organização do evento, a
Flip 2004 deixou clara como foi
acanhada a Flip 2003, que acontecia na pequena Casa de Cultura de
Parati. A festa deste ano consumiu R$ 3 milhões (R$ 1,9 milhão
em patrocínio e R$ 1,1 milhão em
parcerias), contou com 410 profissionais e 160 voluntários e, motivo de tudo, 36 autores -12 a
mais do que o ano passado.
O sucesso não significa que a
Flip vá crescer ainda mais. "A impressão que temos é de que já chega. Está de bom tamanho para Parati e para esse tipo de evento",
afirmou Liz Calder, organizadora
do festival, lembrando que o inglês Julian Barnes, participante da
primeira Flip, lhe disse que é muito difícil para um escritor ler para
mais de 500 pessoas.
Para o próximo ano, o primeiro
plano de Calder é torcer por menos frio. Mas ela também diz já ter
conversado com o australiano Peter Carey e o inglês John Irving -
que terá um de seus livros filmados pelo brasileiro Fernando Meirelles-, mas não adianta mais
nomes. "O ideal é misturar autores famosos e outros pouco conhecidos, que provocam surpresas", disse ela.
Entre as surpresas da Flip 2004
está José Eduardo Agualusa. Não
que o escritor angolano, com cinco livros publicados no Brasil, fosse totalmente despossuído de fãs
por aqui, mas ninguém imaginava que tivesse um tão empolgado
e influente quanto Caetano Veloso. Nem o próprio Agualusa.
"Fiquei atordoado, não esperava [tantos elogios]", admitiu ele
no dia seguinte à mesa que dividiu com Caetano e da qual, para
surpresa de toda Parati, tornou-se
protagonista, e não coadjuvante.
Seu livro "O Ano em que Zumbi
Tomou o Rio", o mais exaltado
pelo cantor, esgotou-se rapidamente da Livraria da Vila, ao lado
da Tenda dos Autores.
Outras duas surpresas vieram
da nova geração. Acompanhado
pelo sociólogo José de Souza Martins, Férrez, 29, foi aplaudido de
pé na manhã de sábado ao falar de
exclusão social e da literatura engajada que faz, motivado pelo cotidiano na periferia paulistana.
Marcelino Freire, 37, pernambucano radicado em São Paulo,
comprovou a sua vocação para o
palco e se destacou na sessão dedicada à nova literatura, que também contou com Joca Reiners
Terron e Daniel Galera.
Já João Ubaldo Ribeiro, ao decidir não participar da Flip por ser
supostamente tratado como um
"etc.", conseguiu deixar de ser
"etc.". Lembrou-se do escritor várias vezes no evento, inclusive inspirando um duro apelido: "Urubaldo" foi como passou a ser chamado um urubu de asa quebrada
que caminhava pela cidade.
Ela, a cidade, foi muito mais envolvida pela Flip, graças a uma série de programações paralelas que
contemplaram, especialmente, as
crianças. Os serviços é que não
acompanharam o crescimento da
festa: podia-se levar mais de uma
hora para comer num restaurante. Ainda assim, pode-se dizer que
neste ano evento e cidade se abraçaram. O amor pode se consolidar em 2005.
(CEM e LFV)
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