DOS ENVIADOS A PARATI

Mesmo sendo um dos maiores poetas da América Latina no século 20, Pablo Neruda (1904-1973), cujo centenário é comemorado hoje, ficou de fora da Festa Literária Internacional de Parati (Flip). O nome do chileno não foi mencionado, ainda que alguns autores presentes na cidade tivessem ligações com a obra do artista. Já seu país de origem faz a "Semana Nerudiana".
Milton Hatoum não se diz um "nerudiano", mas conta que leu com cuidado parte de seus poemas nos anos 70, sob os auspícios de Davi Arrigucci Jr., crítico literário que também esteve na Flip e que já publicou ensaios sobre o escritor. Lygia Fagundes Telles chegou mais perto. Ela contou à Folha que chegou a se encontrar com Neruda uma vez, durante um lançamento de Vinicius de Moraes, no Rio de Janeiro.
"Tinha um autógrafo dele, que me foi dado em um disco. Infelizmente não sei onde esse disco foi parar", conta a a escritora.
Já no Chile, terminou anteontem, com a música popular dos irmãos Parra e um público de cerca de 2.000 pessoas, a primeira etapa da "Semana Nerudiana", no Centro Cultural Estación Mapocho (próximo à capital chilena, Santiago). Entre as atrações, estava o pianista Roberto Bravo, que apresentou um concerto baseado na obra do poeta.
As atividades incluem a exibição de filmes e uma exposição em que se destaca o pintor José Balmes, que mostra uma série de serigrafias datadas de 1973, parte de um projeto inconcluso que realizou com Neruda. Há ainda uma exposição de 150 conchas, da coleção particular de Neruda.
O ponto alto da "Semana Nerudiana" está previsto para hoje, quando o presidente chileno, Ricardo Lagos, e 300 convidados devem embarcar no chamado "trem do poeta", com destino à cidade onde nasceu Neruda, Parral, a 341 km de Santiago. O retorno à capital vai terminar com um ato oficial em que devem se reunir cerca de 2.500 pessoas. Em São Paulo, termina no próximo domingo a exposição "Navegação e Regresso", que traz textos e fotografias do acervo pessoal do poeta.
(CEM e LFV)