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MÚSICA
Campeão de vendas, grupo, que se apresenta no Brasil nesta semana, reafirma conexões com passado barra-pesada
Black Eyed Peas busca credibilidade no rap
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Eles são responsáveis pelo single
mais vendido do ano passado, em
que perguntavam onde estaria o
amor. E estão entre os artistas
mais festejados do universo hip
hop. Mas o grupo Black Eyed Peas
parece não satisfeito e, em entrevista à Folha, faz questão de reafirmar as conexões com o gangsta
rap e o passado barra-pesada numa vizinhança de Los Angeles.
É como se a banda, que se destaca entre os rappers mainstream
dos EUA por fugir da temática armas-carrões-drogas-machismo
em suas letras, precisasse dessas
credenciais para conquistar respeito entre os fãs e seus pares.
E o Black Eyed Peas, pelo momento que passa, não é banda que
necessita recorrer a coisas do tipo.
O terceiro e mais recente álbum,
"Elephunk", é hit no mundo inteiro, puxado pelo estrondoso sucesso de "Where Is the Love?",
single em que fazem dueto com o
popstar Justin Timberlake e que
vendeu mais de 600 mil cópias
apenas no Reino Unido. O Brasil
verá o BEP nesta semana (sexta e
sábado), em shows em São Paulo
e no Rio de Janeiro, em eventos
das produtoras Tranze e W/A.
Se o rap ganhou o mundo hoje,
essa música tem responsabilidade
grande. A "credibilidade" -essa
coisa tão cara ao rigoroso mundo
do hip hop- do Black Eyed Peas
chegou a ser questionada -afinal, estavam ganhando dinheiro
com a ajuda de um cantor que até
há pouco tempo dava passos de
dança com a "boy band" N'Sync.
Questionado pela Folha, por telefone, de Paris, onde estava em
turnê na semana passada, sobre o
que achava do gangsta rap, um
dos vocalistas e fundadores do
quarteto, Apl de Ap, foi enfático:
"Gosto de Eminem, gosto de 50
Cent. O gangsta é uma coisa muito pessoal, depende muito de onde você vem", disse, citando dois
dos maiores expoentes do gênero.
"Nós começamos com Easy-E,
quando ainda estávamos na escola", afirmou. Easy-E, morto em
1995 em decorrência de Aids, era
um dos membros do NWA, grupo que tinha também Dr. Dre e
Ice Cube e foi um dos "alicerces"
do gangsta rap nos EUA.
Easy-E foi o primeiro grande
nome a dar atenção ao Black Eyed
Peas, no início dos anos 90. Em
1998, o grupo lançou "Behind the
Front". Bastante elogiado, o primeiro álbum já caracterizava o
BEP como gente de fora do tiroteio do gangsta rap.
"Nós vivíamos em Los Angeles,
uma das capitais do mundo de
rap e cidade bastante violenta. Íamos aos clubes, apenas por diversão, dançávamos e depois começamos a rappear", lembra Apl de
Ap (nome de batismo: Allen Pinda). "Nós éramos bons, por isso
algumas pessoas nos deram chances, como Easy-E. Hoje, aqui estamos nós."
O grupo lançaria depois "Bridging the Gap" (2000), com boa
aceitação. Mas o sucesso viria
mesmo com "Elephunk", que traz
ainda o hit "Shut Up".
Os shows do BEP fogem do formato MC e DJ. Apl de Ap e seus
companheiros, Taboo, Will.I.Am
e a vocalista Fergie, são acompanhados de banda. "É um show
bem enérgico, com vários elementos no palco."
Internet
Além da temática de suas letras,
o Black Eyed Peas bate de frente
com seus pares do rap mainstream quando o assunto é a internet. A troca de arquivos pela rede
é, quase de forma unânime, muito
criticada pelos rappers norte-americanos, que enxergam nisso
uma forma de perda de lucros.
"Não sou contra. Acho que é uma
forma boa de promoção. As pessoas que baixarem nossas músicas e gostarem vão comprar o álbum de qualquer maneira."
BLACK EYED PEAS. Show com o grupo
norte-americano. Onde: Via Funchal (r.
Funchal, 65, São Paulo, tel. 0/xx/11/2163-2000). Quando: sexta, às 22h.
Quanto: de R$ 80 a R$ 200.
SKOL STAGE. Festival com Black Eyed
Peas e Afro Rio, entre outros. Onde: Píer
Mauá (av. Rodrigues Alves, 10, Rio de
Janeiro, tel. 0/xx/21/2456-2618).
Quando: sábado, às 21h. Quanto: de R$
35 a R$ 50.
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