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Neon Mania
Na última edição da São
Paulo Fashion Week, eles
montaram um cabaré na passarela e fizeram as modelos
arrancarem as roupas como
num show de striptease.
Não era simples exibicionismo. O cabaré de Dudu Bertholini e Rita Comparato, da
grife Neon, tinha algo de
brechtiano. Com muito humor, expunha as fantasias voyeurísticas da moda e o jogo
entre comércio e sedução.
Eles são assim: inventivos,
debochados, independentes,
com um pé no luxo e outro no
underground. Suas roupas
megaestampadas, com modelagens aéreas, liberam as fantasias femininas, fazendo cada
mulher se sentir num paraíso
muito tropical e muito livre.
A grife está virando mania
entre as brasileiras descoladas. Os pontos-de-venda da
marca no país passaram, nos
últimos 12 meses, de 20 para
35. Todas querem vestir
Neon, do mundo indie ao planeta Caras, de Luíza Lovefoxxx (do grupo Cansei de Ser
Sexy) a Wanessa Camargo.
"O boom veio depois do verão de 2005, quando passamos a usar seda e modelagens
mais femininas", diz Dudu,
que adora se vestir com as
próprias roupas que cria.
Antes, as malhas predominavam. E as batas, cangas e
pareôs não davam espaço para
os modelos curtinhos e sensuais que as brasileiras gostam e que eles resistiram tanto a criar. "Agora, o Conselho
Jedi das Mulheres Lindas e
Charmosas está sendo dominado pelo Império das Gostosonas", brinca Rita. Os looks
com estamparias exuberantes
continuam a marca registrada
-são 70% das vendas no Brasil e 100% no exterior.
Dudu, 26, e Rita, 26, se conheceram na Faculdade Santa
Marcelina, em 1998. Não se
separaram mais. Rita se formou, virou uma craque em
modelagem. "A modelagem é
uma ciência", ela diz, sobre este trabalho difícil de dar forma
concreta às fantasias do estilista. Dudu largou a escola e
foi ser stylist e produtor.
Em 2002, foram convidados para fazer um editorial para a revista "Freeze" e resolveram criar os próprios maiôs.
O nome da grife veio logo
em seguida -e por pouco ela
não foi batizada de Batom. Logo depois, fizeram o primeiro
desfile, na casa de Dudu. "A
Carol Trentini ia da cozinha
para o quarto, enquanto minha mãe servia docinhos para
os convidados", ele recorda.
"É o meu desfile predileto, o
menos comercial", diz Rita.
Em seu desfile no último dia
da SPFW, os estilistas prometem outra "apresentação cênica surpreendente", para mostrarem um caleidoscópio de
imagens femininas muito
quentes, inspiradas em africanas, baianas, ciganas, piratas e
espanholas. "Nossa moda é
anti-romântica. Queremos associar elegância com inteligência e alegria de viver", diz
Dudu. "A vida é muito dura
para termos que vestir coisas
chatas", sentencia Rita.
(ALN E VW)
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