São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2006

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Neon Mania

Na última edição da São Paulo Fashion Week, eles montaram um cabaré na passarela e fizeram as modelos arrancarem as roupas como num show de striptease.
Não era simples exibicionismo. O cabaré de Dudu Bertholini e Rita Comparato, da grife Neon, tinha algo de brechtiano. Com muito humor, expunha as fantasias voyeurísticas da moda e o jogo entre comércio e sedução.
Eles são assim: inventivos, debochados, independentes, com um pé no luxo e outro no underground. Suas roupas megaestampadas, com modelagens aéreas, liberam as fantasias femininas, fazendo cada mulher se sentir num paraíso muito tropical e muito livre.
A grife está virando mania entre as brasileiras descoladas. Os pontos-de-venda da marca no país passaram, nos últimos 12 meses, de 20 para 35. Todas querem vestir Neon, do mundo indie ao planeta Caras, de Luíza Lovefoxxx (do grupo Cansei de Ser Sexy) a Wanessa Camargo.
"O boom veio depois do verão de 2005, quando passamos a usar seda e modelagens mais femininas", diz Dudu, que adora se vestir com as próprias roupas que cria.
Antes, as malhas predominavam. E as batas, cangas e pareôs não davam espaço para os modelos curtinhos e sensuais que as brasileiras gostam e que eles resistiram tanto a criar. "Agora, o Conselho Jedi das Mulheres Lindas e Charmosas está sendo dominado pelo Império das Gostosonas", brinca Rita. Os looks com estamparias exuberantes continuam a marca registrada -são 70% das vendas no Brasil e 100% no exterior.
Dudu, 26, e Rita, 26, se conheceram na Faculdade Santa Marcelina, em 1998. Não se separaram mais. Rita se formou, virou uma craque em modelagem. "A modelagem é uma ciência", ela diz, sobre este trabalho difícil de dar forma concreta às fantasias do estilista. Dudu largou a escola e foi ser stylist e produtor.
Em 2002, foram convidados para fazer um editorial para a revista "Freeze" e resolveram criar os próprios maiôs.
O nome da grife veio logo em seguida -e por pouco ela não foi batizada de Batom. Logo depois, fizeram o primeiro desfile, na casa de Dudu. "A Carol Trentini ia da cozinha para o quarto, enquanto minha mãe servia docinhos para os convidados", ele recorda. "É o meu desfile predileto, o menos comercial", diz Rita.
Em seu desfile no último dia da SPFW, os estilistas prometem outra "apresentação cênica surpreendente", para mostrarem um caleidoscópio de imagens femininas muito quentes, inspiradas em africanas, baianas, ciganas, piratas e espanholas. "Nossa moda é anti-romântica. Queremos associar elegância com inteligência e alegria de viver", diz Dudu. "A vida é muito dura para termos que vestir coisas chatas", sentencia Rita.
(ALN E VW)


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