São Paulo, quinta-feira, 12 de julho de 2007

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Pau-a-pique motiva riso envergonhado nas doceiras

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A broa de pau-a-pique também é chamada de mata-homem por causa do seu formato cilíndrico, que lembra o órgão sexual masculino.
"As doceiras falavam e riam envergonhadas", lembra a pesquisadora Mônica Chaves Abdala, que encontrou duas versões da broa, uma à base de fubá e outra feita com mandioca.
O pau-a-pique de Frutal (MG), vendido pela doceira Maria Martins Ferreira na feira realizada aos domingos em frente à matriz Nossa Senhora do Carmo, é de massa de mandioca ralada e cozida com melado. Depois de fria, é amassada com ovos, banha e leite até dar o ponto de enrolar na folha de bananeira. A cozinheira não tem as medidas corretas da receita. Faz tudo "por rumo".
A quitanda é um exemplo da mistura entre ingredientes indígenas e portugueses, feito de modo adaptado pelas mulheres africanas.
Na cozinha original dos índios, era comum encontrar pastas de milho ou mandioca assadas na folha de bananeira, sem sal nem açúcar. Quando os portugueses chegaram, ovo, leite e açúcar foram incorporados às receitas. "As negras misturaram tudo e fizeram a adaptação. A alquimia é toda delas", diz Mônica.
A goiana Telma Machado também faz a receita à base de mandioca, mas muda os outros ingredientes. Rala a raiz, tira o excesso de água, acrescenta manteiga, açúcar, leite de coco e queijo ralado e assa no forno a lenha, com a massa enrolada em tiras de folha de bananeira.
O pau-a-pique também pode ser conhecido como cubu. Cidinha Santiago o chama assim e prepara a broa com rapadura, coalhada, fubá, cravo e canela.
A receita coletada pelas pesquisadoras Mônica e Isabel Pequeno no Sítio Boa Vista, no município de Lima Duarte (MG), também é feita com fubá, mas, em vez de canela, tem erva-doce.


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