São Paulo, domingo, 12 de julho de 2009

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"Todo ator precisa de plateia"

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

"Você vai ao show do Bortolotto?", pergunta uma menina para outra, na calçada da praça Roosevelt, em frente ao bar dos Parlapatões, o local mais agitado do point do "povo do teatro". O Bortolotto em questão é o dramaturgo Mário Bortolotto, espécie de rei do local. Ele é um dos responsáveis pela revitalização da área e pela conversa em uma das mesas mais animadas do local, na véspera do feriado.
Lá pelas 2h, com as portas fechadas, o local continua lotado. "Aqui é um "Big Brother'", explica "a atriz", que está em cartaz em um dos teatros da praça. "Sabe por que a gente frequenta os bares da Roosevelt? Porque todo ator precisa de aplauso. E aqui te aplaudem mesmo quando você está bêbada caída no chão."
"O Rapper", que não é do teatro, mas frequenta a praça, faz coro. "Aqui tem mais povo do teatro, mas eles são abertos a quem é de fora, porque ator precisa de plateia."
Os frequentadores da Roosevelt discordam em relação ao tamanho do "público". Há quem fale em 45% de "estrangeiros", outros apostam em 15%. Mas como se reconhece alguém que é do teatro? "Eles estarão usando roupa de brechó e tentando aparecer", diz o amigo diretor. E talvez usando acessórios exóticos, como uma cartola dourada, adereço de uma moça que ocupa uma mesa do Papo, Pinga e Petisco, que tem um boneco do Elvis na porta. Ao lado, dois homens com roupa social conversam. As calças de tergal convivem em harmonia com a cartola.
Enquanto isso, o bicho continua pegando nos Parlapatões. "Aqui é o nosso "footing'", diz a atriz. E a plateia aplaude.


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