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"Todo ator precisa de plateia"
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
"Você vai ao show do
Bortolotto?", pergunta
uma menina para outra,
na calçada da praça Roosevelt, em frente ao bar dos
Parlapatões, o local mais
agitado do point do "povo
do teatro". O Bortolotto
em questão é o dramaturgo Mário Bortolotto, espécie de rei do local. Ele é um
dos responsáveis pela revitalização da área e pela
conversa em uma das mesas mais animadas do local, na véspera do feriado.
Lá pelas 2h, com as portas fechadas, o local continua lotado. "Aqui é um
"Big Brother'", explica "a
atriz", que está em cartaz
em um dos teatros da praça. "Sabe por que a gente
frequenta os bares da Roosevelt? Porque todo ator
precisa de aplauso. E aqui
te aplaudem mesmo quando você está bêbada caída
no chão."
"O Rapper", que não é
do teatro, mas frequenta a
praça, faz coro. "Aqui tem
mais povo do teatro, mas
eles são abertos a quem é
de fora, porque ator precisa de plateia."
Os frequentadores da
Roosevelt discordam em
relação ao tamanho do
"público". Há quem fale
em 45% de "estrangeiros",
outros apostam em 15%.
Mas como se reconhece alguém que é do teatro?
"Eles estarão usando roupa de brechó e tentando
aparecer", diz o amigo diretor. E talvez usando
acessórios exóticos, como
uma cartola dourada, adereço de uma moça que
ocupa uma mesa do Papo,
Pinga e Petisco, que tem
um boneco do Elvis na
porta. Ao lado, dois homens com roupa social
conversam. As calças de
tergal convivem em harmonia com a cartola.
Enquanto isso, o bicho
continua pegando nos
Parlapatões. "Aqui é o nosso "footing'", diz a atriz. E a
plateia aplaude.
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