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Escassez de recursos freia experimentação
ESPECIAL PARA A FOLHA
Em três décadas, o Ballet Teatro Guaíra de Curitiba já viveu
fase áurea nos anos 80, quando
produziu o espetáculo "O Grande
Circo Místico", coreografado por
Carlos Trincheiras, com músicas
de Edu Lobo e Chico Buarque.
Nos últimos anos, porém, a
companhia paranaense ficou fora
do circuito nacional, por crises internas. "Bailarinos em idade para
se aposentar, mas ainda obrigados a dançar, constituíram nosso
grande problema, quase paralisando o grupo", diz Mara Moron,
diretora artística do Guaíra.
A alternativa, segundo Moron,
foi criar uma segunda companhia, que agora reúne os mais antigos. Com repertório próprio,
sentem-se estimulados para fazer
um trabalho com maior identidade. Já a trupe principal busca renovação, sob a direção artística de
Susana Braga, recém-nomeada.
Paralelamente às companhias
veteranas, que incluem o Balé do
Teatro Castro Alves de Salvador,
o Brasil já conta com novas formações, como a Cia. de Caxias do
Sul, dirigida por Sigrid Nora. Vinculada à Secretaria Municipal da
cidade gaúcha, o grupo trabalha
com uma escola de dança.
"Procuramos fugir ao modelo
tradicional das companhias brasileiras com um trabalho mais experimental, baseado na pesquisa.
Mas é difícil quando se depende
do poder público", diz Nora, que
acha importante estimular talentos brasileiros e também convidar coreógrafos de outros países.
"O difícil é combinar os cachês
dos convidados com o orçamento
de que dispomos". Em razão de
dificuldades semelhantes, Antonio Carlos Cardoso, diretor do
Balé do Teatro Castro Alves, vem
procurando trabalhar com coreógrafos nacionais.
"Uma temporada de balé demora para ser viabilizada. Não é
como um CD, que pode contrabalançar faixas melhores com outras nem tanto. Na dança tem-se
de acertar sempre, principalmente no Brasil, onde há o risco financeiro. Por isso fica difícil desenvolver talentos, que precisam da
experiência prática para testar
possibilidades", diz Cardoso.
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