São Paulo, sábado, 12 de agosto de 2000


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Escassez de recursos freia experimentação

ESPECIAL PARA A FOLHA

Em três décadas, o Ballet Teatro Guaíra de Curitiba já viveu fase áurea nos anos 80, quando produziu o espetáculo "O Grande Circo Místico", coreografado por Carlos Trincheiras, com músicas de Edu Lobo e Chico Buarque.
Nos últimos anos, porém, a companhia paranaense ficou fora do circuito nacional, por crises internas. "Bailarinos em idade para se aposentar, mas ainda obrigados a dançar, constituíram nosso grande problema, quase paralisando o grupo", diz Mara Moron, diretora artística do Guaíra.
A alternativa, segundo Moron, foi criar uma segunda companhia, que agora reúne os mais antigos. Com repertório próprio, sentem-se estimulados para fazer um trabalho com maior identidade. Já a trupe principal busca renovação, sob a direção artística de Susana Braga, recém-nomeada.
Paralelamente às companhias veteranas, que incluem o Balé do Teatro Castro Alves de Salvador, o Brasil já conta com novas formações, como a Cia. de Caxias do Sul, dirigida por Sigrid Nora. Vinculada à Secretaria Municipal da cidade gaúcha, o grupo trabalha com uma escola de dança.
"Procuramos fugir ao modelo tradicional das companhias brasileiras com um trabalho mais experimental, baseado na pesquisa. Mas é difícil quando se depende do poder público", diz Nora, que acha importante estimular talentos brasileiros e também convidar coreógrafos de outros países.
"O difícil é combinar os cachês dos convidados com o orçamento de que dispomos". Em razão de dificuldades semelhantes, Antonio Carlos Cardoso, diretor do Balé do Teatro Castro Alves, vem procurando trabalhar com coreógrafos nacionais.
"Uma temporada de balé demora para ser viabilizada. Não é como um CD, que pode contrabalançar faixas melhores com outras nem tanto. Na dança tem-se de acertar sempre, principalmente no Brasil, onde há o risco financeiro. Por isso fica difícil desenvolver talentos, que precisam da experiência prática para testar possibilidades", diz Cardoso.


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