Ambiente ficou mais descontraído e o cardápio ganhou ares clássicos da cozinha francesa

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

O Brie Restô, inaugurado há dois meses, não é exatamente novo. Trata-se da nova identidade do Babette, que funcionava no mesmo endereço desde maio de 2009, mas não deslanchou.
A mudança de nome tem uma razão jurídica -a disputa pela marca. Mas não foi só o nome que mudou. Mudaram também a aparência -agora mais descontraída e com um providencial deque para a rua- e o cardápio -mais comportado.
Como continuidade, além do endereço (num sobrado centenário nos Jardins), ficou a proprietária e chef Eliane Carvalho, 44, nascida em Cuiabá.
A primeira mudança visível -e pode ser vital para cativar os clientes- é a física. O ambiente ficou mais leve, com gravuras remetendo a Paris e montagem das mesas menos formal.
Quanto à cozinha, o Babette tinha um cardápio com pretensões mais criativas, com mesclas franco-brasileiras. Já o Brie oferece uma cozinha francesa mais conhecida e convencional. Dessa forma, ele retoma a formação da própria chef mesmo mantendo alguns itens que lhe são caros, como o risoto de carne de sol (cuja carne é preparada por sua própria mãe).
Também continua na ativa o risoto de codornas com banana-da-terra, que fez sucesso na fase anterior, e o risoto com maçã-verde, um preferido da própria chef.
O restante do cardápio ficou marcadamente tradicional e francês, como foi a formação de Eliane. Não a inicial -ela estudou administração de empresas e se especializou em marketing, trabalhando com lojas de acessórios femininos.
Mas depois, apaixonada pela cozinha, aos 31 anos, fechou os negócios e investiu na gastronomia. Durante dois anos, fez cursos na Cordon Bleu em Paris e, em 2000, abriu o restaurante Chez Babette em Cuiabá, com cozinha francesa e inspirações regionais.
Foi difícil manter o negócio diante do pequeno movimento da cidade e dos preços inflacionados dos ingredientes que vinham todos de São Paulo. O Chez Babette virou um bufê até que ela veio se aventurar em São Paulo, em 2004, onde começou como consultora e banqueteira.
Até montar seu restaurante.
Nesta nova fase, ele oferece ao público pratos familiares num ambiente agradável.
Há, como o nome sugere, uma oferta de diferentes tipos de brie -o queijo entra também na composição de alguns pratos, como uma salada de brie com massa folhada, figo e vinagrete de framboesa.
Na pegada familiar, pode-se escolher champinhons de Paris gratinados, filé au poivre com batatas gratinadas, steak tartare, confit de pato ao vinho do Porto, carré de cordeiro com aligot. É uma cozinha agradável, embora com escorregões (molhos grossos sufocando o peixe, cordeiro bem passado) que podem ser resquícios dos vícios antiquados do Cordon Bleu.
Em compensação, a sobremesa reserva uma surpresa bem brasileira, a cocada mole de rapadura com sorvete de coco.

josimar@basilico.com.br