São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2011

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"Eu gostava quando tudo era analógico"

"Você tinha que esperar para ver o resultado. Não era só filmar e pronto", diz J.J. Abrams sobre o cinema nos 70

Diretor de "Super-8" comenta influência de cineastas europeus e do sentimentalismo em seu trabalho

DE LONDRES

Leia, a seguir, a continuação da entrevista com o diretor J.J. Abrams.

 


Pergunta - Qual é a inspiração para esse filme?
J.J. Abrams -
A primeira inspiração foi revisitar aquela época da minha vida, a adolescência, que foi realmente estranha, especial, pura e engraçada.
Aí, liguei para o Spielberg e disse: "Quer fazer um filme chamado 'Super-8', sobre garotos querendo fazer filmes, da forma como eu e você queríamos?". Ele topou.
Uma das coisas de que gosto naquele época é que tudo era analógico. Você tinha que esperar para ver o resultado das coisas. Não era apenas filmar e estava pronto. Era preciso mandar revelar o filme. E isso tomava tempo. Você tinha também que editar fisicamente, cortando os pedaços e remontando. Se queria colocar uma música, tinha que pegar sua bicicleta e ir até uma loja de discos para comprar um.

Ao ver "Super-8", é impossível não se lembrar de "Conta Comigo" (filme de Rob Reiner, de 1986, que mostra a transformação de adolescentes).
Eu não quis apenas refazer filmes como "E.T." ou "Conta Comigo", mas fui influenciado por eles, é claro. Há também outras influências, de cineastas europeus como Jean Vigo, e [François] Truffaut. O Spielberg me falava: não haveria cinema americano sem esses filmes franceses, sem esse sentimentalismo, essa emoção. Sentimentalismo tem sempre uma conotação negativa, mas não fico nem um pouco incomodado com isso.

Em seus filmes e séries de TV, sempre aparece a figura de um pai problemático. É algo que tem a ver com sua vida?
Eu e meu pai temos uma boa relação agora, mas, quando eu era criança, era um pouco difícil. Porque, nos EUA, nos anos 70, os pais não se envolviam tanto na criação dos filhos como hoje. Meu pai era o típico pai da época: um pouco ausente. Mas a história da relação de pai e filho nesse filme é algo que eu sempre quis explorar. Sempre achei muito interessante essa ideia de alguém que perde a mãe, com quem tem afinidade, e fica com o pai, com quem precisa construir um relacionamento.


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