São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2011

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CRÍTICA AVENTURA

Homenagem a Spielberg, longa é fábula sensível sobre a perda da inocência

RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

Diretor do recente longa "Star Trek" (2009) e da série "Lost", J.J. Abrams concebeu "Super-8" como uma clara homenagem ao Steven Spielberg do início de carreira, em especial o de "Contatos Imediatos de Terceiro Grau" (1977) e de "E.T. - O Extraterreste" (1982). Produzido pelo próprio Spielberg, "Super-8" combina uma história de perda da inocência por um grupo de garotos com uma trama de ficção científica.
Quando Spielberg patenteou essa fórmula nos anos 1970 -e, ao lado de George Lucas, ajudou a criar o conceito de blockbuster -, ele foi acusado de infantilizar o cinema, mimando o espectador com emoções baratas e efeitos caros.
Ao ver "Super-8", é irônico notar como aquele conceito de blockbuster, reciclado 40 anos depois, parece um tipo de entretenimento maduro, até mesmo sereno, diante de franquias hiperativas como "Transformers" (também produzida por Spielberg). Aluno aplicado, J.J. Abrams entendeu a lição essencial da primeira fase do professor: as pessoas só vão embarcar na fantasia se antes disso elas se importarem com a realidade das pessoas envolvidas.
Empatia emocional não é um problema para Abrams. O protagonista, Joe (Joel Courtney), é um adolescente que perde a mãe, não se conecta com o pai policial e descobre o amor por uma colega (Elle Fanning) em uma pequena cidade, no final dos anos 1970. Ao realizarem um filme em super-8, ele e um grupo de amigos presenciam uma espetacular colisão de um carro com um trem e percebem que ela não foi acidental.
Em pouco tempo, a cidade começa a presenciar estranhos acontecimentos e Joe e seus amigos podem ser os únicos a ter as chaves para solucionar o mistério.
É preciso dizer que a apresentação do conflito se revela bem mais interessante do que sua resolução, em que a ficção científica vem à tona.
A primeira metade de "Super-8" talvez seja o melhor filme spielberguiano que Spielberg jamais realizou, mas não significa que o filme não tenha um coração próprio.
J.J. Abrams não fez apenas um decalque, mas sim uma dupla e sentida evocação: de sua infância e da infância do blockbuster.

SUPER-8
DIREÇÃO J.J. Abrams
PRODUÇÃO EUA, 2011
COM Joel Courtney, Elle Fanning
ONDE nos cines Tatuapé Cinemark, Frei Caneca e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom


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