São Paulo, domingo, 12 de setembro de 2004

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ARQUITETURA

Pavilhão do país é representado no evento, que tem início hoje, por 24 projetos sobre o tema da mudança

Brasil mostra sua metamorfose na Bienal de Veneza

SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

O pavilhão brasileiro da Bienal de Arquitetura de Veneza deste ano será inaugurado hoje sem a controvérsia que marcou a presença do país na última edição do evento, quando a exibição de imagens de favelas gerou críticas internas sobre como o Brasil seria visto pelos visitantes.
Sete escritórios e um total de 24 projetos ocuparão o espaço brasileiro em Veneza. O conjunto foi escolhido para adaptar a contornos brasileiros o tema central desta edição da Bienal, "Metamorfoses". O mote diz respeito à idéia da relação entre a arquitetura e as mudanças na sociedade.
De acordo com um dos curadores do pavilhão brasileiro, Jacopo Crivelli Visconti, diante da abrangência deste eixo, investiu-se em três leituras: a cronológica, a conceitual e a da metamorfose propriamente dita, exemplificada em projetos de revitalização.
Para a primeira, que registra transformações na arquitetura brasileira nos últimos 50 anos, Visconti afirma que foi selecionado um conjunto de projetos do escritório Aflalo e Gasperini, fundado há mais de 40 anos e responsável pelo desenho do prédio do Tribunal de Contas de São Paulo (1971), da casa de shows Credicard Hall (1998) e da reurbanização da área do complexo penitenciário do Carandiru (1999-2004).
A leitura conceitual é representada pelo trabalho do arquiteto mineiro Carlos M. Teixeira, cuja série "Amnésias Topográficas" lida com o conceito de palafitas em prédios de um bairro montanhoso de Belo Horizonte.
Projetos como os do Espaço Cultural dos Correios e do edifício São Vito, ambos em São Paulo, serão mostrados como idéias para a recuperação de construções e entornos que se encontravam degradados.
Fora do pavilhão, porém, a Bienal de Veneza não verá trabalhos de arquitetos brasileiros e só terá do país o projeto da Cidade da Música no Rio de Janeiro, concebido pelo francês Christian de Portzamparc. Visconti diz que a Bienal deste ano se orientou por uma direção tecnológica, em que são apresentadas propostas que fazem uso de recursos de computação gráfica e programas originalmente empregados por áreas como a aeronáutica. Vertentes, afirma o curador, distantes do que atualmente é feito no Brasil.

Mitologia e ciência
A Bienal de Veneza terá em sua nona edição cerca de 200 projetos realizados por 140 escritórios de arquitetura de mais de 40 países. A direção do evento neste ano é do suíço Kurt W. Forster, que afirmou ao jornal espanhol "El País" que o conceito de metamorfoses está baseado em duas raízes, a mitológica e a científica, esta última relacionada à criação e emprego de novas substâncias e às variações dos materiais de construção.
Dois módulos principais compõem o evento: a Corderie, reservada para trabalhos que transformaram a arquitetura a partir dos anos 70 até as mais recentes tendências, e o pavilhão italiano, que mostra como a arquitetura teve de se modificar para acompanhar o desenvolvimento da sociedade.



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