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Começa a balada
Com atrações como Franz Ferdinand e Art Brut, Motomix é aberto com mostras multimídia e de filmes para celulares
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Convergência de mídias, conectividade e fusão de linguagens são os objetivos que norteiam os artistas e os trabalhos
selecionados para o festival
Motomix, que acontece entre
quinta e sábado em São Paulo.
O evento terá uma mostra de
cinema de bolso (feito especialmente para celulares), exposição de obras multimídias e debates com artistas. A balada
mesmo acontece no sábado, no
Espaço das Américas, com a
apresentação de bandas como
Franz Ferdinand, Radio 4 e Art
Brut, além de DJs e produtores
como Isolée, Andrew Weatherall e a norueguesa Annie, entre
outros. Serão dois palcos: um
para o rock, outro para os eletrônicos.
Como acontece há alguns
anos no circuito de shows do
Brasil, é uma empresa de telefonia celular quem banca o festival. Assim, por trás do tratamento artístico que o evento
recebe, há a estratégia de marketing de uma corporação.
"Isso pode gerar um conflito,
mas desde o momento em que
fomos convidados [para fazer a
curadoria do festival], deixou-se claro que não deveria haver
nenhum tipo de interferência
em cima do foco que pretendíamos estabelecer, e isso não
houve", afirma Lucas Bambozzi, um dos curadores do núcleo
multimídia do Motomix (o outro é Mario Ramiro).
"Estamos lidando com a
idéia de enfrentamento de tecnologia que essas empresas estão colocando no mercado. Ignorar essas tecnologias não
condiz com o pensamento artístico. Essas tecnologias sugerem novas linguagens e estamos incitando os artistas a pensarem esses novos meios."
O Motomix será aberto na
quinta com a apresentação no
MuBE do grupo britânico Addictive TV, cujo trabalho mescla imagens e música por meio
de mixagens em DVD.
Uma série de instalações,
realizadas por três artistas convidados e 11 selecionados (gente que havia feito inscrição anterior), ilustra o caráter multimídia do evento. Eduardo Srur,
por exemplo, posicionou 160
antenas na laje do MuBE.
A mostra Cinema de Bolso é
um exemplo interessante da
"convergência de mídias". Cineastas convidados e selecionados exibem suas produções
feitas especialmente para serem vistas na tela pequena do
celular. O que muda em relação
ao cinema tradicional?
"É complicado firmar regras
de linguagem, mas presume-se
que, numa tela pequena, muitos elementos juntos vão se
empastelar, então a idéia é trabalhar com poucos movimentos. Há a questão da narrativa,
de conseguir passar uma mensagem econômica, pois a tela do
celular implica curta duração",
diz Bambozzi. Ainda, não há
tanta preocupação com a qualidade da imagem: "É possível
criar a partir de elementos que
não estejam necessariamente
em alta resolução".
Em sua parte musical (a curadoria é do produtor Marcos
Boffa e da jornalista Cláudia
Assef), com os shows de sábado, o Motomix também faz
uma reunião de linguagens.
Ao dividir os artistas em dois
palcos, o contraste é menor entre o rock e a eletrônica, entre o
uso de instrumentos orgânicos
e sintetizadores e softwares, e
maior entre bandas de dinâmica enérgica e dançante (Franz
Ferdinand, Radio 4, Art Brut,
Adult.) com DJs e produtores
cerebrais, menos instintivos
(Isolée, Swayzak, Andrew Weatherall, Modeselektor).
Ok, o Motomix tem seu discurso "artístico"; resta esperar
que promova diversão.
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