São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 2006

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Começa a balada

Com atrações como Franz Ferdinand e Art Brut, Motomix é aberto com mostras multimídia e de filmes para celulares

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Convergência de mídias, conectividade e fusão de linguagens são os objetivos que norteiam os artistas e os trabalhos selecionados para o festival Motomix, que acontece entre quinta e sábado em São Paulo.
O evento terá uma mostra de cinema de bolso (feito especialmente para celulares), exposição de obras multimídias e debates com artistas. A balada mesmo acontece no sábado, no Espaço das Américas, com a apresentação de bandas como Franz Ferdinand, Radio 4 e Art Brut, além de DJs e produtores como Isolée, Andrew Weatherall e a norueguesa Annie, entre outros. Serão dois palcos: um para o rock, outro para os eletrônicos.
Como acontece há alguns anos no circuito de shows do Brasil, é uma empresa de telefonia celular quem banca o festival. Assim, por trás do tratamento artístico que o evento recebe, há a estratégia de marketing de uma corporação.
"Isso pode gerar um conflito, mas desde o momento em que fomos convidados [para fazer a curadoria do festival], deixou-se claro que não deveria haver nenhum tipo de interferência em cima do foco que pretendíamos estabelecer, e isso não houve", afirma Lucas Bambozzi, um dos curadores do núcleo multimídia do Motomix (o outro é Mario Ramiro).
"Estamos lidando com a idéia de enfrentamento de tecnologia que essas empresas estão colocando no mercado. Ignorar essas tecnologias não condiz com o pensamento artístico. Essas tecnologias sugerem novas linguagens e estamos incitando os artistas a pensarem esses novos meios."
O Motomix será aberto na quinta com a apresentação no MuBE do grupo britânico Addictive TV, cujo trabalho mescla imagens e música por meio de mixagens em DVD.
Uma série de instalações, realizadas por três artistas convidados e 11 selecionados (gente que havia feito inscrição anterior), ilustra o caráter multimídia do evento. Eduardo Srur, por exemplo, posicionou 160 antenas na laje do MuBE.
A mostra Cinema de Bolso é um exemplo interessante da "convergência de mídias". Cineastas convidados e selecionados exibem suas produções feitas especialmente para serem vistas na tela pequena do celular. O que muda em relação ao cinema tradicional?
"É complicado firmar regras de linguagem, mas presume-se que, numa tela pequena, muitos elementos juntos vão se empastelar, então a idéia é trabalhar com poucos movimentos. Há a questão da narrativa, de conseguir passar uma mensagem econômica, pois a tela do celular implica curta duração", diz Bambozzi. Ainda, não há tanta preocupação com a qualidade da imagem: "É possível criar a partir de elementos que não estejam necessariamente em alta resolução".
Em sua parte musical (a curadoria é do produtor Marcos Boffa e da jornalista Cláudia Assef), com os shows de sábado, o Motomix também faz uma reunião de linguagens.
Ao dividir os artistas em dois palcos, o contraste é menor entre o rock e a eletrônica, entre o uso de instrumentos orgânicos e sintetizadores e softwares, e maior entre bandas de dinâmica enérgica e dançante (Franz Ferdinand, Radio 4, Art Brut, Adult.) com DJs e produtores cerebrais, menos instintivos (Isolée, Swayzak, Andrew Weatherall, Modeselektor).
Ok, o Motomix tem seu discurso "artístico"; resta esperar que promova diversão.


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