|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Radio 4 leva a política às pistas de dança
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o Radio 4 fosse uma
rádio de rock, seria do tipo
"classic", daquelas que só
tocam sons mais punks do
começo dos anos 80, como
Gang of Four, The Clash,
PiL etc. Mas, apesar de ser
uma banda -e uma das
principais atrações do Motomix-, ela emite as mesmas ondas saudosistas.
Grupo nova-iorquino
formado em 1999, o Radio
4 faz parte de uma cena
musical que explora o rock
funkeado, dançante, de
guitarras secas e altas e repleto de comentários políticos do pós-punk.
Mais do que um amontoado de bandas novas,
nomes como The Rapture,
The Juan Maclean, LCD
Soundsystem -inicialmente ligadas à gravadora
DFA- representam um
descolado estilo sonoro
que derruba as fronteiras
entre o punk e a dance.
O Radio 4, no entanto,
divide opiniões. Em várias
músicas, a influência passadista quase se confunde
com mera cópia. "No começo, eu me incomodava
com as críticas. Há pontos
claros em que a gente realmente se parece um pouco
com o Gang of Four, mas
hoje isso não é uma grande
questão", diz o vocalista e
baixista Anthony Roman à
Folha. "Não acho que o
pós-punk seja o melhor
período da história."
Lançando seu quarto
disco, "Enemies Like
This" (EMI; R$ 32, em
média), o Radio 4 toca pela primeira vez no Brasil e
tenta mostrar que dá para
dançar com discursos políticos na orelha. Mas será
que alguém que esteja se
jogando numa pista presta
atenção no que eles cantam? "A dance music geralmente é associada com
a idéia de festa, e o rock
tem a tradição de lidar
com temas mais pessoais.
Nossa idéia é fazer com
que a pessoa se divirta no
show, mas que, ao chegar
em casa, pense sobre o que
falamos", afirma Roman,
que, apesar de cantar em
inglês e abordar questões
mais relacionadas aos
EUA, diz que sua mensagem é "universal".
No novo disco, no entanto, a abordagem é mais
sutil. "As letras estão mais
pessoais, com uma certa
influência dos beatniks,
mas continuo falando sobre o estado da América."
"Too Much to Ask for",
por exemplo, aborda o desastre do furacão Katrina.
Roman é também dono
de uma loja de discos, o
que explica muito sobre o
funcionamento do Radio
4. "Consigo me manter ligado no que está surgindo,
e fico sabendo sobre o que
as pessoas estão interessadas em ouvir no momento, o que é muito bom para
quem é compositor."
Texto Anterior: Começa a balada Próximo Texto: Mônica Bergamo Índice
|