São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 2006

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Radio 4 leva a política às pistas de dança

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o Radio 4 fosse uma rádio de rock, seria do tipo "classic", daquelas que só tocam sons mais punks do começo dos anos 80, como Gang of Four, The Clash, PiL etc. Mas, apesar de ser uma banda -e uma das principais atrações do Motomix-, ela emite as mesmas ondas saudosistas.
Grupo nova-iorquino formado em 1999, o Radio 4 faz parte de uma cena musical que explora o rock funkeado, dançante, de guitarras secas e altas e repleto de comentários políticos do pós-punk.
Mais do que um amontoado de bandas novas, nomes como The Rapture, The Juan Maclean, LCD Soundsystem -inicialmente ligadas à gravadora DFA- representam um descolado estilo sonoro que derruba as fronteiras entre o punk e a dance.
O Radio 4, no entanto, divide opiniões. Em várias músicas, a influência passadista quase se confunde com mera cópia. "No começo, eu me incomodava com as críticas. Há pontos claros em que a gente realmente se parece um pouco com o Gang of Four, mas hoje isso não é uma grande questão", diz o vocalista e baixista Anthony Roman à Folha. "Não acho que o pós-punk seja o melhor período da história."
Lançando seu quarto disco, "Enemies Like This" (EMI; R$ 32, em média), o Radio 4 toca pela primeira vez no Brasil e tenta mostrar que dá para dançar com discursos políticos na orelha. Mas será que alguém que esteja se jogando numa pista presta atenção no que eles cantam? "A dance music geralmente é associada com a idéia de festa, e o rock tem a tradição de lidar com temas mais pessoais. Nossa idéia é fazer com que a pessoa se divirta no show, mas que, ao chegar em casa, pense sobre o que falamos", afirma Roman, que, apesar de cantar em inglês e abordar questões mais relacionadas aos EUA, diz que sua mensagem é "universal".
No novo disco, no entanto, a abordagem é mais sutil. "As letras estão mais pessoais, com uma certa influência dos beatniks, mas continuo falando sobre o estado da América." "Too Much to Ask for", por exemplo, aborda o desastre do furacão Katrina.
Roman é também dono de uma loja de discos, o que explica muito sobre o funcionamento do Radio 4. "Consigo me manter ligado no que está surgindo, e fico sabendo sobre o que as pessoas estão interessadas em ouvir no momento, o que é muito bom para quem é compositor."


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