São Paulo, Terça-feira, 12 de Outubro de 1999
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ARTES PLÁSTICAS

Exposição no Rio mostra as faces de Warhol

CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio

Andy Warhol conseguiu mais do que os 15 minutos de fama que, de acordo com sua máxima, todos teriam no futuro. Doze anos após sua morte, em Nova York, o artista plástico ainda é um nome que desperta paixões (e críticas) por seu trabalho.
A polêmica obra de Warhol chega hoje ao Rio em uma grande exposição que ocupará todo o prédio do Centro Cultural Banco do Brasil, até 12 de dezembro. A mostra marca as comemorações dos dez anos da instituição.
Toda a mitologia pop criada por Warhol nas décadas de 50, 60, 70 e 80 está na mostra. As latas de sopa Campbell's, as embalagens do sabão em pó Brillo, as garrafas de Coca-Cola e outras imagens do mundo de consumo apropriadas pela arte de Warhol surgem nos amplos salões do CCBB.
Nas paredes, as famosas séries de retratos: Marilyn Monroe, Marlon Brando, Jackie Onassis, John Lennon, Mick Jagger e vários outros ícones da cultura pop.
"Warhol", a exposição, apresenta ao público os cerca de 250 trabalhos do artista que estão no acervo do colecionador José Mugrabi, um misterioso homem de negócios nascido em Jerusalém e que fez fortuna na Colômbia.
Hoje Mugrabi vive em Nova York. É avesso a badalações e circula pouco -mas costuma frequentar leilões de arte contemporânea, onde compra preferencialmente trabalhos de nomes como Jean-Michel Basquiat, Tom Wesselman e Eva Hesse.
A mostra abre ao público hoje ao meio-dia, com uma festa comemorando o aniversário do CCBB, e procura mostrar os principais aspectos da vida do artista.
Logo na entrada do prédio, fotos contam um pouco da vida do artista, nascido Andrew Warhola, em Pittsburgh.
Entre as fotos, algumas históricas, mostrando Warhol trabalhando na Factory, estúdio em Nova York que se transformou no "point" dos artistas de vanguarda da cidade nos anos 60 e 70. Nas paredes coloridas, estarão dispostas telas e frases do artista.
As seis salas da mostra foram divididas de forma temática. Em duas delas, estarão retratos, como os das séries "Marilyn Monroe -Twenty Times", de 62, e "Jackie", de 64, retratos de Liz Taylor (65), Marlon Brando (66), Dennis Hopper (70), Mao Tsé-Tung (73), Mick Jagger e Rudolf Nureyev (75), Jean-Michel Basquiat (82) e John Lennon (85), além de auto-retratos feitos entre 63 e 86.
Os trabalhos "pré-pop" de Warhol ganharam outra sala. Ali estão desenhos feitos nos anos 50, quando o artista ganhava a vida como ilustrador de revistas, como a "Glamour", e de livros, como "A la Recherche du Shoe Perdu".
Há ainda uma sala para obras dos anos 60, como a série "Electric Chair" (1962-64), feita em um período em que Warhol se apropriava de elementos simbólicos de uma sociedade violenta e os tornava banais em sua crueldade.
É nessa fase que surgem também os trabalhos que se apropriam dos objetos de consumo, como as latas de sopa, garrafas de Coca-Cola, embalagens de cereais e de sabão em pó.
A mostra traz ainda uma faceta pouco conhecida do artista: os desenhos feitos para crianças.
A experiência começou em 83, quando o marchand de Warhol em Zurique, Bruno Bischofberger, sugeriu que ele se dedicasse ao tema. A partir daí, surgiram ursinhos, aviões, carros de corrida, naves espaciais, palhaços e cachorrinhos.
A sala "infantil" é especial: os quadros serão pendurados a uma altura mais baixa, para que possam ser melhor observados por seu público-alvo.
Por fim, a sexta sala terá obras dos anos 80, como a série feita a partir da "Última Ceia" de Leonardo da Vinci.



Mostra: Warhol
Quando: a partir de hoje, de ter. a dom., das 12h às 20h. Até 12/12
Onde: CCBB (r. Primeiro de Março, 66, centro do Rio, tel. 0/xx/21/808-2020)
Quanto: entrada franca
Patrocinadores: Banco do Brasil e Ford




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