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CINEMA
Populares na TV, personagens de "Os Normais" exploram mercado de cinema com longa
Nada fora do normal
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Se todo fim é uma oportunidade
para um novo começo na vida dos
casais, Rui (Luiz Fernando Guimarães) e Vani (Fernanda Torres) fizeram o comum e seguiram
a receita.
No último dia 3, os personagens
do seriado "Os Normais" se despediram da TV, quando terminou a exibição do 71º episódio
criado pelos autores Alexandre
Machado e Fernanda Young, para
ocupar (nos últimos três anos) as
noites de sexta na programação
da TV Globo.
No próximo dia 24, Rui e Vani
retomam a convivência com o
público, ocupando 224 telas de cinema no país, com o lançamento
do longa "Os Normais".
Mídia
A campanha de divulgação do
filme -que tem direção de José
Alvarenga Jr., 42, a mesma assinatura por trás dos capítulos televisivos- aposta na fossa do espectador com o fim do seriado.
"É um programa que saiu do ar
vitorioso. Acabou não porque tenha sofrido queda de audiência,
mas porque os autores estavam
cansados", diz Bruno Wainer, diretor-executivo da Lumière, empresa que co-produziu (com Globo Filmes e Missão Impossível 5)
o longa e o distribui.
"A campanha vai ser centrada
na mensagem de que o programa
de TV acabou e, agora, "Os Normais" estão só no cinema", afirma
Alvarenga Jr.
Wainer diz que lançará mão de
todos os instrumentos "típicos de
uma campanha que mira [alcançar] mais de 1 milhão de espectadores". São eles anúncios em jornais, rádios, ônibus e outdoors e
"obviamente uma fortíssima mídia de televisão", até porque "a
Globo Filmes está com um carinho especial com esse projeto".
Nos bastidores do mercado cinematográfico, o "carinho" é interpretado como um desafio da
marca Globo de superar, com um
produto original seu, resultados
alcançados em projetos externos
aos quais se associou.
Alvarenga Jr. não nega a proximidade do filme com o formato
do programa de TV. "É claro que
o filme deve remeter ao seriado,
porque durante três anos tivemos
esses personagens [no ar] e, afinal, o filme é sobre eles."
Mas o diretor afirma ter buscado duas características exclusivas
para o longa, uma de natureza
técnica e outra, narrativa.
A técnica: "A luz do filme é diferente da do programa, mais dramática; a proporção dos espaços é
outra e a movimentação dos atores também. Isso porque queríamos uma mecânica cinematográfica, para que o espectador se sentisse realmente diante de um filme na tela, e não diante de um
programa de TV".
A temática: "Procuramos desenvolver os personagens mostrando como o Rui seria antes de
conhecer a Vani e vice-versa".
No caso, ele "é mais careta" e
ela, "febrilmente perturbada, o
que lhe dá essa "porralouquice"
tão simpática".
A trama do longa faz com que
os personagens se conheçam no
dia de seus casamentos, marcados
para a mesma igreja, em sequência. A noiva de Rui é Marta (Marisa Orth), o par de Vani é Sérgio
(Evandro Mesquita).
Romance
O enamoramento do futuro casal oferece a pista para a faceta romântica da comédia e a chance
para os atores variarem o script.
"[No programa] Nunca seduzi a
Vani, nunca me despertei para
ela. No filme, tentamos fazer esse
retrocesso e mostrar como nasceu
o amor dos dois", diz Guimarães.
Torres diz que a "situação-limite" vivida por Vani -a descoberta de indícios de uma traição
ocorrida na véspera de seu casamento- fez com que ela se preocupasse em evitar exageros de interpretação.
"Como a Vani está muito histérica [no filme], tive medo de, como atriz, não conseguir encontrar
os meios-tons", diz.
Alvarenga Jr. prescindiu de ensaios com os atores antes das filmagens e de sessões-teste com o
público depois de pronto o filme.
"Assim como fizemos na TV,
nós fomos a nossa própria medida de avaliação", diz. Isso quer dizer que cenas previstas no roteiro
ou mesmo filmadas foram suprimidas do corte final quando não
pareceram suficientemente divertidas à equipe. "Sem querer ter
pretensão, acho que nossa medida tem uma boa comunicação
com o público", afirma o diretor.
Vôo solo
Se o resultado da bilheteria de
"Os Normais" corresponder às
expectativas dos produtores, é
possível que a história tenha continuação num novo filme.
Alvarenga Jr. diz que a aceitação
do programa e de seus derivados
anteriores a esse longa-metragem
(um livro e dois DVDs) "sempre
surpreendeu".
"Nossa primeira meta era fazer
nove programas. Foi um estouro.
Ficamos três anos no ar", diz.
"Agora, nós nos separamos como
uma banda de rock, em que cada
um vai fazer seu vôo solo. Mas
não quer dizer que não possamos
nos reunir de novo para trabalhos
especiais."
Torres e Guimarães "voam"
atualmente em direção ao teatro.
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