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São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2003

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CINEMA

Populares na TV, personagens de "Os Normais" exploram mercado de cinema com longa

Nada fora do normal

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Se todo fim é uma oportunidade para um novo começo na vida dos casais, Rui (Luiz Fernando Guimarães) e Vani (Fernanda Torres) fizeram o comum e seguiram a receita.
No último dia 3, os personagens do seriado "Os Normais" se despediram da TV, quando terminou a exibição do 71º episódio criado pelos autores Alexandre Machado e Fernanda Young, para ocupar (nos últimos três anos) as noites de sexta na programação da TV Globo.
No próximo dia 24, Rui e Vani retomam a convivência com o público, ocupando 224 telas de cinema no país, com o lançamento do longa "Os Normais".

Mídia
A campanha de divulgação do filme -que tem direção de José Alvarenga Jr., 42, a mesma assinatura por trás dos capítulos televisivos- aposta na fossa do espectador com o fim do seriado.
"É um programa que saiu do ar vitorioso. Acabou não porque tenha sofrido queda de audiência, mas porque os autores estavam cansados", diz Bruno Wainer, diretor-executivo da Lumière, empresa que co-produziu (com Globo Filmes e Missão Impossível 5) o longa e o distribui.
"A campanha vai ser centrada na mensagem de que o programa de TV acabou e, agora, "Os Normais" estão só no cinema", afirma Alvarenga Jr.
Wainer diz que lançará mão de todos os instrumentos "típicos de uma campanha que mira [alcançar] mais de 1 milhão de espectadores". São eles anúncios em jornais, rádios, ônibus e outdoors e "obviamente uma fortíssima mídia de televisão", até porque "a Globo Filmes está com um carinho especial com esse projeto".
Nos bastidores do mercado cinematográfico, o "carinho" é interpretado como um desafio da marca Globo de superar, com um produto original seu, resultados alcançados em projetos externos aos quais se associou.
Alvarenga Jr. não nega a proximidade do filme com o formato do programa de TV. "É claro que o filme deve remeter ao seriado, porque durante três anos tivemos esses personagens [no ar] e, afinal, o filme é sobre eles."
Mas o diretor afirma ter buscado duas características exclusivas para o longa, uma de natureza técnica e outra, narrativa.
A técnica: "A luz do filme é diferente da do programa, mais dramática; a proporção dos espaços é outra e a movimentação dos atores também. Isso porque queríamos uma mecânica cinematográfica, para que o espectador se sentisse realmente diante de um filme na tela, e não diante de um programa de TV".
A temática: "Procuramos desenvolver os personagens mostrando como o Rui seria antes de conhecer a Vani e vice-versa".
No caso, ele "é mais careta" e ela, "febrilmente perturbada, o que lhe dá essa "porralouquice" tão simpática".
A trama do longa faz com que os personagens se conheçam no dia de seus casamentos, marcados para a mesma igreja, em sequência. A noiva de Rui é Marta (Marisa Orth), o par de Vani é Sérgio (Evandro Mesquita).

Romance
O enamoramento do futuro casal oferece a pista para a faceta romântica da comédia e a chance para os atores variarem o script. "[No programa] Nunca seduzi a Vani, nunca me despertei para ela. No filme, tentamos fazer esse retrocesso e mostrar como nasceu o amor dos dois", diz Guimarães.
Torres diz que a "situação-limite" vivida por Vani -a descoberta de indícios de uma traição ocorrida na véspera de seu casamento- fez com que ela se preocupasse em evitar exageros de interpretação.
"Como a Vani está muito histérica [no filme], tive medo de, como atriz, não conseguir encontrar os meios-tons", diz.
Alvarenga Jr. prescindiu de ensaios com os atores antes das filmagens e de sessões-teste com o público depois de pronto o filme.
"Assim como fizemos na TV, nós fomos a nossa própria medida de avaliação", diz. Isso quer dizer que cenas previstas no roteiro ou mesmo filmadas foram suprimidas do corte final quando não pareceram suficientemente divertidas à equipe. "Sem querer ter pretensão, acho que nossa medida tem uma boa comunicação com o público", afirma o diretor.

Vôo solo
Se o resultado da bilheteria de "Os Normais" corresponder às expectativas dos produtores, é possível que a história tenha continuação num novo filme.
Alvarenga Jr. diz que a aceitação do programa e de seus derivados anteriores a esse longa-metragem (um livro e dois DVDs) "sempre surpreendeu".
"Nossa primeira meta era fazer nove programas. Foi um estouro. Ficamos três anos no ar", diz. "Agora, nós nos separamos como uma banda de rock, em que cada um vai fazer seu vôo solo. Mas não quer dizer que não possamos nos reunir de novo para trabalhos especiais."
Torres e Guimarães "voam" atualmente em direção ao teatro.



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