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LIVRO
No recém-lançado "Dude, Where's My Country?", humor inteligente do autor sucumbe a exibicionismo e demagogia
Autopromoção excessiva prejudica Michael Moore
DO ""NEW YORK TIMES"
Em seu livro mais recente, Michael Moore revela a identidade
de seu candidato político favorito:
alguém que defenda "um país livre, um país seguro, um país pacífico que compartilhe suas riquezas com os menos afortunados no
mundo, um país que acredite na
idéia de todos terem uma chance
justa e onde o medo é visto como
a única coisa que precisamos temer". Só que ele fala dele mesmo.
Quando "nós, o povo" entra no
discurso de alguém que gosta de
soltar palavras de ordem, é bom
ficar atento. Nosso autodenominado porta-voz talvez tenha uma
agenda política própria. Na condição de alguém que tem pendor
pela demagogia, alguém que acha
que a estrutura política atual "precisa ser derrubada, removida e
substituída por todo um sistema
novo que esteja sob nosso controle", Moore posa para a câmera,
mesmo quando em livro.
A obra anterior de Moore, "Stupid White Men", fez tanto sucesso
que se tornou o livro de não-ficção mais vendido do ano passado.
Estava em sua 52ª edição quando
Moore concluiu "Dude, Where's
My Country?" (Cara, Onde Está
Meu País?), um livro que se mostra ansioso por mencionar as realizações de seu autor.
"Dude, Where's My Country?"
inclui um capítulo no qual Moore
adota a voz de Deus -só de brincadeira, é claro. Em outro capítulo, ele convida você, o leitor, a entrar para o que ele chama de "Milícia de Mike". E, em seguida, distribui instruções na condição de
"seu comandante-em-chefe". O
humor inteligente e subversivo
que atrai 1 milhão de visitantes
por dia para o seu site fica seriamente prejudicado pelo peso de
tanta autopromoção.
Quando "Stupid White Men"
foi lançado, a xingação que promovia foi uma novidade na lista
dos best-sellers. Hoje, porém, ela
já cresceu e está por toda a parte.
Moore sem dúvida compartilha
leitores com outros escritores de
visão similar, porém mais bem
fundamentados, como Molly
Ivins, Lou Dubose e Joe Conason.
Mas Moore, com a convicção que
acompanha sua personalidade
exibida, se torna o mais acessível.
Ao mesmo tempo em que arredonda os valores em dinheiro
saudita para a casa dos trilhões,
Moore é muito mais preciso em
outras áreas. Por exemplo, ele
identifica membros da Coalizão
dos Dispostos no Iraque como o
arquipélago de Palau, no Pacífico
Norte, com uma população menor do que o público de muitos
shows de rock.
Não se trata de uma informação
nova, mas ela é apresentada aqui
de maneira a fazer muito efeito. O
mesmo pode ser dito de quando
traz à tona acontecimentos pouco
noticiados pela imprensa, como
uma visita que representantes do
taleban fizeram ao Texas em 1997
por motivos ligados ao petróleo.
No fim, porém, conclui-se que
Moore usou todo seu discurso populista e apaixonado no esforço
de promover a transformação. Isso faz de "Dude, Where's My
Country?" um adesivo de pára-choque que faz as vezes de livro.
Tradução Clara Allain
DUDE, WHERE'S MY COUNTRY. Autor:
Michael Moore. Editora: Warner Books.
Quanto: R$ 55, em média (320 págs.).
Onde comprar: www.amazon.com;
www.livcultura.com.
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