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ILUSTRADA
Morre, aos 80, o escritor mineiro Fernando Sabino
Autor de 'O Encontro Marcado' e 'Zélia, uma Paixão' sofria de câncer no fígado e será enterrado hoje no Rio de Janeiro
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Vítima de câncer no fígado, o
escritor e cronista Fernando Tavares Sabino morreu às 13h de ontem, em sua casa, no bairro de
Ipanema (zona sul do Rio). Ele
completaria 81 anos hoje.
Sabino lutava contra a doença
havia cerca de dois anos. Seu estado de saúde piorou nos últimos
dois meses, quando teve comprovada a ocorrência de metástase
(propagação do câncer por outras
partes do corpo). De acordo com
seus filhos Mariana e Bernardo,
cinco dias atrás o escritor parou
de falar e desde sábado estava sendo mantido sedado.
Nascido em Belo Horizonte, Sabino era o último vivo do quarteto
mineiro de escritores integrado
por Hélio Pellegrino (1924-88),
Otto Lara Resende (1922-92) e
Paulo Mendes Campos (1922-91).
Essa amizade inspirou Sabino a
escrever "O Encontro Marcado"
(1956), seu livro de maior sucesso.
Os filhos disseram que, apesar
da doença, Sabino trabalhava em
casa e escrevia um livro, cujo tema
e conteúdo eram mantidos em sigilo por ele. Pouco antes de morrer, Sabino comentou que escrevia uma "autobiografia não-autorizada por mim mesmo", na qual
retomaria o personagem Eduardo
Marciano, seu alter-ego em "O
Encontro Marcado" (1956).
Depois que teve detectado o
câncer, o escritor não quis se internar. Preferiu fazer o tratamento em casa. Chegou a ser submetido a uma quimioterapia. Há três
semanas, sofrendo de desidratação, foi internado na Casa de Saúde Pinheiro Machado.
Os filhos disseram que Sabino
teve uma morte tranqüila. A família tinha marcado para hoje missa
em comemoração de seu 81º aniversário na igreja da Ressurreição
(Ipanema), que o escritor, católico praticante, freqüentava.
Nos últimos anos, era assediado
para se candidatar a uma cadeira
na ABL (Academia Brasileira de
Letras), mas não aceitou concorrer a uma vaga.
O corpo de Sabino começou a
ser velado ontem no cemitério
São João Baptista (zona sul). O
enterro está marcado para as 11h
de hoje. Na lápide do caixão do escritor havia os dizeres "Aqui jaz
Fernando Sabino. Nasceu homem, morreu o menino", de autoria do próprio Sabino.
Além de "O Encontro Marcado", suas principais obras foram
"O Homem Nu" (1960), "O Menino no Espelho" (1982) e "O Grande Mentecapto" (1979), que deu a
Sabino o Prêmio Jabuti.
Em 1991, lançou o livro "Zélia,
uma Paixão", biografia autorizada de Zélia Cardoso de Mello, ministra da Economia do governo
Fernando Collor (1990-92), trabalho que o autor se recusava a comentar. Acreditava ter sido vítima de hostilidade por causa dele.
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