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CINEMA
"Grito 2" reforça fenômeno do J-Horror
Filme dirigido por Takashi Shimizu confirma o recente interesse de Hollywood pelo cinema de terror japonês atual
À Folha, cineasta afirma que a indústria americana do gênero passa por crise e que as histórias orientais se tornaram uma alternativa
LEONARDO CRUZ
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO
J-Horror é a palavra-chave
de um fenômeno dos anos
2000, confirmado pela estréia
mundial hoje de "O Grito 2". O
filme de Takashi Shimizu comprova o interesse da indústria
americana pelo cinema de horror japonês, fruto de refilmagens e adaptações na década.
O caso de Shimizu é exemplar. Com a nova obra, é a sexta
vez que ele trabalha com variações da mesma história. A saga
da mulher-monstro-fantasma
que habita uma casa amaldiçoada de Tóquio foi criada pelo
cineasta em 2000, em um filme
para uma TV local. Ganhou
uma continuação, também para a TV, naquele mesmo ano.
Em 2003, duas versões para cinema com elenco japonês foram sucesso de público no país.
O êxito chamou a atenção de
Hollywood, e "O Grito", rodado
no Japão com protagonistas e
investimento americanos, foi
lançado em 2004.
O fenômeno J-Horror começou com "O Chamado", de Hideo Nakata. O filme original, de 1998, foi bem recebido na Europa e nos EUA e já rendeu,
além de continuações no Japão, duas adaptações ocidentais. E "Água Negra" (2002), também de Nakata, foi refilmado em 2005 nos EUA por Walter Salles e com Jennifer Connelly como protagonista.
Há uma crise de criatividade
na indústria de horror americana? Sim, respondeu Takashi
Shimizu, em entrevista à Folha
em março deste ano, no set de
filmagens de "O Grito 2", nos
estúdios Toho, em Tóquio.
"Hollywood perdeu seus
grandes contadores de histórias de horror e descobriu no
Japão uma boa fonte para assustar suas platéias", avaliou
Shimizu, por meio de intérprete e observado por produtores
e assessores americanos.
A análise de Shimizu é corroborada por Taka Ichise, produtor japonês de "O Grito 2" e também das versões originais
de "O Grito" e "O Chamado".
"Os filmes de horror americanos dos anos 80, que eram só
sangue e efeitos especiais, esgotaram o espectador, e hoje é
mais difícil surpreender o público", opinou Ichise.
O J-Horror do qual Shimizu
faz parte tenta se distanciar
desse formato sanguinolento e
investe em histórias de fantasmas, muito tradicionais no Japão, carregadas de tensão psicológica. O uso desse suspense
psicológico não é, sem dúvida,
uma novidade do J-Horror
-Roman Polanski já explorava
o recurso com muito mais
maestria nos anos 60, em filmes como "Repulsa ao Sexo" e
"O Bebê de Rosemary".
Este último é citado por Amber Tamblyn como um de seus
filmes de terror favoritos. Protagonista de "O Grito 2", ela falou à Folha após passar o dia
gravando no cenário do segundo andar da casa amaldiçoada.
Escolada em filmes do gênero (ela morre na primeira cena
de "O Chamado"), Tamblyn
disse que a diferença de atuar
para um diretor japonês é que
ele é mais atento a detalhes.
"Tudo é mais sutil, e o medo
surge quando você não espera.
Interpretar um personagem
nesse contexto é um desafio."
O jornalista LEONARDO CRUZ viajou a Tóquio a
convite da Paris Filmes
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