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Crítica/"Deu a Louca na Chapeuzinho"
Promissora sátira de conto de fadas desperdiça chance de reinventar mito
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem é Chapeuzinho
Vermelho? E o que essa inocente menina vai
fazer sozinha em uma floresta
escura, onde dá ouvidos a um
estranho, antes de se espantar
com o tamanho avantajado dos
membros da sua suposta avó?
Conto moral, metáfora sobre o
despertar da sexualidade feminina ou referência velada à
prostituição infantil, tudo depende da época em que o clássico conto de fadas é contado.
Essa possibilidade de múltiplas interpretações é o bom
ponto de partida de "Deu a
Louca na Chapeuzinho", animação nos moldes de "Shrek"
que não chega, no entanto, a
cumprir a esperada promessa
de esculhambação e reinvenção em torno de um mito.
A referência dessa sátira é a
versão que ficou mais conhecida, a dos irmãos Grimm, aquela
em que o lenhador salva a menina do lobo. Vemos o "crime"
sob quatro pontos de vista diferentes: Chapeuzinho luta artes
marciais, a vovozinha é uma viciada em esportes radicais, o lobo é um jornalista e o lenhador é um ator medíocre.
"Deu a Louca" não reinventa
o conto sob a luz dos novos
tempos acrescentando-lhe significações morais. Com boa
carreira nos EUA, o filme é
mais um sintoma do entretenimento audiovisual dos dias
atuais, pois gasta a maior parte
de seu tempo em cenas de ação
protagonizadas pela vovó esportista -prontas para serem
reproduzidas em games- e
queima seu potencial numa comicidade não desenvolvida,
que se encerra apenas na definição de seus personagens.
DEU A LOUCA NA
CHAPEUZINHO
Direção: Cory Edwards
Produção: EUA, 2005
Quando: a partir de hoje nos cines Interlagos, Iguatemi Cinemark e circuito
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