São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 2006

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Crítica/"Deu a Louca na Chapeuzinho"

Promissora sátira de conto de fadas desperdiça chance de reinventar mito

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem é Chapeuzinho Vermelho? E o que essa inocente menina vai fazer sozinha em uma floresta escura, onde dá ouvidos a um estranho, antes de se espantar com o tamanho avantajado dos membros da sua suposta avó?
Conto moral, metáfora sobre o despertar da sexualidade feminina ou referência velada à prostituição infantil, tudo depende da época em que o clássico conto de fadas é contado.
Essa possibilidade de múltiplas interpretações é o bom ponto de partida de "Deu a Louca na Chapeuzinho", animação nos moldes de "Shrek" que não chega, no entanto, a cumprir a esperada promessa de esculhambação e reinvenção em torno de um mito.
A referência dessa sátira é a versão que ficou mais conhecida, a dos irmãos Grimm, aquela em que o lenhador salva a menina do lobo. Vemos o "crime" sob quatro pontos de vista diferentes: Chapeuzinho luta artes marciais, a vovozinha é uma viciada em esportes radicais, o lobo é um jornalista e o lenhador é um ator medíocre.
"Deu a Louca" não reinventa o conto sob a luz dos novos tempos acrescentando-lhe significações morais. Com boa carreira nos EUA, o filme é mais um sintoma do entretenimento audiovisual dos dias atuais, pois gasta a maior parte de seu tempo em cenas de ação protagonizadas pela vovó esportista -prontas para serem reproduzidas em games- e queima seu potencial numa comicidade não desenvolvida, que se encerra apenas na definição de seus personagens.


DEU A LOUCA NA CHAPEUZINHO    Direção: Cory Edwards
Produção: EUA, 2005
Quando: a partir de hoje nos cines Interlagos, Iguatemi Cinemark e circuito


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