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Brasileiro ilustra HQ de líder de banda emo
Trabalho de Gabriel Bá está em obra do vocalista do My Chemical Romance
Quadrinista diz que sensibilidade diferencia seu traço; "The Umbrella Academy" não tem previsão de lançamento no Brasil
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Há um muro separando o
universo dos quadrinhos do
universo das outras artes. Gabriel Bá está numa missão para
unir esses dois mundos.
Aos 31 anos, Bá é dos mais
premiados quadrinistas brasileiros. Ao lado de seu irmão gêmeo, Fábio Moon, ele assina
obras como "10 Pãezinhos"
(primeira publicação da dupla,
que, no final do mês, ganha
uma compilação comemorativa de dez anos) e "O Alienista"
(adaptação de Machado de Assis). Sem o irmão, Bá é o responsável pelas ilustrações de
"The Umbrella Academy", minissérie em seis capítulos escrita por Gerard Way, vocalista da
banda My Chemical Romance.
Os Estados Unidos são familiares a Gabriel Bá há algum
tempo. As prateleiras daquele
país destacam obras como
"Meu Coração Não Sei por
Quê", "De:Tales" e "Casanova".
Com "Umbrella Academy",
esse paulistano está ganhando
apostos pop. Em junho, Bá e
Moon estamparam página da
revista "Entertainment
Weekly", numa lista de cem nomes em que se deve prestar
atenção. Bá aparece em 48º na
lista de "coisas mais quentes"
feita pela "Blender" -no caso,
por "Umbrella Academy".
O que faz de Gabriel Bá e de
seu irmão tão especiais? O que
suas histórias e seus traços têm
de particular? "A sensibilidade,
talvez. Nos EUA, as histórias ou
são sombrias, ou sarcásticas.
Para não parecerem ingênuos,
eles são sarcásticos. Poucas histórias são realmente sensíveis,
vão direto ao ponto sem medo
de ser brega", afirma.
O argumento de "Umbrella
Academy" (www.darkhor
se.com; cerca de R$ 6) é recheado por super-heróis. O que
é uma exceção no trabalho de
Bá, que gira em torno de temas
mais mundanos. "Me preocupam os relacionamentos entre
os personagens. O "Umbrella..."
me interessou porque há muito
mais atenção nesse sentido do
que no fato dos personagens
serem super-heróis."
Barreiras
"The Umbrella Academy" foi
lançado nos EUA em 19 de setembro. A primeira tiragem, de
66 mil exemplares, esgotou-se.
A minissérie não tem previsão de chegar ao Brasil. Por
aqui, há muitos fãs de quadrinhos, mas, segundo Bá, esse
mundo ainda é muito fechado.
"É uma das fraquezas. Uma vez
dentro, você fica confortável.
Quem está de fora vê isso como
coisa de criança, de nerd."
Para Bá, a questão abrange
dois lados: o de quem pertence
e o de quem não pertence ao
mundo dos quadrinhos. "O cara
que faz quadrinhos no Brasil
faz porque ama e tem que se virar para ganhar dinheiro. Aí, faz
uma tirinha, mostra para os
amigos que também fazem tirinhas e não sai muito disso. São
poucos os que tentam quebrar
barreiras, o preconceito de que
quadrinho é coisa de criança."
Do outro lado: "Muitos quadrinhos não são apenas para diversão imediata. Há uma história... É como um livro, um filme,
mas contada em quadrinhos".
E fala da adaptação de "O
Alienista" para HQ: "Falam
"Que prepotência querer adaptar Machado de Assis". Porque é
quadrinho. Se eu fosse cineasta,
não ia ter problema. Porque
respeitam o cinema".
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