São Paulo, sexta-feira, 12 de outubro de 2007

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Brasileiro ilustra HQ de líder de banda emo

Trabalho de Gabriel Bá está em obra do vocalista do My Chemical Romance

Quadrinista diz que sensibilidade diferencia seu traço; "The Umbrella Academy" não tem previsão de lançamento no Brasil

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Há um muro separando o universo dos quadrinhos do universo das outras artes. Gabriel Bá está numa missão para unir esses dois mundos.
Aos 31 anos, Bá é dos mais premiados quadrinistas brasileiros. Ao lado de seu irmão gêmeo, Fábio Moon, ele assina obras como "10 Pãezinhos" (primeira publicação da dupla, que, no final do mês, ganha uma compilação comemorativa de dez anos) e "O Alienista" (adaptação de Machado de Assis). Sem o irmão, Bá é o responsável pelas ilustrações de "The Umbrella Academy", minissérie em seis capítulos escrita por Gerard Way, vocalista da banda My Chemical Romance.
Os Estados Unidos são familiares a Gabriel Bá há algum tempo. As prateleiras daquele país destacam obras como "Meu Coração Não Sei por Quê", "De:Tales" e "Casanova".
Com "Umbrella Academy", esse paulistano está ganhando apostos pop. Em junho, Bá e Moon estamparam página da revista "Entertainment Weekly", numa lista de cem nomes em que se deve prestar atenção. Bá aparece em 48º na lista de "coisas mais quentes" feita pela "Blender" -no caso, por "Umbrella Academy".
O que faz de Gabriel Bá e de seu irmão tão especiais? O que suas histórias e seus traços têm de particular? "A sensibilidade, talvez. Nos EUA, as histórias ou são sombrias, ou sarcásticas. Para não parecerem ingênuos, eles são sarcásticos. Poucas histórias são realmente sensíveis, vão direto ao ponto sem medo de ser brega", afirma.
O argumento de "Umbrella Academy" (www.darkhor se.com; cerca de R$ 6) é recheado por super-heróis. O que é uma exceção no trabalho de Bá, que gira em torno de temas mais mundanos. "Me preocupam os relacionamentos entre os personagens. O "Umbrella..." me interessou porque há muito mais atenção nesse sentido do que no fato dos personagens serem super-heróis."

Barreiras
"The Umbrella Academy" foi lançado nos EUA em 19 de setembro. A primeira tiragem, de 66 mil exemplares, esgotou-se.
A minissérie não tem previsão de chegar ao Brasil. Por aqui, há muitos fãs de quadrinhos, mas, segundo Bá, esse mundo ainda é muito fechado. "É uma das fraquezas. Uma vez dentro, você fica confortável. Quem está de fora vê isso como coisa de criança, de nerd."
Para Bá, a questão abrange dois lados: o de quem pertence e o de quem não pertence ao mundo dos quadrinhos. "O cara que faz quadrinhos no Brasil faz porque ama e tem que se virar para ganhar dinheiro. Aí, faz uma tirinha, mostra para os amigos que também fazem tirinhas e não sai muito disso. São poucos os que tentam quebrar barreiras, o preconceito de que quadrinho é coisa de criança."
Do outro lado: "Muitos quadrinhos não são apenas para diversão imediata. Há uma história... É como um livro, um filme, mas contada em quadrinhos".
E fala da adaptação de "O Alienista" para HQ: "Falam "Que prepotência querer adaptar Machado de Assis". Porque é quadrinho. Se eu fosse cineasta, não ia ter problema. Porque respeitam o cinema".


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