MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DA ILUSTRADA

Mais do que uma rememoração da história dos Titãs, com muita música e vídeos divertidos, o filme de Branco Mello é um convite para o espectador entrar sem crachá num mundo de acesso restrito: as "internas" do grupo.
As imagens nos colocam no palco, nos programas de TV, nos bastidores dos shows, nas gravações, no lugar em que uma canção está sendo composta, no quarto em que estão todos enlouquecidos ou na sala do apartamento de Charles Gavin, onde acontece uma votação para decidir as faixas que vão sobrar do CD "A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana".
Para fãs, isso é muito. Mas, se o filme pede alguma adesão prévia a seu objeto, não é preciso ser um admirador de carteirinha dos rapazes para se divertir. Basta gostar de cultura pop, ter humor (o dos Titãs não é exatamente comum) e alguma curiosidade pelo ambiente "oitentista" em que se formou essa que é uma das melhores bandas de rock do Brasil.
As imagens, quase sempre machucadas pelo tempo, produzem uma textura "suja" e granulada, que reforça o aspecto de documentação íntima e nos remete simultaneamente aos antigos filmes em super-8 e à atual onda de bisbilhotice na internet, em sites de vídeo como o YouTube.
Branco e Oscar Rodrigues Alves, os dois diretores, conseguiram realizar uma boa edição do material, que não parece tão fácil assim de ser selecionado e costurado. Uma linha cronológica conduz tudo, mas há momentos de descontinuidade, com idas e vindas. Esse efeito é explorado, por exemplo, em clipes nos quais uma mesma canção aparece interpretada num mosaico de épocas diferentes.
O som é bom e não há ninguém contando a história em off, apenas legendas que situam algumas cenas no tempo e no espaço. Os momentos de tensão, tristeza e separação estão ali, mas sem pieguice.
É um pedaço da história de uma geração que deixou sua marca na música brasileira.


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