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"Família Soprano" volta em maratona
Canal Warner promete exibir os 86 episódios das seis temporadas da premiada série sobre mafiosos
RODOLFO LUCENA
EDITOR DE INFORMÁTICA
Quem não viu precisa ver.
Quem já viu tem a chance de rever. A partir das 20h de hoje, o
canal Warner transmite uma
maratona de "Família Soprano", a série televisiva que mudou conceitos e iniciou uma
nova era na composição de personagens, levando à tela contradições existenciais, crises de
consciência e choques de vida
que os telespectadores, guardadas as devidas proporções e feitas todas as ressalvas de praxe,
experimentam no seu cotidiano familiar e de trabalho.
Produção original para a
HBO, criada por David Chase, a
série estreou nos Estados Unidos em janeiro de 1999, e suas
seis temporadas, num total de
86 episódios, se desenrolaram
até o ano passado. Acumulou
prêmios e mais prêmios -só de
Emmys, levou três vezes os de
melhor ator e melhor atriz, entre outros; ganhou ainda cinco
Globos de Ouro, para ficar apenas nos mais conhecidos.
Mas o que, afinal, fez dela "o
mais extraordinário e realista
drama familiar na história da
televisão", segundo o "The New
York Times", que também considera a série "viciadora"?
Se "Twin Peaks", de David
Lynch, mudou o mundo televisivo ao levar para a telinha a estética do cinema, no início dos
anos 1990, "Família Soprano",
no final deles, estabeleceu novos parâmetros no que se refere à profundidade psicológica e
à seriedade no tratamento das
pieguices, das maldades e do
heroísmo de seus personagens.
Pois Tony Soprano, o mafioso que é o eixo de toda a trama,
é um pai de família e um trabalhador, um executivo. Tudo
bem que, quando alguém o contesta na vida profissional, uma
das soluções que encontra é
matar o incomodativo a tiros
ou na porrada mesmo, coisa
que não seria de bom tom fora
das telas; mas também enfrenta situações em que precisa, tal
qual cada um de nós, encontrar
soluções negociadas, ser diplomata, aprender a conviver.
Na família, então, essas tensões são elevadas à enésima potência. Ainda que os personagens sejam, como qualquer figura de ficção, estereótipos,
conseguem fugir da mesmice,
do maniqueísmo e, de certa forma, combinando heroísmo e
baixeza, assumem as rédeas de
sua história.
É por isso que, apesar de datada por força das circunstâncias -nas primeiras temporadas, aparecem na introdução as
torres gêmeas, destruídas no 11
de Setembro-, a série mantém-se viva, violenta e forte.
Só espero que a Warner não
estrague tudo isso enchendo a
transmissão de longuíssimos
comerciais -originalmente, as
transmissões na HBO, mesmo
cá no Brasil, foram sem intervalos. E que também respeite a
ordem dos episódios e os horários prometidos.
A intenção do canal, segundo
sua assessoria, é passar todas as
temporadas em seqüência. Se
isso vingar, teremos por quase
dois anos uma boa opção ao
"Fantástico" domingueiro.
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