São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Família Soprano" volta em maratona

Canal Warner promete exibir os 86 episódios das seis temporadas da premiada série sobre mafiosos

RODOLFO LUCENA
EDITOR DE INFORMÁTICA

Quem não viu precisa ver. Quem já viu tem a chance de rever. A partir das 20h de hoje, o canal Warner transmite uma maratona de "Família Soprano", a série televisiva que mudou conceitos e iniciou uma nova era na composição de personagens, levando à tela contradições existenciais, crises de consciência e choques de vida que os telespectadores, guardadas as devidas proporções e feitas todas as ressalvas de praxe, experimentam no seu cotidiano familiar e de trabalho.
Produção original para a HBO, criada por David Chase, a série estreou nos Estados Unidos em janeiro de 1999, e suas seis temporadas, num total de 86 episódios, se desenrolaram até o ano passado. Acumulou prêmios e mais prêmios -só de Emmys, levou três vezes os de melhor ator e melhor atriz, entre outros; ganhou ainda cinco Globos de Ouro, para ficar apenas nos mais conhecidos.
Mas o que, afinal, fez dela "o mais extraordinário e realista drama familiar na história da televisão", segundo o "The New York Times", que também considera a série "viciadora"?
Se "Twin Peaks", de David Lynch, mudou o mundo televisivo ao levar para a telinha a estética do cinema, no início dos anos 1990, "Família Soprano", no final deles, estabeleceu novos parâmetros no que se refere à profundidade psicológica e à seriedade no tratamento das pieguices, das maldades e do heroísmo de seus personagens.
Pois Tony Soprano, o mafioso que é o eixo de toda a trama, é um pai de família e um trabalhador, um executivo. Tudo bem que, quando alguém o contesta na vida profissional, uma das soluções que encontra é matar o incomodativo a tiros ou na porrada mesmo, coisa que não seria de bom tom fora das telas; mas também enfrenta situações em que precisa, tal qual cada um de nós, encontrar soluções negociadas, ser diplomata, aprender a conviver.
Na família, então, essas tensões são elevadas à enésima potência. Ainda que os personagens sejam, como qualquer figura de ficção, estereótipos, conseguem fugir da mesmice, do maniqueísmo e, de certa forma, combinando heroísmo e baixeza, assumem as rédeas de sua história.
É por isso que, apesar de datada por força das circunstâncias -nas primeiras temporadas, aparecem na introdução as torres gêmeas, destruídas no 11 de Setembro-, a série mantém-se viva, violenta e forte.
Só espero que a Warner não estrague tudo isso enchendo a transmissão de longuíssimos comerciais -originalmente, as transmissões na HBO, mesmo cá no Brasil, foram sem intervalos. E que também respeite a ordem dos episódios e os horários prometidos.
A intenção do canal, segundo sua assessoria, é passar todas as temporadas em seqüência. Se isso vingar, teremos por quase dois anos uma boa opção ao "Fantástico" domingueiro.


Texto Anterior: Análise: Geografia cultural une autoras
Próximo Texto: Novelas da semana
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.