São Paulo, domingo, 12 de novembro de 2006

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Crítica

Produções abordam deslocamentos

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em "Náufrago" (Telecine Premium, 19h25), Tom Hanks faz um executivo individualista e bastante avesso às típicas banalidades que vêm no pacote "case e seja feliz". Até parar, por acidente, numa ilha deserta. O tempo nada curto que passará ali, junto com a solidão e ausência de horizonte (existencial, porque o geográfico é belíssimo), farão dele algo mais "humano", sensível às coisas, com direito até a uma leal amizade, com Wilson, uma bola de vôlei.
Descobrir uma nova vida. É uma lógica semelhante ao dos "road movies", em que a viagem se faz reveladora a cada milha percorrida. A diferença é que, aqui, o deslocamento é estanque, único, da euforia urbana para a calmaria insular.
Nisso, o belo "Alexandre" (HBO, 17h), de Oliver Stone, rende uma idéia mais interessante, pois menos romântica e mais trágica, no sentido grego da palavra. Alexandre, o Grande, percorre o mundo em vão, procurando por algo até para ele misterioso. Entre guerra e outra, banhado de sangue, ele vasculha pelas alamedas estrangeiras e só encontra a desolação e o vazio.
Nesse "árido road movie", a descoberta não estará, portanto, nessa longa viagem que lhe consome toda a juventude. A aventura parece mais uma fuga errante de Alexandre, que foge da verdade que estaria na terra pátria. Ou terra madre, pois a revelação estaria no colo da sua mãe, aliás, feita não à toa por uma sensual Angelina Jolie.


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