|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
Produções abordam deslocamentos
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em "Náufrago" (Telecine
Premium, 19h25), Tom Hanks
faz um executivo individualista
e bastante avesso às típicas banalidades que vêm no pacote
"case e seja feliz". Até parar,
por acidente, numa ilha deserta. O tempo nada curto que
passará ali, junto com a solidão
e ausência de horizonte (existencial, porque o geográfico é
belíssimo), farão dele algo mais
"humano", sensível às coisas,
com direito até a uma leal amizade, com Wilson, uma bola de
vôlei.
Descobrir uma nova vida. É
uma lógica semelhante ao dos
"road movies", em que a viagem se faz reveladora a cada
milha percorrida. A diferença é
que, aqui, o deslocamento é estanque, único, da euforia urbana para a calmaria insular.
Nisso, o belo "Alexandre"
(HBO, 17h), de Oliver Stone,
rende uma idéia mais interessante, pois menos romântica e
mais trágica, no sentido grego
da palavra. Alexandre, o Grande, percorre o mundo em vão,
procurando por algo até para
ele misterioso. Entre guerra e
outra, banhado de sangue, ele
vasculha pelas alamedas estrangeiras e só encontra a desolação e o vazio.
Nesse "árido road movie", a
descoberta não estará, portanto, nessa longa viagem que lhe
consome toda a juventude. A
aventura parece mais uma fuga
errante de Alexandre, que foge
da verdade que estaria na terra
pátria. Ou terra madre, pois a
revelação estaria no colo da sua
mãe, aliás, feita não à toa por
uma sensual Angelina Jolie.
Texto Anterior: Bia Abramo: Os milagres do esporte Próximo Texto: Novelas da semana Índice
|