São Paulo, segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

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Que Te Detém?

MIHAI EMINESCU

Olha, a andorinha derradeira
já some - as folhas da nogueira
e, em brumas, os vinhais também:
que te detém, que te detém?

Volta-me aos braços sem demora,
meus olhos querem ver-te agora,
minha cabeça pesa e a anseio
ora em teu seio, ora em teu seio.

Recordas quanto vale e prado
nós percorremos no passado
e que eu te erguia, amiúde assim,
junto de mim, junto de mim?

Mulheres mil há mundo afora
com olhos de onde a chama aflora,
porém nenhuma, tal qual és,
chega a teus pés, chega a teus pés.

Porque nem a melhor me acalma
tanto a aflição, clareia-me a alma,
nem astro algum tem teu fulgor,
meu doce amor, meu doce amor.

O outono chega ao fim e nada,
além de folhas, há na estrada,
nada nos campos, nem ninguém:
que te detém, que te detém?


Tradução de Nelson Ascher

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