São Paulo, quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

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Sociedade Masculina une força e sensibilidade

Grupo formado só por homens é elogiado em Lyon

CRÍTICA DA FOLHA, EM LYON

Três nomes fortes da dança brasileira compunham o repertório de estréia da Cia. Sociedade Masculina na Maison de La Danse de Lyon (França), na última quarta. Com platéia lotada, a companhia paulista, dirigida por Ivonice Satie e Anselmo Zolla, mostrou "Entre o Corpo e o Azul", de Henrique Rodovalho, "Transverso", de Paulo Caldas, e "Laços", de Deborah Colker. Três coreografias de causar impacto, seja pela qualidade técnica dos bailarinos, pela individualidade de cada coreógrafo ou, ainda, pela construção integral das peças, com cenários, iluminação, música e dança compondo um bom retrato contemporâneo da dança do Brasil.
A primeira resposta da crítica foi muito positiva: para François Delétraz, do "Le Figaro Magazine", "a qualidade do espetáculo e da interpretação não deixaram ninguém em dúvida na Maison de La Danse".
O espetáculo começa com uma figura solitária (Jorge Fernandes), afrontando a solidão com movimentos alternadamente sinuosos e diretos sobre um quadrado de luz azul. Com geometrias precisas dos gestos e da luz, em contraponto com o labirinto de acrílico de Leonardo Oliveira, "Entre o Corpo e o Azul" faz e refaz o espaço da dança pela entrada e saída dos oito dançarinos, acentuado pela posição do cenário, que começa no alto da cena e lentamente vai descendo até o chão.
As trilhas de "Entre o Corpo..." e "Transverso" são dirigidas pelo DJ Felipe Venâncio. Das duas, a segunda faz uma associação mais produtiva entre música e dança, ao reforçar com movimento o imaginário sonoro urbano.
O cenário de Felippe Crescenti cria vários planos onde se podem entrever passagens e paisagens de uma grande cidade. Entre sombra e luz, entre a imaginação do tempo e do espaço, visões de homens na cidade aportam memórias de outros gestos. São encontros suaves ou brutos, movimentos rápidos multiplicados entre um corpo e outro, assim como entre as pessoas e as imagens.
A terceira peça é de uma suavidade inesperada para uma obra de Colker. Em "Laços", cinco homens se entrelaçam, unidos pelos braços em muitas configurações, acompanhados pelo sampler de Ricardo Cutz e do violonista Miguel Antunes.
O espetáculo, que começa em tom tão forte, termina assim, suave. O que é masculino e o que é feminino pairam como questão tácita na cena, que só acentua as ambivalências dessas ilusões e dessas verdades em cada um de nós. (IB)

Avaliação: bom

A crítica INÊS BOGÉA viajou à França a convite da Cia. Sociedade Masculina


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