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Sociedade Masculina une força e sensibilidade
Grupo formado só por homens é elogiado em Lyon
CRÍTICA DA FOLHA, EM LYON
Três nomes fortes da
dança brasileira compunham o repertório
de estréia da Cia. Sociedade
Masculina na Maison de La
Danse de Lyon (França), na última quarta. Com platéia lotada, a companhia paulista, dirigida por Ivonice Satie e Anselmo Zolla, mostrou "Entre o
Corpo e o Azul", de Henrique
Rodovalho, "Transverso", de
Paulo Caldas, e "Laços", de Deborah Colker. Três coreografias de causar impacto, seja pela
qualidade técnica dos bailarinos, pela individualidade de cada coreógrafo ou, ainda, pela
construção integral das peças,
com cenários, iluminação, música e dança compondo um
bom retrato contemporâneo da
dança do Brasil.
A primeira resposta da crítica foi muito positiva: para
François Delétraz, do "Le Figaro Magazine", "a qualidade do
espetáculo e da interpretação
não deixaram ninguém em dúvida na Maison de La Danse".
O espetáculo começa com
uma figura solitária (Jorge Fernandes), afrontando a solidão
com movimentos alternadamente sinuosos e diretos sobre
um quadrado de luz azul. Com
geometrias precisas dos gestos
e da luz, em contraponto com o
labirinto de acrílico de Leonardo Oliveira, "Entre o Corpo e o
Azul" faz e refaz o espaço da
dança pela entrada e saída dos
oito dançarinos, acentuado pela posição do cenário, que começa no alto da cena e lentamente vai descendo até o chão.
As trilhas de "Entre o Corpo..." e "Transverso" são dirigidas pelo DJ Felipe Venâncio.
Das duas, a segunda faz uma associação mais produtiva entre
música e dança, ao reforçar
com movimento o imaginário
sonoro urbano.
O cenário de Felippe Crescenti cria vários planos onde se
podem entrever passagens e
paisagens de uma grande cidade. Entre sombra e luz, entre a
imaginação do tempo e do espaço, visões de homens na cidade aportam memórias de outros gestos. São encontros suaves ou brutos, movimentos rápidos multiplicados entre um
corpo e outro, assim como entre as pessoas e as imagens.
A terceira peça é de uma suavidade inesperada para uma
obra de Colker. Em "Laços",
cinco homens se entrelaçam,
unidos pelos braços em muitas
configurações, acompanhados
pelo sampler de Ricardo Cutz e
do violonista Miguel Antunes.
O espetáculo, que começa em
tom tão forte, termina assim,
suave. O que é masculino e o
que é feminino pairam como
questão tácita na cena, que só
acentua as ambivalências dessas ilusões e dessas verdades
em cada um de nós.
(IB)
Avaliação: bom
A crítica INÊS BOGÉA viajou à França a convite
da Cia. Sociedade Masculina
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