São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 2009

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Problema em teatro deixa biblioteca do Museu Lasar Segall sem destino certo

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Está sem destino a biblioteca do Museu Lasar Segall. Desde que o conselho da instituição votou no ano passado pela transferência do acervo de mais de 500 mil livros sobre cinema e artes cênicas para os cuidados da Funarte, não se chegou a um acordo sobre o novo endereço da biblioteca.
A ideia de transferir os volumes para o prédio do Teatro Brasileiro de Comédia, comprado no fim do ano passado pela Funarte, está "descartada", segundo o presidente do órgão, Sérgio Mamberti.
A Funarte analisa agora duas possibilidades: alugar parte da sede do Instituto Cultural Israelita Brasileiro (Icib), no Bom Retiro, para abrigar a biblioteca ou levar o acervo para uma casa ocupada hoje pelo Ministério da Educação no complexo da Funarte, no centro de São Paulo.
"O Celso Frateschi [ex-presidente da Funarte] queria levar a biblioteca para o TBC", lembra Mamberti. "Mas isso demandaria um reforço grande na estrutura do prédio."
Representantes do MEC ouvidos pela Folha negam qualquer negociação com a Funarte, enquanto José do Nascimento Júnior, diretor do Insituto Brasileiro de Museus -órgão do Ministério da Cultura responsável por museus federais, como o Lasar Segall- diz que o MEC estava a par do assunto, mas negou uma possível transferência.
Membros da Funarte e do Lasar Segall já visitaram o prédio do Icib, mas engenheiros ainda não avaliaram se a estrutura do edifício sustenta um acervo desse porte. "Existe o interesse do instituto em ceder o espaço para a biblioteca", diz a diretora do Icib, Marina Sendacz. "Mas isso está em negociação, eles nem fizeram uma proposta concreta."

Crise interna
A saída da biblioteca foi pivô de uma crise no Museu Lasar Segall, que culminou na troca da diretoria no ano passado.
Saiu Denise Grinspum, que dirigiu o museu paulistano por seis anos, e entrou o professor Jorge Schwartz, que tomou posse em agosto de 2008. Schwartz tinha entre suas metas coordenar a mudança da biblioteca e ampliar o espaço expositivo do museu na Vila Mariana -não houve avanço em nenhum desses pontos.
Procurado pela reportagem, Schwartz se recusou a dar entrevista. A diretora da biblioteca, Maria Cecilia Soubhia, que considerou a mudança um "erro" em entrevista no passado, também não falou à reportagem.
Segundo apurou a Folha, a direção do museu tenta restringir a compra de livros e periódicos pela biblioteca, evitando aumentar o acervo.
Caiu para menos da metade o valor antes disponível para a assinatura de jornais e revistas. Recursos para a compra de livros dependem de órgãos externos, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, já que o museu não destinou verbas à compra de novos volumes.
"Nós temos um tempo curto para transferir a biblioteca", afirma Nascimento Júnior. "Quanto mais demorar a transferência, menos tempo teremos para resolver os problemas do museu. Não estamos impondo nada, só alertando para as necessidades."

Colaborou LUCAS NEVES, da Reportagem Local



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