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Problema em teatro deixa biblioteca do Museu Lasar Segall sem destino certo
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Está sem destino a biblioteca do Museu Lasar Segall.
Desde que o conselho da instituição votou no ano passado
pela transferência do acervo
de mais de 500 mil livros sobre cinema e artes cênicas para os cuidados da Funarte, não
se chegou a um acordo sobre o
novo endereço da biblioteca.
A ideia de transferir os volumes para o prédio do Teatro
Brasileiro de Comédia, comprado no fim do ano passado
pela Funarte, está "descartada", segundo o presidente do
órgão, Sérgio Mamberti.
A Funarte analisa agora
duas possibilidades: alugar
parte da sede do Instituto Cultural Israelita Brasileiro
(Icib), no Bom Retiro, para
abrigar a biblioteca ou levar o
acervo para uma casa ocupada
hoje pelo Ministério da Educação no complexo da Funarte, no centro de São Paulo.
"O Celso Frateschi [ex-presidente da Funarte] queria levar a biblioteca para o TBC",
lembra Mamberti. "Mas isso
demandaria um reforço grande na estrutura do prédio."
Representantes do MEC
ouvidos pela Folha negam
qualquer negociação com a
Funarte, enquanto José do
Nascimento Júnior, diretor
do Insituto Brasileiro de Museus -órgão do Ministério da
Cultura responsável por museus federais, como o Lasar
Segall- diz que o MEC estava
a par do assunto, mas negou
uma possível transferência.
Membros da Funarte e do
Lasar Segall já visitaram o
prédio do Icib, mas engenheiros ainda não avaliaram se a
estrutura do edifício sustenta
um acervo desse porte. "Existe o interesse do instituto em
ceder o espaço para a biblioteca", diz a diretora do Icib, Marina Sendacz. "Mas isso está
em negociação, eles nem fizeram uma proposta concreta."
Crise interna
A saída da biblioteca foi pivô
de uma crise no Museu Lasar
Segall, que culminou na troca
da diretoria no ano passado.
Saiu Denise Grinspum, que
dirigiu o museu paulistano
por seis anos, e entrou o professor Jorge Schwartz, que tomou posse em agosto de 2008.
Schwartz tinha entre suas
metas coordenar a mudança
da biblioteca e ampliar o espaço expositivo do museu na Vila Mariana -não houve avanço em nenhum desses pontos.
Procurado pela reportagem, Schwartz se recusou a
dar entrevista. A diretora da
biblioteca, Maria Cecilia Soubhia, que considerou a mudança um "erro" em entrevista no passado, também não falou à reportagem.
Segundo apurou a Folha, a
direção do museu tenta restringir a compra de livros e
periódicos pela biblioteca,
evitando aumentar o acervo.
Caiu para menos da metade
o valor antes disponível para a
assinatura de jornais e revistas. Recursos para a compra
de livros dependem de órgãos
externos, como a Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, já que o
museu não destinou verbas à
compra de novos volumes.
"Nós temos um tempo curto para transferir a biblioteca", afirma Nascimento Júnior. "Quanto mais demorar a
transferência, menos tempo
teremos para resolver os problemas do museu. Não estamos impondo nada, só alertando para as necessidades."
Colaborou LUCAS NEVES, da Reportagem Local
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