Candidato único, Marcos Vilaça foi eleito anteontem e tomará posse no novo cargo na próxima quinta-feira

Entre as prioridades da gestão, estão a divulgação da nova ortografia da língua portuguesa e o centenário de Rachel de Queiroz

CAIO BARRETTO BRISO
DA SUCURSAL DO RIO

Marcos Vilaça não consegue parar. Aos 70 anos de idade, aposentado desde junho após 50 anos de serviço público, o escritor pernambucano tinha tudo para descansar. Mas decidiu voltar à presidência da Academia Brasileira de Letras, posto que já ocupara entre 2006 e 2007. Candidato único, foi eleito anteontem.
Vilaça está cheio de projetos para sua gestão de 2010, renovável por mais um ano. "Vamos tentar, em 2010, atrair os jovens para a Academia e estimular a formação de leitores. Precisamos nos preocupar com os futuros acadêmicos, do contrário, vamos falar, em pouco tempo, para ninguém", disse Vilaça.
Além de realizar conferências, no ano que vem, para lembrar o ano do centenário de morte de Joaquim Nabuco -que foi secretário-geral da casa durante a presidência de Machado de Assis-, e dos centenários de nascimento de Rachel de Queiroz e Noel Rosa, Vilaça pretende divulgar o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
"E também vamos lançar o Baixo Castelo", disse Vilaça, referindo-se à ideia de promover atividades culturais, como teatro, música e dança, no jardim da ABL. O nome é inspirado no Baixo Gávea, região boêmia da zona sul do Rio, e no bairro Castelo, onde fica a Academia.
O escritor se define como um "católico amador", que admira, acima de todos, são Bento. "Ele foi viver no interior de uma grota durante longo período para se aprimorar espiritualmente. Não há como não admirar um homem assim."
A nova diretoria traz um ineditismo. Ana Maria Machado será a primeira mulher a ocupar o cargo de secretária-geral, o mais importante depois de presidente. Completam o quadro os acadêmicos Domício Proença Filho (primeiro-secretário), Luiz Paulo Horta (segundo-secretário) e Murilo Melo Filho (tesoureiro).
A posse será na quinta, dia 17. Na véspera, Cleonice Berardinelli, 93, deverá ser eleita a nova imortal. Especialista em Camões e Fernando Pessoa, Berardinelli é professora da PUC-Rio e da UFRJ. Com 18 livros publicados, ela será a sétima mulher a entrar na ABL.


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