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O coletivo Instituto participa da abertura do 4º Fórum Social Mundial, em Bombaim, na Índia
FÓRUM SOCIAL MUSICAL
ALEXANDRE MATIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
No fim da tarde de ontem, começou o vôo mais ousado do coletivo Instituto em seus dois anos
de existência. Formado pelos produtores Daniel Ganjaman, Rica
Amabis e Tejo Damasceno, o grupo partiu do Aeroporto de Guarulhos rumo a Bombaim, na Índia,
onde será o representante brasileiro na cerimônia de abertura da
quarta edição do Fórum Social
Mundial.
A apresentação acontecerá na
próxima sexta-feira, e a estimativa é que o grupo, única atração
sul-americana da abertura, tocará
diante de um público de 30 mil.
O grupo se apresenta numa
programação que ainda inclui,
além de discursos feitos pelas autoridades presentes na abertura,
apresentações da banda paquistanesa Junoon, que faz rock influenciado pela cultura sufi, e o coletivo
de dança sul-africano Siwela Sonke, capitaneado pelo coreógrafo
Jay Pather.
As apresentações acontecerão
no recém-inaugurado Goregaon
Exhibition Grounds. A cidade de
Bombaim, centro financeiro da
Índia, foi escolhida para sediar o
fórum, que até o ano passado se
realizava em Porto Alegre, por ser
palco de grandes protestos sociais
no país.
Para se ter uma idéia da importância da participação do grupo
no evento, basta assinalar que o
único outro artista brasileiro que
se apresentará no Fórum Social
indiano, só que na festa de encerramento (dia 21), é ninguém menos que o ministro da Cultura Gilberto Gil.
Às cegas
"Estamos indo meio que às cegas, sem muita expectativa", conta o tecladista Ganjaman, que enfatiza a brasilidade no som da
apresentação ensaiada para o
evento na Índia.
"No Brasil, a gente é muito associado ao hip hop, mesmo tendo
trabalhado com gente como a Nação Zumbi, o Flu e o Cidadão Instigado. Não que isso seja ruim,
mas queremos mostrar uma outra cara da banda. Por isso, o novo
show deve ter uma sonoridade
mais raiz, mais instrumental e
mais brasileira".
"Vai ser um show mais eletrônico", completa Rica, que alinha-se
no palco pela primeira vez aos
músicos do grupo para disparar
samples e bases, saindo da discreta mesa de som que se habituou a
pilotar nas apresentações do coletivo. Por ser um grupo de produtores, o Instituto não conta com
uma formação definida, sempre
convidando nomes -novos ou
veteranos- da música pop brasileira para enriquecer sua atmosfera sonora.
Foi assim que eles revelaram para o país nomes como o rapper
Sabotage (morto em 2003), o grupo Záfrica Brasil e o coletivo carioca Quinto Andar (cujos MCs
De Leve, Kamal e Marechal já fizeram parte da formação do grupo).
Ao subir no palco, Rica aproveita para levar músicas de seu disco
solo, "Sambadelic", lançado em
2000, antes da formação do coletivo e considerado uma espécie de
embrião do Instituto.
Entre as releituras, está uma nova versão para "Vozes da Seca",
de Luiz Gonzaga, cuja versão ao
vivo terá a zabumba tocada por
Eder "O" Rocha, do grupo pernambucano Mestre Ambrósio. O
show ainda contará com versões
ao vivo para "Sapo na Banca", do
Záfrica Brasil, "Só Vou Deixar os
Ossos" e "Solaris", do primeiro
disco do grupo, "Coleção Nacional", de 2002.
Outra novidade na formação, é
a presença do MC Funk Buia, do
Záfrica Brasil, apresentando faixas de seu disco solo, que será lançado pelo selo da banda ainda
neste ano. O terceiro elemento do
grupo, o gaúcho Tejo Damasceno, não irá à Índia, por ter escolhido o verão para as férias.
O contato com o Fórum Social
aconteceu por meio de Ricardo
Muniz Fernandes, o curador do
Festival Internacional de Teatro
de São José do Rio Preto, que, informalmente, indicou alguns artistas brasileiros, como o DJ Dolores, Marcelo D2 e o próprio Instituto, para a comissão organizadora do Fórum, que terminou por
escolher o grupo paulistano. Fernandes conheceu o grupo pelo
projeto Paisagem Zero, do qual
também responde pela curadoria.
Além da apresentação no Fórum, o grupo está com dois outros shows marcados na própria
Bombaim, nos dias 18 e 19. Nesta
última data, eles se apresentam
em uma manifestação de rua contra a atuação dos Estados Unidos
nas guerras.
"Mas a gente quer fechar mais
datas lá mesmo", afirma Ganjaman. "Vamos de cabeça aberta,
podemos voltar de lá com parcerias e músicas novas", completa.
Shows no retorno
Na volta, o Instituto aproveita a
escala na França para apresentar-se, dia 22, no Favela Chic, tradicional casa noturna parisiense
voltada para a cultura brasileira.
Retornando ao Brasil no fim de
janeiro, o Instituto já está programando datas para apresentações
no país, trazendo o mesmo show
que fizeram na Índia para os palcos brasileiros.
Quem não quiser esperar, pode
acessar o site do grupo (www.seloinstituto.com), que diponibilizou on-line trechos de ensaios e
entrevistas em vídeo sobre a ida
para o outro lado do mundo.
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