São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

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COLEÇÃO FOLHA

Royal Philharmonic toca "A Sagração"

Próximo disco traz obra do compositor russo Igor Stravinski

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Domingo, na Coleção Folha de Música Clássica, a Royal Philharmonic Orchestra toca uma das obras mais revolucionárias da música no século 20: o balé "A Sagração da Primavera", do russo Igor Stravinski (1882-1971).
A "Sagração" é tida hoje como um dos mais importantes desafios do repertório sinfônico. Poder tocá-la bem é uma espécie de ritual de passagem para as orquestras, que só podem se considerar realmente amadurecidas depois de tê-la enfrentado.
Filho de um dos mais importantes cantores do Teatro Mariinski, de São Petersburgo, Stravinski foi aluno de Rimski-Korsakov. Morou na França, na Suíça e nos EUA e, embora muitas de suas obras refletissem o folclore russo, manteve-se distante de sua terra natal depois da Revolução de 1917, só voltando a visitá-la em 1962. Reverenciado, em vida, como um dos maiores autores do século 20, deixou uma série de gravações em que rege suas próprias obras.
"Eu entrevi um dia, de maneira absolutamente inesperada, pois meu espírito estava ocupado por coisas completamente diferentes, eu entrevi em minha imaginação o espetáculo de um grande rito sacro pagão: os velhos sábios, sentados em círculo, e observando a dança da morte de uma jovem, que eles sacrificaram para que lhes fosse propício o deus da primavera". Assim se referiu Stravinski à inspiração que lhe rendeu sua mais célebre criação, "A Sagração da Primavera" por Diaghilev para a temporada 1912/13 dos Ballets Russes em Paris, e coreografada por Nijinski.
Para inovações gigantescas, um escândalo de proporções equivalentes. 29 de maio de 1913, Paris, Théâtre des Champs-Elysées: desde os primeiros compassos, assobios, vaias e discussões do público marcam a estréia da "Sagração". No ano seguinte, sob a batuta de Pierre Monteux, e sem a coreografia, a música de Stravinski foi finalmente ouvida por uma platéia menos preconceituosa.
A força telúrica da partitura emana de diversos pontos, como a orquestração ousada, a harmonia e o caráter circular dos temas melódicos. Mas a maior inovação vem da frenética assimetria do ritmo: Stravinski manipula o ritmo com inigualáveis destreza e criatividade, criando uma pulsação surpreendente e avassaladora.


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